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Quem lê os preâmbulos dos currículos cheios de propósitos como, fomento do pensamento crítico, da reflexão, da autonomia na aprendizagem, etc., ou quem ouve os discursos pretensiosos da equipa da educação e depois vai ver os programas -incoerentes e retalhados, extensos e desagregados- e os tempo semanais das disciplinas percebe que os preâmbulos são fogo-fátuo. Cortam os tempos da disciplinas para enfiar falsas disciplinas e projectos chamados de cidadania e outros afins apenas para alimentar a demagogia dos dirigentes.

 

Não matem a História

Mª José Gonçalves

Neste novo ano lectivo, na minha escola e na maioria das escolas portuguesas, a disciplina de História vê reduzida em um terço a sua carga horária curricular semanal. Sem tempo, a aula de História converte-se provavelmente num monólogo.

 

Estive ausente do ensino 15 meses. Regressei à escola e constatei muitas mudanças — para pior. A mais dolorosa, a mais preocupante, é a mudança ocorrida com a minha disciplina, História, que viu reduzida a sua carga horária semanal nos 8.º e 9.º anos de escolaridade.

Em 2017, a disciplina de História era leccionada em dois tempos semanais (90+ 45 minutos). Porém, partir de 2018, passou a ser leccionada em dois tempos lectivos de 45 minutos, no 8.º ano, acontecendo o mesmo, a partir deste ano lectivo, no 9.º ano. Não quero acreditar.

Vou ter que ensinar História “a correr” e História ensinada “a correr” corre o risco de morrer. A incoerência entre a acção e o discurso político neste assunto é manifesta. Senão, vejamos.

A 31 de Agosto, na página oficial da Presidência da República, para assinalar os 80 anos do início da Segunda Guerra Mundial, o Presidente da República afirmava: “(…) Devemos, pois, ensinar às gerações mais novas o que foi a Segunda Guerra Mundial, para que os milhões de mortos não tenham perecido em vão (…).”

 

Gostaria que o senhor Presidente da República soubesse que, a partir deste ano lectivo, os alunos do 9.º ano de escolaridade, da minha escola e da maioria das escolas portuguesas, vão ter apenas quatro ou cinco aulas de 45 minutos para estudar “Da Grande Depressão à Segunda Guerra Mundial”.

 

O senhor ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, numa entrevista recente, afirmava: “É fundamental que as disciplinas mais tradicionais continuem a ser adensadas”. Não será a História uma disciplina tradicional? Será adensar sinónimo de reduzir?

O senhor secretário de Estado da Educação, João Costa, no âmbito do I Encontro de Educação, em Cantanhede, afirmou: “Não cortem nas disciplinas de Ciências Humanas, nomeadamente na disciplina de História, pois um povo sem memória é um país doente”.

 

publicado às 05:13


Da liberdade e da opressão

por beatriz j a, em 24.06.19

 

Antígona
 
“não conheces o decreto de Creonte sobre os nossos irmãos?  
A um glorifica, a outro cobre de infâmia.  
A Etéocles – dizem –  determinou dar,  
Baseado no direito e na lei, sepultura  
Digna de quem desce ao mundo dos mortos.  
Mas quanto ao corpo de Polinice, infaustamente morto,
Ordenou aos cidadãos, comenta-se,
Que ninguém o guardasse em cova nem o pranteasse,  
Abandoando sem lágrimas, sem exéquias, doce tesouro  
De aves, que o espreitam famintas.  
As ordens – propalam – do nobre Creonte, que ferem a ti  
E a mim, a mim, repito, são estas, que vem para cá
Com o propósito de anunciar as ordens aos que ainda não as conhecem  
Explicitamente. O assunto lhe é tão sério
Que, se alguém transgredir o decreto,  
Receberá sentença de apedrejamento dentro da cidade.  
É o que eu tinha a te dizer; mostrarás agora
Se é nobre ou, se embora filha de nobres, és vilã.
 
(SÓFOCLES, 2014, p. 8-9
 
 

Os gregos entendiam a sua liberdade como independência. Uma vez que só se pode ser totalmente independente nos juízos e acções se se tiver outro que cuide das necessidades da vida, sentiam-se compelidos a viver num mundo construído sobre a escravatura e a opressão das mulheres.

E embora alguns gregos vissem estas iniquidades como perturbadoras, a maioria tomava-as como inevitáveis, como 'o modo como as coisas são'. No entanto, Hegel via o desconforto implícito dos gregos consigo próprios surgir de modo dramático na arte.

