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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Segundo esta comentadora, o Presidente existe para facilitar a vida ao governo e se veta um diploma, isso nada tem que ver com o facto do diploma eventualmente ser contrário ao direito instituído e/ou aos direitos das pessoas, apenas se compreende como um meio de dificultar a vida ao primeiro ministro. É isto a política em Portugal: as pessoas que estão nos cargos não têm que pensar nas suas obrigações juradas mas apenas em fazer a vida confortável aos outros que estão no poder porque isto é um grande clube privado de amigos.
É por isto que estamos eternamente em crise...
A medida é para toda a Administração Central, e a Polícia Judiciária leva por tabela. Desde o final de Setembro passado que todas as traduções têm que ser autorizadas pelo ministro Vítor Gaspar.
Investigadores da Polícia Judiciária (PJ) ficaram em estado de choque, esta semana, quando receberam ordens das chefias para não requisitarem mais serviços de intérprete. Sobretudo as áreas onde existem mais escutas que envolvem suspeitos estrangeiros, tendencialmente, a Unidade de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE) e Unidade Nacional Contra-Terrorismo (UNCT).
O JN apurou que, pelo menos dois tradutores, de árabe e húngaro, que estavam ao serviço da PJ em escutas que estão em curso, foram dispensados. Um deles, depois da intervenção das chefias, acabou por voltar ao serviço no dia seguinte. Numa das unidades nacionais da PJ, um tradutor só foi trabalhar porque os investigadores já tinham acautelado antecipadamente mais horas de tradução.
Neste país os governantes não se vêem como representantos do povo mas como seus pais. Uma vez eleitos, acham que são uma espécie de iluminados e tratam as pessoas como crianças ou imbecis a quem é perigoso dar autonomia para tomar decisões. Recusam o controlo das instituições que é uma iniciativa democrática mas praticam o controlo das pessoas naquilo que é o exercício das suas funções.
Definir regras de funcionamento e deixar que as pessoas sejam autónomas dentro desses critérios não lhes passa pela cabeça.
É esta mentalidade salazarista que despreza as pessoas como coitadinhos e imbecis que não sabem fazer nada sozinhos que nos trama. Depois queixam-se que as pessoas no país não são empreendedoras e que estão sempre à espera que o estado ou alguém lhes resolva os problemas! Pudera! Pois se é a isso que as obrigam! Por isso este país tem estas tendências para a menoridade.
E, qualquer palerma que enquanto subordinado nunca decidiu nada sozinho, assim que se vê num cargo com algum poder desata a interferir no trabalho dos outros com a maior falta de respeito e de inteligência.
Ex-director-geral do Orçamento diz que não há meios humanos para controlar gastos públicos.
A corrida à reforma deixou a Direcção-Geral do Orçamento (DGO), organismo responsável pela execução orçamental, sem quadros suficientes para controlar de forma eficaz a despesa de quase 700 organismos públicos. Só em 2009, ano em que o défice das contas públicas subiu para 9,4 por cento do PIB, a DGO perdeu 45 funcionários, correspondentes a 16 por cento dos 275 efectivos de 2008.
Luís Morais Sarmento, o director da DGO que cessou funções em Abril após ter pedido a demissão do cargo em Outubro do ano passado, deixa claro, no relatório de actividades da DGO, que em 2009 se acentuou 'a carência de activos humanos'. E precisa que 'nos últimos cinco anos a DGO perdeu um terço dos seus efectivos'. Ou seja, 117 funcionários.
Por isso, Sarmento frisa que 'a situação descrita não é sustentável, estando em causa a capacidade da DGO para desenvolver adequadamente as suas atribuições e para assumir um papel mais activo na definição de reformas mais profundas do processo orçamental'. E essas reformas, diz o ex-director-geral do Orçamento, são 'indispensáveis à consolidação duradoura das contas públicas e ao reforço da eficiência e eficácia da despesa pública'.
É assim. Para que os amigos possam ser nomeados para consultores e ganhar milhões e para que ganhem ainda mais milhões com ajustes directos trataram-se mal os funcionários públicos. Forçou-se as saídas para contratar pessoal novinho, barato. O problema está em que a (falta de) experiência paga-se depois muito caro. Como se vê pelo estado das contas públicas.
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