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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Esta entrevista é demais!
O homem diz mais ou menos o seguinte:
- não discriminamos homossexuais, só não aceitamos o sangue de homens que fazem sexo com outros homens;
- então mas isso não é discriminar? E no resto da Europa, discriminam? Não é discriminar nada, só estamos preocupados com as vítimas que recebem o sangue dessas pessoas e na Europa faz-se o mesmo - os técnicos têm ordens para fazer perguntas (que cada um faz à sua maneira) para chegar ao ponto de saber se são homossexuais.
- mas na Europa não se rejeita o sangue dos homossexuais. Até podem ser pessoas só com um parceiro e que praticam sexo seguro. Isso de sexo seguro não existe, os preservativos rompem-se e depois eles dizem que só têm um parceiro mas na volta estão a mentir.
- mas os preservativos tanto se rompem com homossexuais como com heterossxuais. Bem, aí temos que informar as pessoas que devem ter cuidados. Aliás, se um homossexual for violado não rejeitamos o sangue dele (tipo porque não é culpado? Vê-se perfeitamente que é o que está a pensar).
- mas então isso é mesmo discriminação. Não é verdade que obrigam as pessoas a dizer se são homossexuais? Bem, se o técnico perguntar eles têm que dizer e se não disserem podem ser perseguidos judicialmente.
- mas não fazia mais sentido perguntar às pessoas pelos seus comportamentos para ver se são de risco. Mas toda a gente sabe, porque está provadíssimo, que eles que praticam uns com os outros sexo oral e anal são os que têm os comportamentos de risco. Aliás, é preciso descaramento para um deles lá chegar e dizer que é homossexual: é uma provocação que não deixamos passar (!!!!!!!!!!!).
É tudo mais ou menos neste teor. Não admira que sejamos um dos países com mais problemas de infectados, com trogloditas destes à frente dos serviços!
Com tanto ódio aos homossexuais uma pessoa até fica desconfiada: será que não há por ali medos inconfessados.........? Huummmm............
No que respeita aos trabalhadores, penso que podemos dividi-los em duas grandes categorias: os que trabalham tendo como prioridade a melhoria da sua posição dentro do sistema/ empresa/local de trabalho, e os que trabalham tendo como prioridade encontrar soluções para melhorar o próprio sistema/empresa/local de trabalho.
Os primeiros trabalham com vista a promoções ou a uma melhoria das suas condições pessoais de trabalho. Não significa que não se interessem pelo resultado final do trabalho, mas estão menos conscientes dele porque a primazia vai toda para o seu perímetro de vida pessoal e aí encontram a sua motivação. Estas pessoas continuam a trabalhar com razoável satisfação num sistema que deixou de fazer sentido ou que se tornou ineficaz e injusto, desde que o seu esquema de carreiras e promoções e aumentos continue a funcionar razoavelmente, porque de qualquer modo a sua ideia de trabalho é fazer o suficiente para se safarem. Rápida e imediatamente se ajustam às novas ordens ou a um novo esquema de chefias ou a novas exigências - só querem saber o que há a fazer, quantas vezes e, sobretudo, a quem se deve mostrar.
Os segundos -que são uma minoria, penso- estão sempre a aferir da eficácia do trabalho relativamente ao todo em que se insere. Não significa que não se interessem pelas suas carreiras ou que não sintam a injustiça da promoção dos piores; significa que têm uma visão mais alargada do sistema e que vão buscar a sua motivação a um sentimento interior de satisfação ligado à certeza de estarem a contribuir para a melhoria real do sistema e, só nessa medida, encontrarem sentido e utilidade no que fazem.
Estes segundos dificilmente se adaptam a uma mudança do sistema que não traga benefícios ou que vá ao ponto de anular as virtudes do sistema pondo em causa o seu resultado final. Isto é, é-lhes díficil continuar obedecer à ordem de alimentar de carvão a máquina de um barco que se está a afundar, pois não vêem sentido ou utilidade nessa tarefa. Mais, não compreendem a azáfama dos demais que, em vez de procurarem solução para salvar o que for possível, a começar pelas pessoas, andam de um lado para o outro a olear as máquinas como se não vissem que o barco está já a pique.
O que fazer numa situação destas? Saltar do barco só, arriscando uma morte quase certa? Continuar o trabalho sabendo que se está a alimentar um sistema pernicioso, preverso, destrutivo e inútil, destinado de antemão ao fracasso?
Como é possível agora o trabalho?
Como é possível o trabalho quando se vê, em cada ordem, em cada documento, em cada directiva o fortalecimento da estupidez medíocre do sistema?
E, no meio de tudo isto, os que criaram este sistema dão uns aos outros dinheiro e honrarias e auto-elogiam-se tristemente sem terem noção do que são.
Fico perplexa!
Hoje o DN dn.sapo.pt/2009/02/24/sociedade/manuais_revistos_incluem_descobertas.html traz um artigo onde se promove a actualização científica dos professores através de.......pesquisas aos jornais Público e DN!
Será preciso dizer mais acerca da formação e dos horizontes científicos e intelectuais de quem define políticas para a educação?
No mesmo artigo faz-se grande alarido ao facto de terem incluído, na revisão de manuais, a notícia da «despromoção de Plutão». Confundir notícias informativas com alterações científicas teóricas e/ou práticas tem sido um dos desastres da Educação Nacional - um artigo de jornal ou revista são suficientes para que se faça uma reforma.
É claro que quem resiste à mudança estúpida é..., velha, segundo o grande paradigama do 'pior é impossível'.
Velhos que resistiram a certo tipo de mudanças: Sócrates (o filósofo, entenda-se), Platão, Aristóteles, Séneca, Júlio César, Boécio, Einstein, Chagall, Stravinsky, Soljenitsine...como se sabe, gente menor...
Gente que quis impôr certas mudanças e anulou à força todas as resistências: Calígula, Inquisição, Lenine, Estaline, Hitler, Mao Tsé Tung, Pol Pot.....como se sabe, gente maior...
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