 

O seu exemplo favorito era a tragédia de Sófocles, Antígona. Na peça, dois dos filhos de Édipo lutam pela herança do poder. Ambos morrem e o tio, Creonte, intervém para proibir que um deles tenha direito a ritual fúnebre; mas Antígona, sua sobrinha e irmã dos mortos, desobedece enterrando-o secretamente. Ela fá-lo porque é o seu dever de irmã fazê-lo, quer dizer, enterrar o irmão, mas sabendo que é também o seu dever obedecer a Creonte (sobretudo como jovem mulher).

Antígona é apanhada numa situação contraditória quanto aos seus deveres. Ela também tem o dever de não decidir por si própria acerca do que deve fazer - o seu estatuto na vida obriga-a a obedecer aos requerimentos que lhe fazem- e o coro, mais tarde, condena-a por esta tentativa injustificada de autonomia.

 

Antígona é apanhada no desejo de conseguir algo normalmente proibido às mulheres: ela quer liberdade, o que requer que seja reconhecida como igual. Mas, quem teria autoridade para a reconhecer como tal? Não um marido (não na Grécia Antiga). Não os seus filhos, se os tivesse. Nem os seus parentes. Nem a sua irmã. Só os seus irmãos o poderiam fazer e estão ambos mortos. No seu desejo de liberdade, Antígona tenta convocar esse reconhecimento dos seus irmãos mortos. Acaba mal, como se sabe, porque o tio descobre e manda enterrá-la viva numa gruta; e embora depois se arrependa e resolva libertá-la, ela já se tinha suicidado.

 

Através do seu desafio, Antígona representa o que correu mal com o ideal grego: o modo como instituiu um regime de igualdade para alguns homens mas o negou a outros. Ao desafiá-lo, Antígona também se tornou a voz dos excluídos exigindo inclusão e reconhecimento como iguais e, por conseguinte, igualmente livres. Se 'alguns são livres', diz ela, porque não eu também? Para uma audiência grega isto criava um desconfortável sentimento de que talvez todo o esquema social/político não fizesse sentido.

(baseado num excerto de The Spirit of History de Terry Pinkard)

 

O que causa espanto é que passados 2500 anos ainda esta questão não esteja resolvida, no que respeita à liberdade e igualdade de direitos, de facto e não apenas formal, das mulheres e que a sociedade continue construída em toda a espécie de esquemas para condicionar a sua [nossa] liberdade.

 

publicado às 17:37

 

Porque, quando escritas por grandes pensadores, encontramos nelas páginas e páginas de sabedoria, visões abrangentes, interpretações de padrões, modelos válidos de pensamento.

 

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(a nós falhou-nos, no nascimento desta República, grandes chefes para fazerem as instituições e estamos a pagar esse preço... tivemos grandes chefes no nascimento da Nação)

 

daqui:

 

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encontrei este livrinho à venda por tuta e meia, num estado de conservação impecável 🙂

 

publicado às 18:23


Lisboa 1951

por beatriz j a, em 16.09.18

 

 

Quando se atravessavam campos e vales para chegar a Algés 🙂 

 

publicado às 19:51

 

 

Fala-se e escreve-se sobre o comércio triangular, sobre o tráfico negreiro enavios negreiros, sobre o comércio atlântico e transatlântico de escravos, referindo-se ao tráfico e animalização de seres humanos, como se os conceitos fossem inocentes e não precisassem de uma revisão crítica. É urgente a descolonização da linguagem que leve à descolonização do pensamento, que leve à descolonização do ensino da História e que leve à descolonização do imaginário, e que isso tenha consequências nas ações do presente.

em, Não a um museu contra nós,  Não aceitamos um Museu construído sobre os ombros do silenciamento da nossa História, com o dinheiro dos impostos de negras e negros deste país.

