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alunos-nota-20-eles-podiam-entrar-no-curso-que-quisessem (DN)

 

Endeusam estes alunos. O ensino está tão facilitado que qualquer aluno que tivesse um bom método de estudo, um plano e alguma autodisciplina passava sempre sem problemas mas como inculcam nos alunos que a responsabilidade de passarem cabe aos professores, nas escolas e, fora delas, na sociedade, endeusa-se qualquer aluno que assume o seu papel de estudante.

 

Uma pessoa apanha alunos no 10º ano que vêm com nota de 5 a tudo e não sabem o mínimo, nem sequer de como trabalhar na sala de aula... pior, às vezes apanhamos turmas no 12º ano que vêm com grandes notas e convencidos que são excelentes e estão ao nível do 10º ano, na organização de trabalho e autonomia.

 

Outro dia, à conversa com a minha médica oncologista, que também dá aulas na faculdade de medicina, a propósito do filho dela ir agora para o 10º ano, ela disse-me que os alunos que entram para a faculdade são muito bons a decorar mas não são capazes de relacionar dois conceitos autonomamente e que isso é mau porque um médico tem que ser capaz de estabelecer relação entre  as vários sistemas do corpo para fazer um diagnóstico. Além disso, são pessoas muito ignorantes, quer dizer, sabem de química e são bons a matemática mas isso não chega. Não lêem, não pensam, não sabem o que se passa no mundo.

 

Pois, como é que chegam assim às universidades? Eu sei. São os jornais, as escolas e todo este ensino vocacionado para infantilizar e endeusar qualquer aluno que estude e saiba escrever o nome sem se enganar em vez de se queixar dos professores, da escola, das matérias, e que é tudo chato e depois vem o ME e diz que os alunos não estão em constante prazer e outras parvoíces do género. 

Nas escolas e nos discursos oficiais só valorizam a matemática como se fosse um saber que se basta a si mesmo e desvalorizam todas as outras disciplinas. É claro que os próprios alunos interiorizam estas escalas deturpadas de valores e, sendo bons a matemática, acham-se extraordinários e tratam-nos como prodígios...

 

Não se trata de desvalorizar o mérito de quem estuda para 20, trata-se de ter uma perspectiva equilibrada do que significam os 20s no contexto da educação.

Um aluno não precisa de ter 20s para ter sucesso e para ter um percurso escolar e uma vida assertiva e vivida com satisfação. Estas notícias põem os alunos que não chegam aos 20s a avaliarem-se como incapazes ou inferiores, o que é absurdo. Há alunos muito inteligentes e muito bons numa determinada área e, no entanto, não tiram 18s e 20s e estas notícias são para eles como as capas das revistas cheias de modelos a fazerem crer as raparigas que são todas feias e gordas.

Mas isto não é evidente?

 

publicado às 07:09


Governar para ir a lado nenhum

por beatriz j a, em 18.01.17

 

 

Estudantes com linha de crédito de 80 milhões


O governo tem 80 milhões para os estudantes. Podia dar bolsas de estudo a quem precisa mas não o faz: em vez disso o que faz é emprestar aos bancos para que emprestem aos estudantes para que paguem juros. Depois os estudantes levam anos a arranjar emprego porque este país não é para jovens, como se sabe e, ficam com a corda ao pescoço a viver com os pais até aos 45 ou 50 anos porque não têm dinheiro para alugar uma casa ou ter uma vida própria independente. Depois os governos mandam-nos ter filhos (e sustentá-los com o dinheiro que não têm) porque há falta de jovens no país.

 

 

publicado às 05:41

 

 

Como se estivéssemos a precisar de mais jovens a ir estudar para fora e ficar por lá a trabalhar e a pagar impostos. Aqui desinveste-se na escola/universidade pública, lá pagam-lhes as propinas a 100%.

 

 

Aproveita esta oportunidade vai já para a Universidade e não te preocupes com aquela disciplina que ficou para trás!

Tu podes entrar numa universidade do Reino Unido ainda este ano e obter o…
INGLATERRA.OKESTUDANTE.PT
 
 
 
 

publicado às 21:49

 

 

 

Os alunos dantes (estou a generalizar, claro) iam à escola e às aulas para aprender e para evoluir enquanto pessoas. Eram estudantes; agora vão à escola e às aulas para terem uma experiência emocional positiva. São clientes. Tal como dantes se fazia uma viagem para conhecer novas culturas, para confrontar as nossas crenças e hábitos e agora se fazem viagens para ter experiências positivas que deixem memórias agradáveis e fotos com ar de sucesso e felicidade.

