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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Fui dar uma volta pelos sites das universidades à procura de uma pós-graduação, uma formação interessante para fazer [queria fazer uma formação na ontologia. interessa-me muito o problema do movimento] e acabei por dar-me conta do marasmo em que estão os cursos de filosofia, que andei a pesquisar com mais cuidado e, os de humanidades em geral. Os cursos tem meia dúzia de professores para dar todas as cadeiras de todos os anos mais as de mestrado e ainda para orientar doutoramentos. A minha universidade que é a Nova, tem um só professor catedrático no curso... Em todas as universidades há professores que dão tudo quanto é cadeira... andei quase duas horas a bisbilhotar cursos e universidades e ofertas de formação. Muito pouca coisa pensada para quem tem um horário de trabalho e tudo um bocado, mais do mesmo. Vou pesquisar universidades estrangeiras. Pode ser que tenham formação interessante em formato e-learning.
White Peony 2014 by Katinka Matson
Click to Expand | www.katinkamatson.com
THE 2014 EDGE QUESTION . . .
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Science advances by discovering new things and developing new ideas. Few truly new ideas are developed without abandoning old ones first. As theoretical physicist Max Planck (1858-1947) noted, "A new scientific truth does not triumph by convincing its opponents and making them see the light, but rather because its opponents eventually die, and a new generation grows up that is familiar with it." In other words, science advances by a series of funerals. Why wait that long?
WHAT SCIENTIFIC IDEA IS READY FOR RETIREMENT?
Ideas change, and the times we live in change. Perhaps the biggest change today is the rate of change. What established scientific idea is ready to be moved aside so that science can advance?
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A diferença que a literatura, neste caso a russa, está a ter, nas vidas dos jovens de um estabelecimento prisional. As técnicas podem dar-nos os instrumentos para ganhar a vida mas são as humanidades quem nos dá os instrumentos para vivê-la com sentido e consciência.
Uma história muito interessante de como 'o existencialismo é um humanismo' aqui
How to welcome and nurture the poets and painters of the future
“To have great poets,” as Whitman said, “there must be great audiences too.” The matrix of culture will become impoverished if there are not enough gifted artists and thinkers produced: and since universities are the main nurseries for all the professions, they cannot neglect the professions of art and reflection.
... que não florescem em ambientes hostis. A importância do ensino das Humanidades e da disponibilidade para aceitar e apoiar estudantes que não correspondem ao actual perfil de sucesso: querer ser líder, ser extrovertido, dar nas vistas, seguir um curso científico, etc.
Quem é que, amanhã, apoiará e sustentará a cultura de um país senão os que hoje estudam? E, se são educados no desconhecimento ou, pior, no desprezo da cultura, das humanidades, como entenderão a importância de as preservar? (Não temos nós exemplos tão dramáticos entre os governantes do nosso passado recente de pessoas que não entendem e, por isso descuram, a cultura e as artes?) Como diz Whitam, para que haja grandes poetas é necessário haver também grandes audiências.
O que sobrevive às civilizações concretas é a sua cultura, os seus filósofos, os poetas, os artistas. Não as pedras, mas as ideias que as possibilitaram. Na Universidade de Harvard querem forjar os criadores duma grande escola de Filosofia, Poesia, Literatura, etc., que possa tornar os EUA transcendentes no tempo, muito depois do declínio da sua civilização, à maneira da Grécia e de Roma: através da perenidade das suas ideias e artes.
O que noto é que, enquanto uns países trabalham para forjar um contexto que permita o crescimento e enriquecimento da sua cultura, outros trabalham para a destruir, defendo explicitamente a inutlidade de todo o ensino não científico, a necessidade de reduzir todo o ensino a uma grelha matemática e todo o estudante a um caso de sucesso.
Literature is not data (Stephen Marche)
The implications of literature as resistance to data extend well beyond the mostly irrelevant little preserve of literature and literary analysis. Algorithms are inherently fascistic, because they give the comforting illusion of an alterity to human affairs. “You don’t like this music? The algorithms have worked it out” is not so far from “You don’t like this law? It works objectively.” Algorithms have replaced laws of human nature, the vital distinction being that nobody can read them. They describe human meanings but are meaningless.
Which is why algorithms, exactly like fascism, work perfectly, with a sense of seemingly unstoppable inevitability, right up until the point they don’t. During the Flash Crash of May 6, 2010, the Dow Jones lost nine percent of its value in five minutes. More recently, Knight Capital lost 440 million dollars at a rate of about 10 million dollars a minute due to what it called “a rogue algorithm.” Algorithms cannot, of course, be rogue. But rogue is the term we have invented for algorithms that don’t do what they’re supposed to, which is as much as to say that their creators don’t comprehend what they’re doing. Before that 440 million dollar loss, Knight Capital had used science to identify a functional law of the marketplace. They had engineered an end to the fundamental human condition of risk. They had not, 45 minutes later. As Borges also wrote, “There is no exercise of the intellect which is not, in the final analysis, useless.” This same futility, it should be remembered, haunts mathematical modeling as much as literary contextualization.
DN
por Anselmo Borges 12 Setembro 2009
Se a compreensão do Português for frágil, não há razão para espanto no desastre a Matemática
A palavra escola vem do grego scholê, que significa ócio. Não se trata, porém, do ócio da preguiça, mas do tempo livre para o exercício da liberdade do cidadão enquanto homem livre, tendo, portanto, a escola de ser o lugar e a instituição da formação para o ser Homem pleno e íntegro.
