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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Dia de cozinhar para comilões e gulosos, fazer testes (já temos um mini-teste na 2ª feira e outro na quarta) e ler o livro que aí se vê. Não, não é o Último Samurai do filme, é outra história que me foi recomendada com grandes louvores e estou curiosa em ler. As expectativas são muito altas... vamos ver...
Já lá vão sete horas de trabalho e ainda não está tudo feito...
Uma Aubade (alvorada), é uma canção de amor matinal, muitas vezes uma canção acerca dos amantes que se separam de madrugada, sendo oposta, portanto, à Serenade (serenata) que é uma canção de amor cantada à noite. Ambas são cantadas à janela de uma mulher que dorme, sendo uma cantada ao nascer do dia e outra ao morrer do dia. Vários compositores escreveram Aubades.
Este dueto de Gounod não é uma Aubade, mas é, porque é a canção que Romeu e Julieta cantam de madrugada ao separar-se, quando a cotovia anuncia o raiar do dia:
JULIETTE
Non! non, ce n'est pas le jour,
ce n'est pas l'alouette
Dont le chant a frappé ton oreille inquiete,
C'est le doux Rossignol,
Confidant d'amour!
ROMÉO
C'est l'alouette, hélas! messagère du jour!
Vois ces rayons jaloux
Dont l'horizon se dore;
De la nuit les flambeaux pâlissent
Et l'aurore
Dans les vapeurs de l'Orient
Se lèvent en souriant!
Descobri há uns vinte anos que cozinhar destressa e comecei a cozinhar. Fazer comida todos os dias é uma maçada mas cozinhar é giro. É uma actividade prática que se desdobra em parcelas de tarefas que nos mantém o espírito ocupado e, melhor ainda, no fim temos a satisfação de ver um resultado positivo [espera-se...]. De modo que comecei a preparar o almoço de Domingo. Uma cena já está. Looks good! Smells even better :))
De manhã caminhar uma dúzia ou um pouco mais de quilómetros pela Arrábida para destressar, respirar a Natureza e descompensar. De tarde fazer os testes do 12º ano para a semana que vem, preparar uns materiais para umas aulas de apoio a alunas que querem fazer o exame de Filosofia e beber litros de chá!
(quem quiser tira o som que escusa de me ouvir a dizer parvoíces)
1º Ir ao frigorífico buscar os restos de legumes que para lá andam.
2º Cortá-los aos bocados e pôr no tabuleiro do forno com um dente de alho, ervas (coentros e mostarda negra), sal, pimenta, azeite e vinagre (de estragão ou outro qualquer). Enfiar no forno bem quente a grelhar aí uns 12 minutos.
3º Comê-los de qualquer maneira: quentes, mornos, frios, sozinhos, como acompanhamente disto, daquilo, de tudo e mais alguma coisa 👌
(hoje é dia de corrigir testes e cozinhar, alternadamente)
... de Verdi. Uma ópera de amor, ciúme e morte... como são quase todas. Aqui no acto IV, 1ª e 2ª partes. Na primeira parte Amnéris, a filha do Faraó, por ciúmes da Aida conseguiu que o Radamés, por quem está apaixonada, fosse acusado de traição à Pátria e antes dele ir perante o tribunal dos Sacerdotes diz-lhe que a Aida está viva (ele pensava que ela tinha morrido) e que se ele renunciar à Aida o salva. Ele nega-se e ela fica furiosa. Na 2ª parte, ele é condenado à morte e ela arrepende-se do que fez e tenta pedir piedade por ele aos Sacerdotes mas é tarde demais. Fica desvairada e lança uma maldição aos Sacerdotes.
Ela é a melhor Amnéris que já vi. É mesmo a filha do Faraó. E a música do Verdi na voz destes dois...
Esta é uma produção do MET (uma casa de ópera fantástica. Já lá estive 😃) de 1989.
1ª parte
2ª parte
Queria pôr aqui um dueto de ópera porque hoje passei o dia a armazenar óperas completas para a minha colecção. Descobri coisas lindas, antigas, extraordinárias que andam aí na 'net' - algumas só para fãs, mesmo. Mas não este dueto que é para qualquer bom apreciador do Otelo de Verdi. Aqui numa produção famosa do Scala de Milão, sob a direcção do Carlos Kleiber uma interpretação histórica do Plácido Domingo e do Pietro Capuccilli no final do segundo acto depois da cena em que Iago instila todo o seu veneno nos ouvidos ciumentos do Otelo. Brutal! (para ouvir alto, claro)
... testes, fichas e trabalhos finais para corrigir. Só me levanto para ir votar. My fault... deixei que algumas coisas se acumulassem...Que massacre!
Hoje o Domingo não está alegre.
Não se avista, nem um único nobre, defensor do país.
Nada há para celebrar. Não vou ao almoço do lopes: coelhos e cavacas não como.
que beleza...a música e a voz...
Discute-se muito qual é a melhor versão de Nessum Dorma da Turandot de Puccini. Ouvi o Pavarotti cantá-la no Coliseu dos Recreios em 90 e tal. Muito emocionante. Ele tinha uma voz excelente para cantar os italianos, sobretudo o Bellini, o Puccini. Mas nunca o ouvi cantar esta ária em palco, numa representação da ópera. Só em concerto. É totalmente diferente. Esta ária aparece na ópera depois do 1ºacto, que é muito violento, ter sido cantado, depois do segundo acto também. Não é nada fácil cantá-la depois de horas a esforçar a voz.
A Deanna Durbin cantava esta ária, em inglês. Acho que é a única mulher que canta esta ária (que foi escrita para tenor).
Pessoalmente, a interpretação que mais gosto desta ária é a do Franco Corelli que tinha uma voz linda, cheia de força, beleza e virilidade. Mas as gravações dele em vídeo são antigas. Esta também não é nova. Mas é boa. É de uma representação no Scala de Milão. Ele canta de um modo que parece fácil. Só no fim quando o vemos a tentar recuperar o fôlego nos apercebemos do esforço a que a ária obriga.
Final do 1º acto.
Uma verdadeira pena, o Puccini ter morrido antes de concluir esta ópera. Nota-se uma quebra no último acto que deveria ser apoteótico. Toda a ópera o anuncia. Este é uma ópera com uma carga erótica muito grande. Adoro este primeiro acto.
Esta interpretação é fabulosa, por parte de ambos. Os cenários do Zeffirelli ajudam.
schuh
Um poema para domingo...
“Não estejas longe de mim um só dia,
Porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.
Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando a casa
venha matar ainda meu coração perdido.
Ai que não se quebrante tua silhueta na areia
Ai que não voem tuas pálpebras na ausência
Não te vás por um minuto, bem-amado,
Porque nesse momento terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo.”
(Pablo Neruda)
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