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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Resultados do chamado ranking de Xangai já são conhecidos.
Para a avaliação feita pela empresa de consultoria ShanghaiRanking Consultancy contam, entre outros factores, (...) o número de artigos publicados nas revistas Naturee Science, o número de citações de artigos científicos de investigadores das universidades e o desempenho per capita da universidade em todos estes indicadores.
Pois, pois, diz quem lá trabalha que mais de 50% do staff são pessoas com contratos precários, a ganhar uma miséria, com imensas horas de aulas por semana e sem apoios, financeiro ou em termos de tempo, para a investigação.
Não dar condições de trabalho às pessoas e querer que elas façam muita investigação e muitas publicações para o prestígio da universidade é querer o sol na eira e a chuva no nabal.
Uma das piores consequências da passagem da troika pelo rectângulo foi ter dado um pretexto aos políticos e aos empregadores deste país, gente sem ética nem respeito pelos trabalhadores e, também, sem visão para além do curto prazo, como se vê neste exemplo, para explorarem os seus semelhantes de modos ignóbeis.
Por todo o lado os exemplos são os mesmos: há queixas de falta de trabalhadores na hotelaria mas há muitos hotéis onde as pessoas que estão na recepção e no restaurante trabalham sem receber. Vão buscá-los como estagiários às escolas de hotelaria e turismo e exploram-nos até ao tutano. Ao fim de um tempo põem-nos a andar e mandam vir outros e têm sempre gente a trabalhar a quem não pagam como se as pessoas não tivessem vida própria e contas para pagar. Depois se os empregam é a pagar o ordenado mínimo. Quem é que pode trabalhar nestas condições? Vão-se embora para a Suíça, para a Alemanha, para Inglaterra, para o Canadá... enfim, outro país.
Em Portugal, os empregadores, desde o gerente do hotelzinho, passando pelo pato-bravo da contrução civil ou o dono da empresa, pelo reitor universitário até chegar aos banqueiros, ministros e Presidentes, são um conjunto de gente sem respeito pela vida dos outros que vêm os trabalhadores como custos, gente que os impede de comprar o yate do escalão a seguir, ou a quinta em Sintra ou outra coisa qualquer da sua bucket list.
... para não ficarem a olhar para elas como se fossem mercadorias numa montra de loja. Só que... é isso mesmo que são. Uma mercadoria à venda numa montra de uma loja. Os holandeses são uns hipócritas de todo o tamanho.
Há pouco tempo uns dinamarqueses fizeram uma experiência com homens, que filmaram (aqui tem um pedacinho da experiência) onde estes têm que analisar e dizer se o que estão a ler é um guião pornográfico ou uma história pessoal tirada da #MeToo story. Dão a todos um guião de uma cena pornográfica. Os homens quase todos dizem que é assédio e violência sexual. Pois, é que a pornografia, como a prostituição, é violência, geralmente sobre as mulheres. 88.2% das cenas pornográficas contêm alguma forma de agressão contra mulheres.
Os rapazes e, as raparigas também, crescem, hoje em dia, com o fácil acesso à pornografia, habituados a olharem a agressão e a violência contra as mulheres como se fosse normal, como se fosse prazer sexual. Porquê? Porque está normalizada.
A prostituição, ao contrário do que se diz, não tem a ver com a liberdade do corpo. As mulheres que andam na prostituição, praticamente todas, são pessoas com poucas ou nenhumas opções de vida. Os números são muitos, muito e muito claros. As que se lançam na prostituição aos 12 e 14 anos são vítimas de abusos sexuais e as mais velhas também vêm de ambientes degradados, são manipuladas, vêm de ambientes de droga e de violência, são vendidas, abusadas como mercadorias que se usam e se deitam fora.
São oriundas da pobreza, são filhas de marginais, vítimas de abandono, não são filhas de pessoas de classe alta ou de classe média. Não são banqueiras, advogadas, médicas, economistas, professoras, etc. Nos EUA o nojo é tal que há meia dúzia de anos incentivavam-se as raparigas a prostituir-se para pagarem os empréstimos dos cursos superiores. São pessoas sem opções de vida.
De modo que os holandeses, gabarem-se de terem o Estado a fazer de chulo e a gerir bordéis degradantes onde exploraram a violência contra as mulheres e depois obrigarem os turistas, pudicamente, a virarem as costas para não as ofenderem é de uma hipocrisia enojante.