 

 

Como qualquer cliente, os alunos não estão para fazer uma viagem e no fim a experiência não lhes deixar memórias agradáveis. Daí os bailes de finalistas, nas escolas, as festas de caloiros e as galas, nas universidades. Os alunos esperam de nós que compareçamos  a esses bailes, à laia de treinadores em final de época, a fazer o seu elogio apoteótico para dar um final feliz à 'experiência da escola' e os deixar emocionalmente reconfortados consigo mesmos.

Os meus alunos das minhas DTs ficaram um bocado chateados comigo por eu não ir ao baile de finalistas. Disse-lhes que não vou a essas coisas, que aquilo é uma festa deles e não da escola. Mas eles queriam que eu fosse e fizesse um discurso [inflamado] de elogio a dizer que gosto deles... eu disse-lhes que eles sabem muito bem que gosto deles e que não é preciso ir a um baile fazer discursos para isso. Ahh... mas é que eles queriam que eu o dissesse em público, numa espécie de final feliz à filme americano. Lá está, a escola vale menos por ser um lugar de apendizagem e mais por ser um lugar de experiências emocionais positivas. Um lugar onde os clientes vão para se sentirem bem com eles e com a vida e, acima de tudo, sentirem-se pessoas de sucesso.

Não quer isto dizer que uma pessoa despreze a importância da escola dever ser um lugar de espírito positivo e não negativo, mas isso é diferente da escola ter algum dever de corresponder aos desejos dos alunos de serem groomed como clientes num cruzeiro. Nem a escola é uma viagem de recreio, nem o professor é um director de cruzeiro. Se a primazia da experiência escolar é o conforto emocional, ela não fará o seu papel de formar pessoas críticas pois para isso é preciso desafiar, desassossegar e até incomodar, o que, naturalmente, dá origem a desconforto emocional e a periódicas sensações de desajustamento, insucesso e dificuldade. 

 

[Já hoje mesmo, pelo menos na disciplina de Filosofia, a maioria dos manuais deixou de trazer os textos dos filósofos, talvez por serem exigentes, obrigarem ao esforço e ao desconforto e 'estragarem' a experiência do cruzeiro. São sebentas dogmáticas. Os próprios professores são tratados, nesses manuais, como pessoas menores, incapazes de fazer o seu trabalho. Já trazem todos os materiais, fichas de trabalho, que filmes se devem ver e o que dizer em cada um deles, alguns chegam ao ponto de trazer à margem, falas para o professor reproduzir quando tem que explicar este ou aquele conceito, como se não fosse o nosso trabalho, justamente, pesquisar, estudar, fazer fichas, pensar em como explicar esta ou aquela ideia... isto acontece porquê? Ahh... porque não se quer incomodar o professor com essa coisa de preparar aulas -que nem sequer são a parte mais importante do cruzeiro- porque ele precisa é de gastar tempo a cumprir burocracias jurídicas não-pedagógicas: trabalhar para os papéis.]

 

Não é de espantar que hoje em dia tantos alunos e pais passem a responsabilidade do seu comportamento para o professor e tantos se queixem da escola e dos professores: é que vêem-se a si mesmos como clientes com direito a tratamento VIP em cruzeiro de recreio que lhes proporcione uma boas selfies com os amigos para memória futura.

Esta visão da escola e da educação, que não é apanágio da sociedade portuguesa, deriva da ausência de um pensamento sério sobre o que é a educação e da sua submissão a critérios culturais [a cultura mainstream é o que se sabe: casas de segredos, novelas e reality shows] e economicistas, de modo que em vez de se imprimir certas dinâmicas na educação deixa-se que ande à deriva das forças que dominam as sociedades. Daí a decadência em que se encontra o ensino, a espelhar a decadência da sociedade, não só nas escolas, mas também nas universidades, sendo que estas foram, e são, cúmplices, desta transformação das escolas e dos alunos.

 

 

publicado às 05:27


Isto é uma sangria

por beatriz j a, em 04.11.14

 

 

... e nós deixamo-los ir. [Esta notícia é mais uma folha de propaganda às universidades e empregos no Canadá que até parece ter sido encomendada.] Depois queixamo-nos que não temos enfermeiros, engenheiros, médicos, bébés a nascer...  somos governados por gente cega ou outras coisas piores que não dá para dizer.

 

Cem mil oportunidades de emprego

 

Cerca de 30 instituições participam na feira “Study in Canada” que se realiza em Lisboa na próxima semana. Um em cada quatro estudantes fica a trabalhar no país.

