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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
“O aumento de exportações portuguesas já está a criar resistências em alguns mercados” - PÚBLICO
As regras do comércio mundial estão a ser redesenhadas e “desta vez” Portugal tem de garantir que os seus interesses “são acautelados”. O secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, defende que a reforma da política comercial portuguesa é essencial para garantir o futuro económico do país e o aumento sustentado das exportações. Além do acordo comercial com os Estados Unidos (TTIP), Portugal tem de garantir que a Europa também assina acordos com mercados estratégicos em África e na América Latina.
O estudo é essencialmente uma simulação feita em computador com todas as trocas globais de comércio. Introduzimos as modificações que o acordo vai causar e vemos os resultados.
...há sectores vulneráveis sobretudo no sector agrícola e agro-industrial, produtos transformados, como tomate e laranja, porque a escala nos Estados Unidos é completamente diferente. Cinco fábricas na Califórnia produzem tanto, quanto os cinco países europeus que produzem concentrado de tomate. Temos de garantir que há mecanismos de transição e de atenuação do choque, mas é evidente e não vale a pena esconde-lo, há sectores vulneráveis na economia portuguesa.
É um tema difícil porque, como acontece em muitos casos neste acordo, há duas filosofias diferentes dos dois lados do Atlântico. A Europa sempre viveu com indicações geográficas e denominações de origem, mas para os Estados Unidos o conceito é mais o de copyright e de marca, que é um conceito inteiramente diferente, ligado a empresas e não a regiões. Temos de encontrar um ponto intermédio, sobretudo um ponto que defenda os interesses dos produtos portugueses e que impeça que a sua qualidade e que aquilo que os distingue se perca. É preciso, por exemplo, garantir que o consumidor, quer nos Estados Unidos, quer na Europa, saiba, sempre, se se trata de um Porto feito em Portugal, ou se tem outra origem.
Se a Europa negociar a nosso favor, se pudermos continuar a exportar para Angola, se garantirem absoluta reciprocidade, se a Europa garantir mecanismos que atenuem o choque, se a Europa garantir que as marcas portuguesas não vão passar a poder ser 'made in usa', se não chover no dia das negociações e se mais isto e aquilo... então talvez a nossa indústria do tomate não vá para o buraco acompanhada da laranja, do vinho e de toda a agricultura e do próprio país, como aconteceu quando entrámos para a UE e eles esmagaram as nossas empresas (porque mesmos as nossas grandes quando comparadas com as gigantes americanas são pouca coisa...)?
Talvez venhamos a ganhar alguma coisa se isto tudo correr perfeitamente a nosso favor? Mesmos os factores arbitrários?
Alguém me explique estes raciocínios como se tivesse três anos porque isto parecem-me as contas do futebol na altura dos grandes campeonatos que nunca nos levam a nenhum título e só beneficiam meia dúzia de jogadores que passam a ganhar uma fortuna à conta de milhares e milhares de outros ganharem uma miséria...
Há muitas razões para duvidar e uma só para crer.
(Carlos Drummond de Andrade)
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