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Uma hipótese

por beatriz j a, em 16.01.11

 

 

 

A racionalidade do iluminismo trazia em si o germe da sua destruição?

O racionalismo da ciência galilaica e do séculos das luzes, ao delimitar o campo do que pode ser investigado (do que é científico), foi apertando o seu escopo até o reduzir ao espectro das produções do método científico. Ao fazê-lo criou uma fronteira artificial entre diversos campos da realidade que compartimentou com etiquetas de exclusão mútua: certas questões estariam fora do campo da ciência (como a literatura, a arte, a psicologia, a filosofia, etc.) por não serem passíveis de se sujeitarem ao método científico - matemático/experimental. Ora, a ciência, como se sabe, é mecânica no seu funcionamento e desde sempre foi buscar o alimento para a imaginação (que é o que a faz avançar) a campos exteriores. A partir do momento em que se impediu de o fazer retirou a si própria a autonomia que o iluminismo lhe destinava. Os 'homens da ciência' não são mais autónomos, são 'escravos' do método científico e das suas limitações e perpetuam este estado de confinamento às gerações futuras. A racionalidade, enquanto instrumento de autonomia tornou-se instrumento da limitação e dogmatismo que combateu para se afirmar.

É preciso, hoje em dia, deitar abaixo essas falsas fronteiras, reconhecer várias dimensões de cientificidade e, sobretudo, reconhecer a possibilidade de interacção entre corpos sistemáticos de diferentes campos, acho.

 

publicado às 15:46


ler kant hoje

por beatriz j a, em 26.09.09

 

 

 

 

Uma resposta à questão: 'o que é o Iluminismo?'

 

"O iluminismo é a emergência do homem da sua auto-infligida imaturidade. Imaturidade é a incapacidade de usar o seu próprio entendimento sem a orientação de outrém. Assim, a imaturidade é auto-infligida, se a sua causa não é a falta de entendimento, mas a falta de vontade e coragem em usá-lo sem a orientação de outrém. Por isso, o lema do iluminismo é: Sapere aude! (Ousa saber!). Tem a coragem de usar o teu próprio entendimento!

Lassidão e cobardia são as razões pelas quais uma grande percentagem de homens, mesmo quando a natureza os emancipou há muito da orientação de estranhos (os maiores de idade) continuam, no entanto, a permanecer alegremente imaturos durante toda a vida. Por essa mesma razão, é por demais fácil a outros tornarem-se seus guardiões.

É tão conveniente ser imaturo! Se tenho um livro que perceba por mim, um conselheiro espiritual que tenha consciência por mim, um médico que julgue a minha dieta por mim, e por aí fora, não tenho que fazer nhenhum esforço.

Os guardiões, que chamaram a si a tarefa da supervisão, rapidamente arranjam maneira de tornar, não só difícil mas altamente perigoso para a maior parte da humanidade atingir a maioridade.

 

(...) Dogmas e fórmulas, esses instrumentos mecânicos para uso (ou antes mau uso) racional dos seus atributos naturais são os grilhões da sua permanente imaturidade. E, se alguém os libertasse dos grilhões, ainda assim hesitariam em saltar da mais apertada trincheira, de tal modo estão desacostumados a movimentarem-se livremente.

 

(...) Uma revolução pode pôr fim ao despotismo autocrático e à opressão, mas nunca produzirá uma verdadeira reforma na maneira de pensar. Em vez disso, novos preconceitos à maneira dos antigos que substituem, servirão de chicote no controlo das grandes massa.

Para que haja iluminismo, a única coisa necessária é a liberdade."

 

 

À qual se acrescenta a educação. Liberdade e educação. Educação para a liberdade, para a autonomia. Liberdade para que a educação seja possível. Liberdade e educação. Não há outra maneira.

 

 

publicado às 12:12


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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