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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau

► © Lilia Mazurkevich •
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Enrique Dans
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A decisão de fechar o acesso às redes sociais a partir dos computadores da escola, entre as 8h30 e as 13h30, anunciada na terça-feira pelo Ministério da Educação, foi mal acolhida pelos professores de Informática.
"Não estamos num país de censura digital", reagiu ao PÚBLICO Fernanda Ledesma, presidente da Associação Nacional de Professores de Informática, para quem tal interdição vai "limitar o professor na escolha das metodologias e das estratégias a trabalhar com os alunos".
O curioso, segundo Fernanda Ledesma, é que a participação em redes como o Facebook, o Instagram e o Tumblr integra os conteúdos programáticos da disciplina. "O saber ser e estar nas redes sociais e as condições de privacidade no perfil de cada um fazem parte dos conteúdos programáticos. A via correcta nestas questões nunca é proibir, mas educar para", insurge-se aquela responsável.
Sublinhando que o acesso às redes sociais nas escolas se faz sobretudo a partir dos dispositivos móveis que os alunos levam para a escola, como os smartphones, a representante dos professores de Informática diz que o MEC já foi contactado no sentido de rever as normas constantes da circular que foi enviada às escolas.
“Paralelamente” e para “melhorar a qualidade do acesso à Internet”, a DGEEC anunciou às escolas limitações à entrada no Facebook, Tumblr, Instagram e lojas Android e Apple, entre as 08h30 e as 13h30. Nas restantes horas há uma limitação de utilização máxima. Actualizações para o sistema operativo Windows só serão possíveis das 17h às 8h do dia seguinte. O YouTube não terá limitação horária mas fica abrangido por um limite de utilização.
Limitar o acesso ao Facebok e outras redes sociais durante o horário escolar parece-me bem mas já o caso do youtube não me parece nada bem. O youtube está cheio de documentos científicos: documentários, entrevistas, pequenos filmes que relatam experiências, etc. Eu uso-o bastante nas aulas de Psicologia e não só. Para todos os autores e temas que fazem parte do programa é possível encontrar lá o testemunho dos próprios investigadores ou as experiências originais, bem como outros documentos que são muito bons, pedagogicamente, para ilustrar a matéria.Tem imenso material para a estética, para a lógica...
Limitar o youtube seria, no mínimo, estúpido porque, as escolas não têm maneira de aceder aos milhares de documentos que o site tem de outro modo.
A internet, como toda a gente já sabe, não é o vasto universo ao alcance dos nossos cliques anónimos. Cada vez que entro no site do Guardian aparecem-me caixas de publicidade a livros da Amazon de temas que eles sabem que eu gosto porque os pesquiso e compro. O Facebook atira-me com publicidade de sites e revistas de arte, links para sites do Tumbrl e do StumbleUpon que sabem que eu gosto... enfim, perseguem-me pela net com sugestões de artigos semelhantes a outros que pesquiso, vejo e compro online.
Se faço uma pesquisa no Google sobre comida chinesa, por exemplo, é certo e sabido que vou começar a ser bombardeada com sugestões de restaurantes e livros de cozinha chinesa.
O que me chateia nisto não é apenas a falta da privacidade de ser anónima mas, talvez até mais, as consequências de só ver sugestões relacionadas com coisas que gosto e conheço. É muito limitador e perdemos todo o universo de diversidade a que a internet nos pode dar acesso, porque andamos ali sempre à volta das mesmas posições, interesses, pontos de vista, etc. É quase o mesmo que não sair nunca da aldeia e não ver nada de diferente.
Dei-me conta disso depois de assinar a petição do Movimento Para a Restauração do Feriado do 1º de Dezembro. De repente comecei a ser bombardeada com sugestões de páginas de movimentos monárquicos, de links para sites sobre temas e pessoas que defendem a monarquia e os temas monárquicos. Achei interessantes muitas ideias que li e não conhecia o que me levou a pensar que a bisbilhotice dos motores de busca e das coorporações que servem talvez possa ser aproveitada a meu favor. Só preciso de virar o feitiço contra o feiticeiro: ir ao Google e digitar palavras e frases completamente fora do meu perímetro cultural e esperar que me sirvam de bandeja, sites e links sobre assuntos e perspectivas completamente novas e divergentes das minhas, para eu explorar :))
... até sermos todos estrangulados por gente menor, gente sem escrúpulos, sem consciência e de ambição desmedida.
Este assunto da Wikileaks e da Perseguição ao Assenge faz-me lembrar o caso do professor de música que se suicidou por causa do assédio de que era vítima: só houve investigação séria depois de ser público e o Director lá da escola e da Direcção Regional só se interessavam em saber quem é que tinha dado com a língua nos dentes.
Pessoalmente acho que este assunto da Wikileaks representa uma porta de esperança para o mundo, porque mostra claramente que a 'sociedade digital' pode vir a cumprir o papel que de início muitos lhe atribuiam, que é do de permitir aos cidadãos controlarem efectivamente as instituições e governos e denunciarem os seus abusos. Doravante será muito mais difícil manter certo tipo de segredos e, sobretudo, escapar impune, pois a informação corre por canais digitais e é fácil aceder-lhe. Ainda bem que assim é. É assim que sabemos agora quem são os governos metidos em narcotráfico, quem são os governos que compactuam com torturadores, quem são os países que têm presidentes ladrões de bancos, quem são os países que subornam instituições internacionais, etc.
Por exemplo, seria impensável, noutra eras, a iraniana condenada a lapidação estar ainda viva. Seria ainda mais impensável haver oposição dentro do próprio país, neste caso o Irão. A internet não só permite aos que estão de fora ver o que se passa dentro dos outros países, como também permite a quem lá está dentro, ver com os olhos de quem está de fora, e isso é o primeiro passo para a libertação da mente. Veja-se como a China se começou a abrir na era digital e como cada vez mais os chineses são pressionados para acabar com a censura do google, etc. Por isto, o que me parece é que os EUA estão a lidar com o assunto de modo desajustado, com medidas de outras conjunturas. Um pouco como os nossos sindicatos que ao quererem opôr-se às medidas económicas 'assassinas' do governo falam em ofensiva do capital e fazem greves. Estão desajustados na linguagem e nas estratégias.
Expresso
| Anick Jesdanun, Associated Press (Tradução de Aida Macedo) 13:30 Quarta-feira, 2 de Set de 2009 |

Quando Berners-Lee, que trabalhava no Centro Europeu de Investigação Nuclear, em Genebra, Suíça, inventou a Web em 1990, pôde disponibilizá-la para o mundo sem ter de pedir autorização ou de enfrentar os sistemas de segurança que hoje tratam como suspeitos certos tipos de tráfego da Internet.
Mesmo o fluxo livre de pornografia levou a inovações nos sistemas de pagamento por cartão de crédito na Internet, no vídeo online e noutras tecnologias utilizadas por toda a gente.
"Permitam esse acesso aberto e um milhar de flores desabrocharão", disse Kleinrock, professor na UCLA desde 1963. "Uma coisa sobre a Internet que podemos prever é que iremos ficar surpreendidos por aplicações que não esperávamos".
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