Há aquele preceito paradoxal de Píndaro: "Homem, torna-te no que és". Então, o Homem já é e tem de tornar-se no que é? Realmente, quando se compara o Homem e os outros animais, constata-se que os outros já vêm ao mundo feitos enquanto o Homem nasce prematuro, por fazer e tendo de fazer-se: devido ao que os biólogos chamam a neotenia, já nasce Homem, mas tem de fazer-se plenamente humano. E aí está a razão da educação enquanto o trabalho mais humano e humanizador, de tal modo que Fernando Savater pode justamente considerar os professores como "a corporação mais necessária, mais esforçada e generosa, mais civilizadora de quantos trabalham para satisfazer as exigências de um Estado democrático". Porque o que é próprio do Homem não é tanto aprender como "aprender de outros homens, ser ensinado por eles".
Savater também escreve, com razão, que "a principal disciplina que os homens ensinam uns aos outros é em que consiste ser Homem". Por isso, o horizonte da escola tem de ser o Homem na sua humanidade plena, o humanismo integral. Não se justifica aquela abusada separação entre ciências e humanidades.(...)
Compreende-se, pois, que da educação faça parte tanto o Português como a Matemática.
Completamente de acordo. À luz do que aqui é dito, a frase de Sócrates, no debate com a MFL, acerca do ataque aos professores ter sido feito para salvaguardar o interesse dos portugueses, ainda expõe com maior clareza a ignorância que o nosso (ainda) primeiro ministro tem relativamente à função e à finalidade do trabalho dos professores e da educação em geral.
Tanto ele como a ministra da educação mostraram estar completamente a leste duma visão da educação ao serviço da formação do homem integral, como único modo de permitir um sentido positivo à evolução da(s) sociedade(s), sem o qual estaremos «destinados» a regressões constantes, com os custos que a História nos mostra elas terem.
E essa educação integral, sem as falsas antinomias entre ciências e humanidades, não é uma utopia nem uma visão romântica da educação. É uma possibilidade visível, desejável e viável, só que sai fora das pseudo-pedagogias modernaças e requer investimento.
O problema é que, o investimento é para os amigos; as pedagogias estão materializadas em 'tachos', também para os amigos.
V. S. Naipaul, prémio Nobel da literatura, esteve ontem na Gulbenkian onde leu um excerto do seu livro The Enigma od Arrival (1987). Um livro que fala da importância de restaurar o olhar original, despojado das vestes da cultura, da ideologia e do resto que enforma a visão educada.
O auditório 2 da Gulbenkian não chegou a encher completamente. A média de idade do público devia andar nos quarenta/cinquenta anos. Quase ninguém naquela faixa etária dos estudantes universitários. Dos poucos que estavam, pelo menos quatro saíram passado pouco tempo de Naipaul começar a leitura.
Dá que pensar.
Este é um país onde pouca coisa se passa, culturalmente falando. A Gulbenkian é uma das poucas, se não a única instituição que ainda organiza eventos culturais diversificados, de qualidade, gratuitos e abertos à comunidade; pois convida um escritor premiado e são meia dúzia, por assim dizer, as pessoas que se interessam em ir ouvi-lo.
E isto em Lisboa!
Pergunto a mim mesma se não estamos já a viver as consequências de tantos anos de ataque à educação das humanidades? Tantos anos de desprezo e depreciação das áreas de humanidades, nas escolas e nas universidades?
Ouvimos constantemente queixas sobre os portugueses não serem um povo culto, mas, pergunto eu, como se pode querer que um povo cresça, se se pretende reduzir o seu alimento ao essencial material? Como se pode incentivar a educação do povo quando, paralelamente, se tenta convencer, esse mesmo povo, que estudar é uma chatice e que só interessa o que dá prazer? Que só interessa aprender aquilo que se vai utilizar na profissão? Que ter uma educação superior é uma coisa que não acrescenta nada a ninguém, a não ser que se estude informática ou qualquer coisa do género?
Como é que é possível que a principal estação de televisão do estado só dê programas medíocres que alimentam a ignorância, a cupidez, a inveja, a mediocridade, enfim?
Na verdade, neste país, não se investe nas pessoas.
Quem trabalha com alunos sabe que cada vez é mais difícil conseguir ultrapassar os obstáculos que os iluminados do poder inventam para lhes dificultar o caminho, a pretexto de lhes facilitar a vida.
Hoje em dia, um aluno sem dinheiro mas com qualidade interior que queira progredir nos seus conhecimentos e aceder a uma formação superior, não só tem que ser muitíssimo bom mas também tem que ter muita sorte.
Para o professor, que trabalha de perto com esses alunos e reconhece o seu potencial (muitas vezes nem os pais se apercebem porque lhes falta a formação para tal) é revoltante ver que fora das escolas ninguém parece importar-se com isso.
É revoltante porque podia não ser assim. Se este desgoverno e descontrolo na educação não andasse há anos a estragar o que havia de bom nas escolas e a fortalecer o que havia de negativo, as coisas seriam hoje bem diferentes.
Hoje em dia sabe-se muito sobre o que resulta e o que não resulta na educação. Há muita documentação sobre o assunto. Não era difícil, senão aplicar o que resulta, pelo menos não implementar o que todos sabemos não resultar.
Mas é claro que para que isso se fizesse seria necessário que as próprias pessoas que vomitam leis e decretos e memorandos e quejandos, soubessem sobre o assunto em questão. E não falo de saberes que decorrem daqueles mestrados que estão agora na moda acerca de temas do género Será que no ano passado choveu mais à quinta que à sexta?
Pois é, que apenas pessoas de um tempo em que não era vergonha nem heroísmo tirar um curso de humanidades tenham tido interesse em ir ouvir o que tem a dizer o escritor que ganhou o prémio Nobel da literatura, diz muito sobre o interesse que neste país se dá à educação/formação da pessoa.
Os conhecimentos florescem num contexto cultural que os induz - ou não florescem pura e simplesmente.
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