Quando morei em Bruxelas apanhava na TV todos os programas de todos os países ali à volta. Havia um canal holandês, não pornográfico, que a partir das onze da noite passava pornografia e programas a incentivar a prostituição. Uma vez por semana ou assim passava pornografia de bestialidade, com mulheres em actos sexuais com cães, ratos, e outros animais. Às vezes tentava ver aquilo para ver se percebia a lógica daquilo mas não era capaz porque aquilo é de uma violência tão grande e tão degradante que ficava irritada, revoltada e com vontade de bater em alguém pela extrema degradação e violência a que sujeitam as raparigas.
De modo que esta cena dos holandeses mandarem os turistas voltarem costas é de uma hipocrisia nojenta.
A vida dos portugueses é real, existe e em muitos milhares de casos depende da vida marinha. A exploração de petróleo acaba com essa vida e com a desses portugueses. ENI e a GALP têm que perceber que as nossas vidas e o território onde vivemos não são produtos para consumo dos magnatas do petróleo. As nossas vidas não são propriedade da família A, B ou C.
via João Eduardo
Se as empresas são corporações multi-nacionais que causam problemas globais, as organizações de trabalhadores têm que o ser também: multi-nacionais para uma acção global de modo que uma empresa america ou de outra nacionalidade não possa deslocar-se para um outro país com o intuito de fazer a exploração que o seu não permite.
Querem um engenheiro que fale várias línguas e que tenha conhecimentos especializados para trabalhar a troco de... iogurtes? Mas uma pessoa é suposto viver do quê? É por isso que os jovens se vão embora. Que futuro e que vida podem ter aqui a serem explorados desta maneira? É a marca Danone .
Eu vou passar a boicotar os produtos das marcas, empresas, casas, etc., que explorem trabalhadores. De cada vez que souber de um caso destes passo a evitar ao máximo comprar os produtos da marca. E vou já começar pela Danone.
(do blog '5dias')
Mundo
...sabem que exploram o povo só para se manterem no poder com luxo. Eles sabem. estão-se é nas tintas até o caldo entornar com a fervura.
premindo o botão vermelho do comando, "os clientes poderão escolher a câmara pretendida e ainda aceder a um universo de conteúdos adicionais sobre o 'reality show'. Esta aplicação, diz a empresa, "tem sido um sucesso com cerca de 2,5 milhões de visitas desde o seu lançamento".
Ainda não vi um único episódio desta 'coisa'. Vi há uns anos uns episódios do Big Brother e aquilo enojou-me tanto que nunca mais vi nenhum. Confesso que não tenho vocação para voyeur. Há quem diga que a literatura, a biografia, etc., apelam um pouco ao voyerismo, mas não é verdade. A literatura e o filme são ficção, não são realidade. Aqui nesta 'coisa' chamada reality-show o que se passa não é ficção, é realidade. Mais, é uma realidade manipulada para desembocar em violência e pornografia por causa das audiências. Mas como toda as TVs hoje em dia -salvo raras excepções- são completamente imorais na abordagem das coisas, não querem dizer que o programa é de pornografia e violência para não espantar as famílias e dar-lhes um pretexto para se viciarem naquela porcaria.
Incomoda-me nestes programas que não se assumam como são, porque essa manipulação das pessoas tem efeitos negativos nas mentalidades, para já não falar na educação das crianças, adolescentes e jovens que os vêem.
Eu compreendo e aceito programas de pornografia. Se me apetece também os vejo. Agora, quando os vejo, não finjo que estou a ver um programa de interesse sociológico ou outra tanga qualquer.
Se os que regulam os programas fizessem o seu trabalho obrigavam a classificar estes programas sob a denominação de programas para adultos, que é o que são, para que os pais pudessem controlar o que os filhos vêem sem confusões. Porque adultos viciados nestes programas são pessoas de vidinha triste que sabem ter alternativas, mas crianças e adolescentes não têm consciência da negatividade que estes programas têm na sua educação, nomeadamente no que respeita aos modelos de relações interpessoais e vivência sexual que apresentam.
Os 'jornalistas' que apresentam estas 'coisas' são uma espécie de 'madames' sem código deontológico...o que é isso...?
Na semana passada eu e uma colega comentávamos que nas escolas remamos contra a maré: contra as TVs, a sociedade, o ministério, e muitos pais que educam os miúdos e os adolescentes com TV aos molhos, jogos, pornografia, presentes, indulgência e exemplos de violência e que depois ficam à espera que os professores remendem tudo. Se cada um fizesse a sua parte as coisas eram todas mais fáceis e melhores. Mas vivemos numa sociedade onde o exemplo que vem de cima é este: rouba, mente, abusa e faz tudo o que apetecer que a vida é curta e é para gozar nem que seja à custa dos outros.
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