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Uns dias depois dos ataques de Paris a mesquita de  Peterborough (Canada) foi incendiada. Então, os judeus abriram a sinagoga para os muçulmanos rezarem e agora fazem-no em conjunto e dizem que não é uma questão de religião mas de boa vizinhança e de ser canadiano. Assim devia ser sempre... que interessa rezar a um Deus num local ou em outro, ser duma religião ou de outra se o Deus, a existir, é o mesmo e a única coisa que muda é o ritual? Qualquer pessoa adulta com um mínimo de inteligência vê que os rituais e as idiossincrasias das diferentes religiões são vestimentas, coisas não essenciais à crença em um Deus e na salvação da alma. Quem as faz diferentes são os líderes, os homens que querem mais o poder de manipular multidões que o de respeitar e ajudar o outro.

 

 

 

 

publicado às 20:01

 

 

 

... no que respeita à organização social da actualidade, baseada numa mistura de poder e ignorância, no que respeita ao perigo da ciência perder o controlo sobre a sua própria direcção, sobre a ascenção da crendice que parecia ter sido definitivamente vencida pelo espírito científico de prudência céptica, sobre o que é a fé na sua relação com a vida e a ciência... etc.

 

 

publicado às 20:02


on believe

por beatriz j a, em 31.10.11

 

 

 

 

Some things have to be believed to be seen

 

Ralph Hodgson on ESP

 

publicado às 20:35


convicção e fé

por beatriz j a, em 11.11.10

 

 

 

Laura Orchard

 

publicado às 22:51


Uma mente brilhante, um filme brilhante

por beatriz j a, em 05.04.10

 

 

Acho esse filme do post aí em baixo -A beautiful mind- muito bom. Passo-o nas turmas do 11º ano, a propósito da ciência e dos problemas do conhecimento. Muita gente que conheço não gosta do filme porque acha que não retrata como deve ser, nem a vida do John Nash, nem a sua esquizofrenia. Mas eu não vejo o filme como um documentário biográfico, vejo-o como uma abordagem aos problemas do conhecimento e da ciência, e nessa medida acho o filme brilhante, nas questões que levanta e nas respostas que ensaia.

No filme, Nash representa a ciência no seu 'core': a procura incessante de padrões de penetração e explicação do real, que é, no fundo, a tentativa de transformar o caos em ordem com as leis científicas.

O modo como ele constrói a tese que lhe deu o prémio - o momento exacto em que a ideia lhe surge com toda a clareza como uma peça de puzzle que encaixa na perfeição no problema é óptima para mostrar o que é o processo de incubação daquilo que vulgarmente se chama a 'descoberta científica'.

A crença que ele tem no 'método' bem como a crença que todos os outros têm nele (ao ponto de não se aperceberem dos seus desvios de comportamento) representa a fé cega na ciência, como única explicação do real e no método científico como a 'vara' que descobre o ouro enterrado. Isso mostra muito bem a crença vulgar de que a ciência é capaz de tudo, muito parecida com a crença em 'magia'.

Até meio do filme não percebemos que o seu amigo e a sobrinha, mais o dos serviços secretos são entes imaginários. Só a meio do filme, e de repente, somos confrontados com esse facto. Isso é um choque que não estamos à espera, e tem um efeito pedagógico nos alunos que podemos depois explorar para explicar como é que, estando imersos numa realidade, não nos apercebemos dos seus contornos e como é preciso ultrapassar os seus limites para termos uma visão do todo, sem a qual a fé é sempre cega.

O critério que Nash usa, no filme, para tomar consciência das suas alucinações (a miúda nunca crescer) é um critério de coerência lógica, o que exemplifica na perfeição o problema da necessidade de princípios heurísticos e dos critérios com que aceitamos outros critérios para fundamento da compreensão/explicação do real.

Duas cenas com a mulher dele mostram muito bem os limites da ciência e a seu apoio na própria crença, sendo que o único problema está em não termos consciência que a crença é crença e tomarmo-la por verdade única, dogmática.

A primeira dessas cenas é a aquela em que ele pede a mulher em casamento dizendo que precisa duma certeza de que ela o ama e que isso é real, ao que ela responde com a pergunta, porque é que ele acredita que o universo é infinito e trabalha tendo isso como princípio mesmo não sabendo ao certo se o é. Ele responde que é um acto de fé. Esta cena, onde ela o faz tomar consciência do lugar da fé na própria ciência mostra também que o dominio da ciência não é total. Há coisas que estão fora da sua explicação.

A segunda cena é essa representada na fotografia do post abaixo onde ela lhe diz que para além das hipóteses da sua loucura na busca de padrões (os indivíduos imaginários) há outras coisas reais (como o amor dela, que sendo da ordem do sentimento e não da razão, foi a única coisa com a qual ele afinal sempre pôde contar) e que precisa de acreditar que algo de extraordinário é possível, quando lhe pergunta se ele é capaz de lidar com os seus 'demónios' de modo a poderem ficar juntos. No fim do filme ele diz que agora escolhe ver os 'amigos imaginários' como uma hipótese paralela à qual tem de resistir, como uma espécie de dieta mental. Eu escolho interpretar essa cena como uma metáfora para a necessidade que a ciência, ou os cientistas melhor dizendo, têm de resistir às tentações de poder absoluto na apropriação do real pois o risco é a desvirtuação da ciência no seu propósito de transformar o caos em ordem, e a sua substituição pelo caos da loucura cujos exemplos são às carradas, desde a bomba atómica à questão da origem da SIDA, da venda de doenças e guerra por todo o planeta.

Essa cena também me serve a mim para desconstruir junto dos alunos a imagem (errada) que eles têm do cientista, não como um homem com todos os seus defeitos e complexidades, mas como uma espécie de ser infalível que está acima dos outros nas certezas e conhecimentos do real. Mesmo a esquizofrenia dele, apesar de poder estar representada de modo um pouco leve, mostra como a explicação da Psicologia/Psiquiatria/Psicanálise não esgota, nem é suficiente para tomar conta do problema.

Finalmente, o filme mostra a fragilidade do conhecimento humano face à imensidão e complexidade de tudo o que há para saber e isso permite pôr as coisas no seu lugar em termos da ciência como um dos caminhos (mas não o único) de acesso ao real.

publicado às 07:38


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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