 

publicado às 15:16

 

 

Afinal, o que quer Kim Jong-un? Ninguém sabe

 

Não acho assim tão difícil perceber a Coreia do Norte. A Coreia foi um único país durante mais de 2000 mil anos. Tem uma história milenar difícil por estar ali na confluência da China, do Japão e da Rússia e ter tido que lutar para manter a sua independência. Tirando um tempo entre o século XIII e o XIV, anos em que teve que prestar vassalagem aos Mongóis, foi um reino independente com permanentes lutas internas pelo poder. No ano da nossa República, 1910, foi ocupada pelo Japão que só de lá saiu no fim da Segunda Guerra, porque a perdeu. Logo aí foi ocupada pelos EUA, a sul e, pela URSS, a norte, que a dividiram em duas no paralelo 38, tristemente famoso. Era o início da Guerra Fria e ambas as potências mediram forças na Coreia que entrou em guerra civil. Os EUA, a certa altura, para ganharem a guerra, passaram a bombardear a Coreia do Norte diariamente com bombas de napalm. Gabavam-se de não ter deixado nenhuma cidade, vila ou lugarejo de pé. "A Coreia do Norte virou uma nação subterrânea e em permanente estado de alerta." Mataram um quarto da população, ao que se diz. A guerra terminou porque ambas as partes pararam a ofensiva mas sem um acordo de paz e com a Coreia do Norte, apoiada pela URSS, a fechar-se num regime comunista e, a do Sul, num regime liberalista. Quer dizer, tecnicamente, as duas Coreias ainda estão em guerra uma com a outra, e a Coreia do Norte ainda está em conflito com os americanos.

Portanto, os bombardeamentos ainda estão vivos na memória dos norte-coreanos, o que não é de estranhar se pensarmos a maneira como os ingleses ainda vivem o blitz e a desconfiança face aos alemães como se estivéssemos há 70 anos. Se juntarmos a isto o facto da Coreia do Norte não ter passado por uma glasnost ou perestroika e viver fechada num regime ao modo soviético ou ao modo do Mao, ditaduras alienadas (as bravatas do Kruschev não eram assim tão diferentes das do Kim Jong-un e a loucura deste está em linha com a do Mao) e, os acontecimentos recentes no Médio Oriente onde os EUA invadiram e destruíram o Iraque e a Líbia, tendo deixado que os seus líderes fossem mortos de um modo indigno e cruel, não é difícil de perceber a Coreia do Norte.

Kim Jong-un está a preparar-se para a invasão americana e vai avisando que se meterem com ele, não esperem que vá esconder-se num buraco como o Saddam Hussein ou o Kadafi. Um bocadinho como os gorilas que ao verem o seu território ser invadido, juntam o grupo e fazem avanços a bater, ameaçadoramente, com a mão no peito, para intimidar e afastar o oponente.

A História é dinâmica e o que se faz hoje é um reflexo e uma continuidade do que se passou ontem.

 

publicado às 04:54

 

 

 

 

publicado às 20:05

 

 

(continuação)

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publicado às 18:05


Como perpetuar os erros do passado

por beatriz j a, em 09.05.17

 

A new history curriculum is raising concern among teachers.

 

...ensiná-los como inevitabilidades, pragmatismos inteligentes ou, até, evitar mencioná-los e, desse modo, riscá-los da construção da indentidade do povo. É a melhor receita para o eterno retorno do mesmo.

 

 

publicado às 06:12

 

Site da Presidência exclui Salazar da lista de Presidentes da República

 

... e frequentemente escondem, alteram ou omitem factos para manterem uma idea fictícia de si mesmos.

Não falamos na escravatura, na guerra que nós chamamos do Ultramar mas que os africanos chamam Guerra da Libertação (apesar de praticamente todos os portugueses terem tido familiares nessa guerra que durou treze anos e deixou graves mazelas), nos excessos dos comunistas e afins no pós-25 de Abril, no racismo, etc., tudo para nos convencermos que somos um povo de bons costumes.

Ainda hoje gostamos de dizer que a nossa colonização foi melhor que a dos outros porque nos miscenizámos. Há pouco tempo ouvi uma goesa, num documentário, contar como ao toque dos sinos que anunciou a rendição dos portugueses em Goa e o seu retorno à Índia, saiu para a rua em extâse a gritar, 'estamos livres de 400 anos de jugo'. Não é esta a ideia, a de termos sido carrascos, que nós temos de nós mesmos enquanto colonizadores...

Salazar também é um tabu. Apesar de Salazar ter sido a pessoa mais marcante da nossa História do século XX, não se pode falar dele porque falar dele é ser fascista de modo que se omitem os factos, como este da presidência. Acho grave, vindo da duma instituição que nos representa, esta incapacidade de lidar com a História ao ponto de a adulterar como faziam os soviéticos.

Nisto de lidar com a própria História podíamos aprender alguma coisa com os americanos e os alemães.

