Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Entre os arguidos estão Armando Vara, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e antigo ministro socialista, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, João Perna, antigo motorista de Sócrates, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ex-administradores da PT, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.
Se vivêssemos no melhor dos mundos possíveis o inquérito tinha sido feito em três meses; por outro lado, se vivêssemos no melhor dos mundos possíveis nenhum político ia para os cargos para enriquecer fraudulentamente, não havia políticos corruptos nem corruptores. Todos queríamos o melhor dos mundos possíveis mas não é lá que vivemos.
Quem olha para os nomes dos arguidos supra-citados percebe que a escala dos crimes é um pequeno Himalaia. Um verdeiro, who's who da elite política e financeira do rectângulo [e só estão aqui os arguidos, não estão aqui referidos todos os que se aproveitaram destes para governarem - os amigos, os camaradas políticos que estão no governo actual ou hão-de estar no próximo e os outros por aí espalhados por empresas, administração pública, etc...]. O homem aproveitou os anos no poder para tecer uma rede de cúmplices em postos-chave da República. Deixou tantas metásteses espalhadas numa rede camuflada que agora é difícil desfazer. Esse é um dos grandes problemas de se ter no poder este tipo de gente: é que não é só o que eles fazem, é o lastro que lá deixam que são as pessoas que eles levam para lá e que ficam lá muito depois de eles saírem [como acontecerá tragicamente com o Trump nos EUA], todas de boca calada a ver se passam despercebidas, elas e as riquezas que acumularam.
Este é o grande perigo de deixar estas pessoas ficarem nos cargos e aumentarem o seu poder. É o lastro de decomposição que deixam para os outros gerir. E é claro que quanto mais alto sobem [porque este fenómenos também o vemos nos pequenos cargos só que não fazem tanto mal a tanta gente ao mesmo tempo de modo que são desprezados] e mais tempo lá ficam mais se refinam na arte de esconder, simular, perverter, corromper, etc.
Se queríamos que o inquérito fosse mais expedito? Pois queríamos. No entanto, preferimos que se descubra tudo o que há a descobrir, o que leva tempo, porque é preciso desfazer muitos nós apertados, descobrir muita carga deixada no fundo do mar para recolher mais tarde, ultrapassar muitas chaves-inglesas atiradas para a engrenagem.
"L'Eglise nourrit les inégalités entre les hommes et les femmes" l'Express, 16-01-2014
Saiu hoje, em França, um estudo de 400 páginas das autoras Maud Amandier et Alice Chablis, sobre a Igreja e a igualdade dos sexos, publicado pela editora Bayard. Não surpreende que, antes de sair, já fosse alvo de ataques.
Entrevista:
Como nasceu a ideia deste livro?
O ponto de partida foi o desejo de recolher a palavra das mulheres católicas, cristãs 'de base' mas também religiosas, sobre a percepção que têm do seu lugar dentro da Igreja. Ficou claro que todas sofriam de uma falta de estatuto e reconhecimento quanto ao seu envolvimento: elas fazem todo o trabalho mas o poder permanece nas mãos dos homens, da mesma maneira que a liderança das empresas é ainda uma questão maioritariamente masculina. Quisemos então compreender em que se fundamenta esta desigualdade de tratamento entre homens e mulheres católicas, apesar do progresso da sociedade nessa questão.
Como procederam para realizar o vosso inquérito?
Estudámos os textos que fundam a fé católica e são acessíveis a todos: as encíclicas, o direito canónico, o catecismo oficial... Trata-se de um trabalho de análise aprofundada de textos que foi aplaudida por vários universitários e que permite compreender sobre que se funda a imagem das mulheres. Percebeu-se que esses textos são muito androcêntricos. Associam-se às mulheres termos como, 'discrição', 'submissão', 'serviço' e 'silêncio'. A palavra das mulheres é confiscada, assim como o seu corpo é controlado pela Igreja. Maria, ela própria, quase não tem lugar nos Evangelhos, embora seja omnipresente na fé católica. É tanto mais paradoxal quanto Jesus não diferencia as pessoas em função do seu sexo. Ele dirige-se às mulheres como aos homens e não tem a obsessão do casamento ou da virgindade! Ele diz, 'ponham-se ao serviço uns dos outros' mas, ao fazê-lo, não faz distinção entre as mulheres e os homens. Com Jesus o princípio da igualdade entre as mulheres e os homens funciona.
Antes mesmo do vosso livro aparecer já eram vítimas de ataques violentos na imprensa. Acusam-vos de 'machismo invertido', de manipular os textos...
Já estávamos à espera dessas reacções pois as questões que abordamos são interditas na instituição católica. Mas, mesmo sabendo disso, estamos chocadas por constatar que a busca de igualdade entre os homens e as mulheres seja percebida como uma agressão aos homens. Não estamos a pedir o poder para as mulheres, pedidmos que os trabalhos e as responsabilidades sejam partilhados entre os homens e as mulheres.
Porque assinaram o livro sob pseudónimo?
Já estávamos a trabalhar neste projecto na altura das manifestações contra o casamento para todos e constatámos a violência dos comentários feitos nas redes sociais por opositores ao projecto-lei. Independentemente do que se diz aqui e ali, não nos escondemos mas, temos famílias e não queremos expô-las.
Não têm medo que o vosso livro seja apercebido como um ataque à instituição católica?
Isso seria uma pena pois não é esse o nosso objectivo. Com este livro queremos compreender porque é que a Igreja ainda é, nos dias de hoje, a matriz de muitos estereótipos que alimentam as discriminações na nossa sociedade, muito para lá dos 2 a 3% de católicos. O nosso fim é construtivo, queremos abrir o debate, não fechá-lo.
(um site na internet foi lançado por ocasião da saída deste livro: www.ledeni.net)
Não admira que a Igreja católica todos os anos perca uns milhares de fiéis, se metade deles são mulheres e são tratadas como adereços reprodutores... continuem assim até serem uma seita de homens velhos... é absolutamente incompreensível a discriminação ofensiva das mulheres por parte duma instituição que prega o bem, a dignidade do ser humano (ou será apenas do homem/macho?), a tolerância, o amor e outras coisas do género...
O director regional de Educação de Lisboa espera que o inquérito instaurado numa escola de Fitares esclareça o caso de um professor que se suicidou e que era alegadamente gozado pelos alunos, mas sublinhou que o docente tinha uma "fragilidade psicológica" há muito tempo. DN
O docente tinha uma 'fragilidade psicológica'! Pudera! Abusam do indivíduo, batem-lhe, chamam-lhe cão, ignoram as queiixas, ignoram-no de tal modo que já não interage com a escola - vai para o carro à espera do toque...
Agora parece que ninguém viu nada, ninguém sabia de nada e a turma nunca fez nada.
O homem mata-se e deixa uma nota a dizer que já não aguenta a turma e, implicitamente, a escola que não o ajudou a libertar-se do que refere como 'o destino de ter que sofrer' às mãos de alunos que o deixam 'fora dele', mas está tudo indignado e 'nada se passava'.
É para que se veja como estas coisas são: até mesmo num caso extremo destes em que há testemunhas, psicólogo a acompanhar, nota de suicídio esclarecedora e tudo, os pais juram a pé juntos que 'as crianças', como lhes chamou hoje a ministra, são inocentes e incapazes de mal.
Agora imagine-se nos casos do quotidiano que não vêm a público.
A horrível ministra anterior e os seus seguidores (e o primeiro ministro) têm uma grande responsabilidade na situação a que se chegou relativamente à indisciplina e à violência nas escolas.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.