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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Vale muito a pena ler este artigo pelas verdades que diz, contra-intuitivas para a maioria esmagadora dos economistas e empresários de papel que temos. O que ele diz sobre a empresa estar a afundar-se por fazerem tudo o que vem nos livros mas não perceberem nada de cruzeiros [ou de pessoas, acrescento eu] podia generalizar-se à maioria das nossas empresas e serviços públicos que pensam bastar pôr um gestor qualquer à frente de um serviço ou empresa para tudo ficar bem e não percebem que uns serviços não são como outros e que a educação não é a produção de rolhas e a saúde não é uma empresa de cruzeiros e, enquanto não perceberem isto matam-nos com a cura como a Nickos Cruises estava a fazer. Como fizeram o FMI e a Troika: aplicaram o que vem nos livros independentemente das realidades dos países serem muito diferentes umas das outras.
E tem uma explicação para uma empresa saudável, comprada por um fundo, acabar em reestruturação menos de dois anos depois? “Porque fizeram o que vinha nos livros, mas não percebiam nada de cruzeiros”, sintetiza.
A verdade é que em Março de 2015 já não havia dinheiro para pagar salários. Havia bilhetes vendidos, havia clientes e produto, mas perdeu-se a rastreabilidade. “Uma das primeiras medidas do fundo foi mudar todo o sistema de contabilidade e gestão. Pagaram 2,5 milhões para ter um sistema novo e depois não tinham quem soubesse trabalhar nele. Contrataram gente, duplicaram as equipas, ficaram a pagar o triplo dos salários. Não negociaram, impuseram. Desmotivaram os que lá estavam e que percebiam do negócio. Deixaram-nos cair”, relata Mário Ferreira.
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“Não foi propriamente a proposta de maior valor que ganhou. Tenho consciência que valorizaram quem percebia do negócio, quem explicou o que queria fazer. E reconheço que os impressionei quando disse que ficava com todos os funcionários antigos do senhor Beller e que dispensava todos os novatos contratados pelo fundo suíço”, diz, sorridente.
Uma trabalhadora da loja das Amoreiras (Lisboa) da Sport Zone foi colocada pela empresa, do Grupo Sonae, na necessidade de optar pelo desemprego ou por prestar assistência à filha, de quatro anos. A denúncia foi feita na semana passada, pelo CESP/CGTP-IN, que exigiu medidas para resolver o problema com equilíbrio e justiça. Segundo o sindicato, a trabalhadora solicitou uma alteração do horário de trabalho, de modo a poder chegar à creche antes desta fechar (19 horas). A empresa recusou o pedido e comunicou à trabalhadora que deveria começar a trabalhar, a partir do passado domingo, dia 9, na loja da marca em Torres Vedras – mais longe e sem transportes directos, já que mãe e filha vivem na Póvoa de Santa Iria (Vila Franca de Xira). Em alternativa, foi-lhe apresentada uma proposta de rescisão do contrato.
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