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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
...que faz marchas contra o terror, discursos de apelo à paz e condena os terroristas enquanto lhes vende armas e os condecora com medalhas que se reservam aos de honra. Sophie Marceau recusou a Legião de Honra concedida por Hollande, pela razão dele ter atribuido a mesma medalha ao princípe saudita Mohammed ben Nayef e, muito justamente, não querer estar no mesmo saco que o representante de um dos piores países do mundo no que respeita à violação dos Direitos Humanos. Esta Europa hipócrita e decadente.
Na segunda-feira passada Putin deu uma entrevista à RTS suíça (no vídeo abaixo). Como sempre, os jornais, que só vêem bola, só se interessaram por uma frase que ele disse sobre Blatter para chatear os EUA. O que é pena.
Em primeiro lugar ele sente-se numa posição de superioridade relativamente há um ano ou dois e, em grande parte, isso deve-se à crise que divide a Europa e que está a fazer mover, nas suas palavras, placas tectónicas nacionalistas.
A Europa, em vez de unir-se contra o avanço do EI e para resolver o problema da migração em massa dos que fogem à guerra (que ele faz questão de dizer, com razão, que é um problema que os EUA criaram e quem está pagar por ele são os europeus) está entretida numa luta de poder interno. Em vez de reduzir os nacionalismos acicata-os para tirar dividendos de poder. A Inglaterra já está com um pé de fora... e o Hollande a tentar estilhaçar o que já está fraco mas ainda não quebrado.
Putin sorri porque quanto mais a Europa enfraquece, interna e externamente, mais ele se fortalece, interna e externamente. A imprudência da Merkele ter dito que ele estava maluco é outra coisa que não se percebe. A arrogância com que tratam tudo e todos, mesmo os que são perigosos faz pensar em quem é que é louco...
Desde que os EUA abandonaram, unilateralmente, o acordo anti-mísseis balísticos para prosseguirem interesses próprios, abriram mão do equilibrio de forças que existia e, isso deu-lhe a ele legitimidade para também lutar pelos seus... é assim que ele vê a relação de forças e é evidente que se pensa numa posição moral superior nesse aspecto.
Hilary Clinton disse há pouco, a propósito do acordo dos EUA com o Irão que os EUA não confiam no Irão. A questão que ela não parece ver é que grande parte do mundo não confia nos EUA.
Os EUA são uma democracia para dentro mas não para fora. Têm tido um papel devastador, com poucos interregnos, no mundo: instabilizaram durante décadas a América Latina, depois os Estados do Médio Oriente com petróleo, fomentaram golpes de Estado, guerras... nos anos do Bush praticaram o rapto, o assassinato indiscriminado, a prisão indiscriminada e arbitrária, a tortura... e agora, Obama quer recuperar o papel de justiceiro moral do mundo passando uma esponja por cima de tudo o que foi feito. Os EUA passeiam-se pelo mundo a mandar prender pessoas como se o mundo fosse seu.
Putin vê-se como um defensor do resto do mundo contra a desmesurada força e falta de ética americanas dos últimos 50 anos ou assim. Obama, a NATO e Merkele falharam redondamente na abordagem dos problemas a Leste e isso custou à Ucrânia, a Crimeia e uma guerra civil.
Putin tem feito demonstrações de força militar na Europa (russia-s-putin-takes-swipe-at-u-s-in-victory-day) , tem violado o espaço dos países fronteiriços, que é uma maneira muito clara de dizer que, se a Europa quer estar completamente dependente dos EUA, que esteja, mas eles não estão dispostos a ser uma alínea nos interesses americanos. [Putin lamenta falta de «independência» da Europa face a Washington]
A Europa está numa encruzilhada perigosa e em risco de se ver numa situação da qual pode não conseguir, nem desembaraçar-se nem defender-se, interna ou externamente. E parece que os franceses e os alemães estão cegos a tudo que não seja o poder do seu directório.
Hollande quer criar um governo da zona euro com orçamento e parlamento próprios. Uma zona euro a seis, diz Manuel Valls: França, Alemanha, Bélgica, Itália, Luxemburgo e Holanda.
(...) "um governo da zona do euro (com) orçamento específico, bem como um Parlamento próprio para garantir o controle democrático"
Na opinião do presidente francês, enquanto nesta semana a zona euro conseguiu "reafirmar a sua coesão com a Grécia"
As duas palavras, 'controlo' e 'democrático' uma a seguir à outra tem a sua piada... ...a zona euro conseguiu 'reafirmar a sua coesão com a Grécia'...? Um grupo especial de seis países que mandam nos outros 'menos especiais' com um euro 'menos especial'? Somos todos iguais mas uns são mais iguais que os outros? E chama a isto a esperança da UE...? Li que na famosa noite da reunião do Eurogrupo este indivíduo sugeriu que cada um desabafasse o que lhe ia na alma, tipo terapia de grupo...? What? Quem é que escreve os guiões a estes indivíduos? E porque é que não paramos de eleger idiotas?
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