 

É uma das maiores feiras de educação, que algum país alguma vez realizou em Portugal. Cerca de 30 instituições de ensino, entre escolas e universidades, estarão na iniciativa "Study in Canada" que se realiza na próxima terça-feira, dia 11, na Associação Comercial de Lisboa.

Durante o evento vão ser sorteadas entre os visitantes duas viagens ao Canadá e estarão disponíveis bolsas de estudo para várias escolas e instituições de ensino superior do país. O Canadá desafia os jovens portugueses a estudar no país que tem actualmente cerca de cem mil ofertas de emprego.

 

As universidades sublinham que quem frequentar o ensino superior canadiano conseguirá ganhar mais 50% que quem não tem grau académico, se ficar no país. E as estatísticas mostram que um em cada quatro jovens que estuda no Canadá fica a viver no Estado que surge, habitualmente, na lista dos dez países do mundo com maior qualidade de vida, segundo o ‘index' da OCDE.

 

publicado às 21:14


Livros e fotocópias

por beatriz j a, em 12.05.12

 

 

 

 

 "A escolha é entre existirem livros fotocopiados ou não existirem alunos licenciados”

 

 

É um cenário que não deixa antever um futuro risonho para o sector livreiro: em média, de todos os livros que os estudantes lêem por ano, 43% são fotocopiados.
Os dados são de um estudo encomendado pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e apresentado nesta sexta-feira, em Lisboa. Em “Estudo do Sector de Edição e Livrarias e Dimensão do Mercado da Cópia Ilegal”) concluiu-se que o prejuízo causado pela cópia ilegal é de 63,57 milhões de euros na venda a retalho. As editoras perdem por ano 35,5 milhões de euros.
Ou seja, se os estudantes, em vez de fotocopiarem os livros, os comprassem, teriam de gastar 63,57 milhões de euros! Ora, onde é que os estudantes têm sessenta e tal milhões de euros para comprar livros? Não têm! Logo, nem os comprava, nem os liam, nem passavam as cadeiras, nem se licenciavam.
Como diz o Bruno, 'São poucos os afortunados que se podem dar ao luxo de adquirir livros que custam mais de 60 euros e que apenas servem na maioria das vezes para uma cadeira de um semestre !!!'
Mesmo que não custem 60 euros, é igual, pois os estudantes nem dinheiro para comer têm... as bibliotecas têm que estar melhor apetrechadas, por um lado e, por outro, é preciso criar uma excepção qualquer para que os estudantes possam tirar cópias dos livros, sob pena de praticamente ninguém poder estudar.
O ensino é, cada vez mais, só para uma elite de pessoas com dinheiro? Pois é! Desde que as sociedades mercantilizaram sectores que deviam ter ficado de fora das lógicas capitalistas a vida e as possibilidades das pessoas degradaram-se a um ponto do qual parecia ter-se saído há cinquenta ou sessenta anos.

publicado às 11:27

 

 

 

Há alunos a desistir de estudar. Faculdades criam gabinetes de emergência.


As universidades e os institutos politécnicos criaram gabinetes e serviços de apoio de emergência para ajudar os alunos que estão em situação limite de esforço financeiro a manterem-se nos cursos. Em causa está o atraso de cinco meses no pagamento das bolsas de estudo e a percentagem de exclusão dos candidatos deste apoio social - na ordem dos 30% em cada instituição de ensino superior - que está mesmo a levar alguns alunos a desistirem da universidade. É o caso de um estudante da Universidade do Minho, que preferiu não ser identificado. O aluno, que frequentava o 3º ano da licenciatura de Engenharia de Gestão Industrial, foi ontem excluído do sistema de bolsas e acabou por desistir de frequentar a universidade.

"Contava com o apoio da família para pagar as propinas mas como a minha mãe ficou de baixa, tentei candidatar-me à bolsa, pela primeira vez, e a colabora que presto na secretaria da universidade e de ter um trabalho em ‘part-time', não é suficiente para pagar as propinas e é impossível continuar a estudar", lamentou em declarações ao Diário Económico.

 


publicado às 09:55

 

 

A Microsoft tem uma campanha de promoção e venda do Windows 7 (especial de ensino) a decorrer para estudantes e professores ao preço de 31.27 euros mais portes de envio. Fica tudo por 39 euros.

Basta ir ao endereço www.sacarupgrade.com e seguir as instruções. É preciso o número do cartão, de professor ou estudante ou, em alternativa, enviar o cartão digitalizado.

Até que enfim que a Microsoft percebeu que, se vender os produtos a um preço acessível, todos compramos em vez de piratearmos. Todos ganham.

 

 

publicado às 20:46


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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