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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Já não entrava há certo tempo numa livraria portuguesa porque os livros estão uma fortuna proibitiva e eu não resisto a comprar certas coisas que me olham mas, como dou sempre livros como presente no Natal a quase todos que já sabem ler, entrei numa livraria que parece uma caverna para onde um qualquer Ali Babá atirou à pressa sacos de livros sem se dar ao trabalho de os organizar. Lá para trás de umas pilhas mal equilibradas de livros dei de caras com esta História Alemã a olhar fixamente para mim e trouxe-a. Quase 30 euros custou o livro! Está impresso num papel que parece um granulado a desfazer-se de cada vez que se toca. Leio-o a chorar e a espirrar... é por isso que raramente entro numa livraria portuguesa e compro os livros em outras línguas -se possível no original- nesse vasto mundo da internet onde tudo se encontra a preços fantásticos com bom papel...
O negócio dos livros em Portugal é, grosso modo, vergonhoso. Outro dia tinha o meu livro do 11º ano pousado na mesa de umas alunas e elas chamaram-me a atenção para a diferença de papel do meu livro para o delas. Então, o livro dos alunos é de papel reciclado, daquele mesmo ordinário... custa trinta e bastantes euros... uma vergonha.
Enfim, mas estou a gostar desta História Alemã que não é a vulgar narrativa histórica de um país/nação (nem podia ser dada a incerteza quanto à origem, no tempo, da Alemanha enquanto Estado) mas a caracterização dos alemães nas épocas históricas e no que as vincou. Muito interessante. Deixo aqui um excerto que podia referir-se a outros povos da actualidade.
"Hoje como nos tempos de La Boétie e Montaigne, a alienação é demasiado doce (como um refrigerante) e a liberdade demasiado amarga, porque está demasiado próxima da solidão. E da loucura.” (Manuel J. Gomes, importante tradutor de La Boétie)
... ou, como os servos passam voluntária, convicta e alegremente de um tirano a outro.
Discurso sobre a servidão voluntária
"(...) assim, a primeira razão da servidão voluntária é o hábito: provam-no os cavalos sem rabo que no princípio mordem o freio e acabam depois por brincar com ele; e os mesmos que se rebelavam contra a sela acabam por aceitar a albarda e usam muito ufanos e vaidosos os arreios que os apertam."
Este excerto trouxe-me à memória um episódio da viagem à Tunísia. Tínhamos acabado de visitar a Mesquita de Kairouan e à saída cruzámo-nos com um grupo que ia a entrar com um rapaz dos seus seis, sete anos, todo vestido de branco, que sorriu para nós. O nosso guia riu-se e disse, 'ele ri-se porque não faz ideia do que o espera lá dentro' _ ai sim? Perguntámos nós. 'Pois, diz ele, vai ser circuncidado, daqui a bocadinho está aos gritos'. Achei aquilo bárbaro e cruel.
excerto daqui:
De vez em quando vou dar com um livrinho qualquer esquecido cá em casa e redescubro-o. Este é pequenininho, em tamanho e número de páginas de modo que, não fora o facto da capa ainda deitar tinta, ao fim de tantos anos, era mesmo bom para entreter enquanto se descansa na banheira. Descobri lá está 'anedocta', como se dizia então, sobre a passagem de Herculano pelo Parlamento.
A descrição e comentários do autor sobre o Parlamento são perfeitamente actuais, como se pode ler.
daqui
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