Tal como em 2013, o primeiro-ministro quer chegar ao final deste ano com um défice muito abaixo do acordado com a troika. Em 2014, em vez de 4% o Governo quer 1,9% do PIB. Mas para lá chegar, a austeridade terá de continuar.
Aquando da queda da Índia portuguesa Salazar exigiu às forças portuguesas comandadas por Vassalo e Silva, em Goa, o ""sacrifico total" e quis que aguentassem, sem meios, durante uma semana, numa desproporção de dez para um".
Claro que foi fácil, para quem estava a milhares de quilómetros de Goa e, não tinha que sujeitar-se ao 'sacrífico total', pedir aos outros que o fizessem por si para poder gabar-se dos portugueses terem morrido de pé... só que Vassalo e Silva percebeu muito bem que essa seria uma morte estúpida e inútil e não uma morte honrada e recusou-se (no que Salazar nunca lhe perdoou essa rebelião à obediência canina e castigou-o hipocritamente, como é próprio dos ditadores).
Pedro Passos Coelho quer o mesmo que Salazar queria: quer o sacrifício total dos portugueses para poder ir gabar-se pessoalmente em Bruxelas que os portugueses aguentam tudo de pé... também a ele, que vive nessa bolha da vida dos privilégios e favores em que se tornou a política, é-lhe fácil pedir aos outros que 'morram' pelo seu ideal pessoal.
Sim porque, se neste caso não se trata de uma morte física em frente a canhões, não deixa de ser uma morte, uma vida na pobreza, na privação, na impossibilidade de poder tirar um curso, ter um trabalho, ter uma casa própria, poder constituir família, ter acesso à cultura e aos bens mais básicos, etc. E, tal como no caso da Índia portuguesa, também esta é uma morte, escusada, estúpida e sem honra só para melhorar o
curriculum pessoal do primeiro ministro...
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(A ministra das Finanças sublinhou ainda que, apesar de estar prevista a transformação de cortes temporários em permanentes)
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Nós somos os Vassalos e Silva, a carne para canhão deste governo...