 

 

publicado às 05:38

 

 

How an 18th-Century Philosopher Helped Solve My Midlife Crisis

David Hume, the Buddha, and a search for the Eastern roots of the Western Enlightenment

 

Para quem se interessa por Filosofia, por História, por mistérios intrigantes e pela alma humana, para empregar o termo de Hume, tem aqui um artigo muito bem escrito e extremamente cativante. Enjoy!

 

 

publicado às 17:55


Devem os poderes instrumentalizar o ensino?

por beatriz j a, em 29.09.14

 

 

 

... neste caso da História dos EUA. Uma revisão do currículo está a gerar polémica e fúria nos Conservadores, em virtude de ter como objectivo um ensino mais imparcial da História. No Texas já decidiram que não o vão adoptar com o seguinte argumento:

 

Materials should promote citizenship, patriotism, essentials and benefits of the free enterprise system, respect for authority and respect for individual rights. Materials should not encourage or condone civil disorder, social strife or disregard of the law. Instructional materials should present positive aspects of the United States and its heritage.

 

 Entretanto os alunos já se manifestaram a favor duma História sem censura mas, sabendo nós que o poder entende as escolas e os conteúdos das disciplinas como instrumentos dos seus interesses...

 

 

publicado às 13:18


A História a repetir-se...

por beatriz j a, em 25.02.14

 

 

 

... é preciso dizer que isto desembocou na Primeira Grande Guerra...

.

 .

In the Panic of 1893, one of the greatest economic calamities in American History, 500 banks were closed, 15,000 businesses failed, and numerous farms ceased operation. The unemployment rate in Pennsylvania hit 25%, in New York 35%, and in Michigan 43%. Soup kitchens were opened in order to help feed the destitute. Facing starvation, people chopped wood, broke rocks, and sewed in exchange for food. In some cases, women resorted to prostitution to feed their families. This panic also brought an unprecedented wave of mergers as businesses battled fierce price competition and scarce funding. More than 1,800 firms disappeared into consolidations, many of which forming giants that controlled at least 40 percent of their industries and as much as 70 percent. Some of the most famous products of this consolidation were U.S. Steel, DuPont, International Harvester, Pittsburgh Plate Glass, American Can, and American Smelting and Refining:

"Between 1895 and 1904 a great wave of mergers swept through the manufacturing sector. Nothing like it had ever been seen before, or has been seen since. ... The predominant process was horizontal consolidation -- the simultaneous merger of many or all competitors in an industry into a single, giant enterprise.

 

The Great Merger Movement in American Business, 1895-1904 by Naomi R. Lamoreaux.

 

 

publicado às 08:39


cultural amnesia

por beatriz j a, em 02.07.13

 

 

 

 

 

Decline and Fall of the History Men -DANIEL JOHNSON

 

In 1874, the young Friedrich Nietzsche published On the Use and Abuse of History for Life. This "untimely" or "unfashionable" essay might have been directed at the propaganda of the Prussian school of historians, which presented the German Empire, newly unified by Bismarck, as inevitable. But Nietzsche's notion of the "abuse of history" had a very different target. What troubled him was the burden of living in a culture so saturated in the knowledge of the past, so paralysed by its "ironical self-consciousness", that it seemed to him to have been born "grey-haired". Around him he saw the human consequences of the explosion of historical knowledge and education since the Enlightenment. He could not stomach the liberal religion of progress, which had recently enlisted the support of Darwinian evolution: "Never has the view of history soared so high, not even in its own dreams, for now the history of humanity is merely the continuation of the history of animals and plants. Indeed, even in the depths of the ocean the historical universalist discovers the traces of himself in living slime." Nietzsche cannot contain his contempt for the overconfident complacency of his contemporaries. "Overproud European of the nineteenth century, you are stark raving mad! Your [historical] knowledge does not perfect nature, but only kills your own nature. Just measure the wealth of your knowledge against the poverty of your abilities."

 

Going up to Magdalen College, Oxford, in 1975, I was fortunate enough to read history at a time when the subject had not yet been hollowed out by the elimination of facts and dates, when a grasp of the broad sweep of British and European history was taken for granted among the educated, and certainly among those who aspired to lead the country. I belonged to the last generation before the abolition of grammar schools, which still placed a premium on wide reading and the acquisition of historical knowledge for its own sake. Within a decade, that kind of education had come to be seen as a privilege of the well-to-do. David Cameron would still have enjoyed such an education at Eton; yet as prime minister he was stumped by a question about what "Magna Carta" might mean. Today, I wonder how much history even those with degrees in the subject are actually expected to have read. The reaction to Michael Gove's new history curriculum suggests that many teachers don't relish the thought of inculcating knowledge rather than "skills".

 

(...)

 

Michael Gove, the first minister for a generation to care enough about history to wish to restore it to the privileged place in the nation's intellectual life that it once enjoyed, has encountered bitter opposition, not from philistines and barbarians, but from the historians themselves. Gove's emphasis on testing knowledge rather than "skills" in his proposed new curriculum would once have gained approval from the dons and the schools. Not, however, from their successors. Today, Michael Gove faces a hostile historical profession alone but for a few trusty defenders. Like Macaulay's Horatius, he stands defiant on the bridge: 

 

And how can man die better

 

Than facing fearful odds,

 

For the ashes of his fathers,

 

And the temples of his Gods?

 

publicado às 08:56


A história que conhecemos

por beatriz j a, em 16.05.13

 

 

 

 

... é intencionalmente parcial: foi escrita por homens, para homens.

Ainda hoje as mulheres disfarçam o facto de serem mulheres para não serem ostracizadas, em todas as áreas: é exemplar o caso de J. K. Rawlings, aconselhada a publicar os livros, não com o seu nome mas com iniciais pela razão de os rapazes não comprarem um livro escrito por uma mulher...

Há toda uma história desconhecida para reescrever de invenções e descobertas atribuídas a maridos e pais para não ofender a masculinidade.

 

 

It was Dr. Kober who cataloged every word and every character of Linear B on homemade index cards, cut painstakingly by hand from whatever she could find. (During World War II and afterward, paper was scarce, and she scissored her ersatz cards — 180,000 of them — from old greeting cards, church circulars and checkout slips she discreetly pinched from the Brooklyn College library.)


Forgotten Heroes

Tell us about a person you knew or admired who had an impact on society but has been lost to history.


On her cards, she noted statistics about every character of the script — its frequency at the beginnings and ends of words, and its relation to every other character — with the meticulousness of a cryptographer. Sorting the cards night after night, Dr. Kober homed in on patterns of symbols that illuminated the structure of the words on the tablets. For as she, more than any other investigator, understood, it was internal evidence — the repeated configurations of characters that lay hidden within the inscriptions themselves — that would furnish the key to decipherment.


DR. KOBER and Mr. Ventris met only once, and by all accounts did not like each other. But through her few, rigorous published articles, which together form a how-to manual for deciphering an unknown script, she handed him the key to the locked room. After her death, using the methods she devised, he attacked the mystery with renewed vigor and brought about its solution.


It is now clear that without Dr. Kober’s work, Mr. Ventris could never have deciphered Linear B when he did, if ever. Yet because history is always written by the victors — and the story of Linear B has long been a British masculine triumphal narrative — the contributions of this brilliant American woman have been all but lost to time.

 

publicado às 06:34


As civilizações desaparecem...

por beatriz j a, em 25.04.13

 

 

 

 

 

Mesmo as grandes civilizações como a do Egipto dos faraós. É preciso não deixar morrer a História e aprender com ela.

 

 

 

221cbakerstreet:thatferrybroad:wliabl:Cleopatra’s Underwater Palace, Egypt I still don’t get why no one is LOSING THEIR FUCKING SHIT OVER THIS FINDiT SURVIVED THE EARTHQUAKE THAT LEVELED THE REST OF THE CITY IN 365 A.D. CLEOPATRA’S FUCKING PALACEWITH INTACT FUCKING STATUARYNOT TO MENTION THE REST OF THE FUCKING ENTIRE GODDAMN ISLAND OF ANTIRRHODOS INCLUDING THE ANCIENT PORT OF ALEXANDRIAAND THEY’RE GONNA BUILD A MOTHERFUCKING UNDERWATER MUSEUMUNDERWATER. MUSEUM.can I be a mermaid tour guide there or some shit, you don’t even have to pay me i will just live there forever oh my fucking godthat’s really exciting

Palácio de Cleopatra, descoberto recentemente debaixo de água.

 

(Ancient "Lost" City's Remains Found Under Alexandria's Waters)

 

publicado às 19:10


Ora aqui está uma grande ideia

por beatriz j a, em 27.11.12

 

 

 

 

 

Cinema luso filma História nacional

Dois filmes sobre figuras históricas, Aristides de Sousa Mendes (cuja história já foi vista por 31 mil espectadores) e Humberto Delgado, contrariam a dificuldade do cinema nacional em lidar com o historial luso.


... para desenvolver uma indústria nacional, dar emprego a muita gente e melhorar o conhecimento que os portugueses têm pela sua História. Os americanos fizeram isso na década de cinquenta do século passado com muito sucesso. Ora a nós, o que não nos falta são personagens e episódios interessantes na nossa História. Isto bem gerido e bem trabalhado poderia ser um filão.



publicado às 09:49


Fantasmas do passado no presente

por beatriz j a, em 21.11.12

 

 

 

 

Do Duarte :)

 

O historiador holandês Jo Hedwig Teeuwisse resolveu vivificar o passado para mostrar o quão perto ele está de nós, combinando imagens actuais com imagens da Segunda Grande Guerra. Algumas das imagens são poderosas e, de facto, põem o passado a correr ao nosso lado como uma força presente.

 

Para ver toda a série: http://www.demilked.com/ghosts-of-world-war-2-blended-into-present/

 



“Captain WH Hooper, who commands the Company of the 314th IR of the 79th IUS D and some of his men surround a column of German prisoners. Column takes a southerly direction, it will join the POW camps located on the plateau of the Mountain Roule, near the farm of Fieffe.”



“Rue Armand Levéel à Cherbourg.”



“Corner covered, 1943, Acireale, Sicily”



publicado às 18:57


Livros

por beatriz j a, em 20.04.12

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma boa biografia é um dos géneros que mais gosto de ler. Estou a acabar esta. Comprei duas biografias dela depois de ter visto aquela série Roma que passou na TV. Nessa série retratava-se a Cleópatra como uma miúda devassa e caprichosa que só pensava em sexo e em drogas. Aquilo irritou-me um bocado. É tão ofensivo e tão pouco provável dado a importância que ela teve que fui à procura duma biografia de qualidade sobre ela.

Pesquisei e encontrei duas que gostei. Uma que fala dela a partir do ponto de vista ocidental, isto é, a importância dela para o Império Romano - é a abordagem tradicional. Depois procurei outra que a abordasse do ponto de vista da sua própria civilização e da dinastia Ptolomaica, pois é sabido que os conquistadores têm uma versão da História sempre muito enviesada pela preocupação em promoverem-se como heróis. Encontrei esta cuja imagem se vê acima, que estou a acabar.

A autora, Duane W. Roller, talvez por saber que a biografia que apresenta é muito contrária à representação que normalmente nos dão de Cleópatra como uma sedutora, encheu o livro de notas que remetem para textos originais e documentos históricos fidedignos:

 

"Like all women, she suffers from male-dominated historiography in both ancient and modern times and was often seen merely as an appendage of the men in her life or was stereotyped into typical chauvinistic female roles such as seductress or sorceress, one whose primary accomplishment was ruining the men that she was involved with. In this view, she was nothing more than the 'Egyptian mate' of Antonius and played little role in the policy decisions of her own world."

 

A Cleópatra que ela nos mostra é uma comandante naval competente e uma autoridade médica com trabalhos publicados, adulada por todo o Mediterrâneo leste e vista quase como uma figura messiânica em quem os povos da região depositavam esperança para a independência do Império Romano. As coisas correram mal, como se sabe...

 

Há muito trabalho para fazer na História: desenterrar figuras femininas obliteradas ou distorcidas por milénios de historiadores marcados por uma mentalidade chauvinista e religiosa. No mundo islâmico há centenas de mulheres que foram apagadas da História (da maneira como os soviéticos fizeram no século XX às figuras que não se adaptavam à propaganda do regime: faziam-nas desaparecer das fotos e documentos públicos) por terem tido profissões e protagonismo que não corresponde à endoutrinação oficial que o Islão veícula sobre a posição de inferioridade, escravatura e submissão que as mulheres devem ter no mundo dos homens.

No mundo ocidental não as apagam mas fazem delas virgens angélicas, prostitutas ou demoníacas. Em todos os casos, figuras de segundo plano, mesmo quando foram protagonistas principais.

 

Book Review - Cleopatra - A Biography - By Duane W. Roller ...

 

publicado às 13:55


Sou completamente contra

por beatriz j a, em 15.11.11

 

 

 

 

Governo propõe acabar com os feriados de 5 de Outubro e 1 de Dezembro

O fim do feriado do 1 de Dezembro. Em todos os países a Fundação (se são jovens) e a Independência são os feriados mais importantes que se comemoram, que diabo! Propor uma coisas destas é mesmo de quem não tem noção da importância da História como memória e identidade coletiva e como prevenção do futuro.

 


publicado às 17:51


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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