Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Um ano e meio de medicina organizado

por beatriz j a, em 02.08.19

 

Faz amanhã um ano que acabei o mês (perto disso) de tratamentos diários de radioterapia. Os outros ainda continuaram e continuam mas estes, que foram dos que mais me custaram em vários sentidos, acabaram a 3 de Agosto do ano passado.

Resolvi pôr ordem na papelada médica deste ano e meio de luta contra a doença, que estava caótica.  Ia atirando tudo para um mesmo saco, à balda. Pus num saco os exames médicos, relatórios e algumas análises importantes (as outras deitei fora), agrupadas por hospital e por tipo de exame e no outro saco, as facturas mais relevantes, também agrupadas por tipologia de análise, de exame e de tratamento. Não é pouca coisa...

 

A medicina está tão atrasada... eu bem sei que se isto tivesse sido há 15 anos já cá não estava e, mesmo há 10 anos, estaria presa numa cama de hospital cheia de morfina e talvez sem saber que dia era mas, mesmo assim, com todos os avanços, os problemas ainda custam muito a perceber e é preciso fazer muitos testes e análises até se perceber as coisas.

Muito tempo perdido que, em certas doenças, como esta, é dramático porque justamente o tempo é um factor chave, determinante mesmo, para o desfecho das coisas... se não fossem as diligências da minha médica alergologista sabe-se lá quando percebia estar alguma coisa errada e se não fossem depois as diligências do meu médico, tenho a certeza que não tinha sobrevivido à fase do diagnóstico, ali numa altura em que comecei a piorar a um ritmo alucinante.

A medicina está ainda muito atrasada ou, dito de outro modo, as doenças progridem muito mais depressa que os conhecimentos acerca delas.

Enfim... estão os papéis organizados não vá o Centeno querer ver tudo e mais alguma coisa :))

 

saco dos exames

IMG_3088.jpeg

saco das facturas

IMG_3086.jpeg

 

publicado às 11:00

 

Quando as coisas estão piores e começo a fazer listas [mentais] de merceeiro, como lhes chamo (sintomas negativos e sintomas parecidos com os outros daquela vez e da outra, etc.) vou ler este livro que me deu uma pessoa muito querida, num gesto muito adorável, para me ajudar a pensar esta doença. E tem ajudado mesmo. Bastante. É que a autora, um química com uma doutoramento em imunulogia celular, teve um cancro e escreve aqui acerca da sua experiência, acerca do estado da investigação no campo da doença, das modas da ciência e da medicina e de como enquadrar a doença na nossa vida sem nos deixarmos dominar por ela ao ponto de deixar de viver.

 

Abri o livro e fui dar com um papel a fazer de marca. Devo-o ter escrito na altura dos tratamentos de  Julho ou Agosto do ano passado. O que achei piada foi ter tido a necessidade de escrever qualquer coisa. Escrever é terapêutico. Mesmo que sejam entradas mínimas, desinteressantes, tipo diário de merceeiro. Esta lista ficou a marcar esta folha por causa das últimas linhas desta página...

 

Enfim, tenho a certeza que os livros cá de casa estão cheias de papelinhos e alguns serão destes com listas de merceeiro a propósito disto e daquilo.

 

IMG_2738.jpeg

daqui:

IMG_2739.jpeg

 

publicado às 19:21


2019 - sinais de esperança

por beatriz j a, em 30.12.18

 

For example, in 2016, for the first time, the share of global energy that came from renewables passed 10%. According to the International Energy Agency, the world got nearly 25% of its electricity from renewables in 2017, and that number should jump to 30% within the next few years. (Note: Many of the figures cited in this story are from 2017 or 2016, but most were published in 2018 because it usually takes a year or two to gather and analyze global data.)

New data also show that, between 2016 and 2017, some 6.7 million additional sq km (2.6 million sq miles) of the world’s oceans were put under environmental protection. The majority of that is in national waters, meaning more countries are actively assisting in the global ocean conservation project. (About 260,000 sq km of land were also added.)

It’s a bit hard to contextualize how many endangered or threatened species we’ve been able to save, since their ranks grow as as humans explore more of the world and find new species we must assess. But the fact that we’ve been able to take an increasing number off these lists is encouraging. In 2018, the lesser long-nosed bat was delisted thanks largely to the efforts of tequila producers, whose agave plants the bats feed on.

Poverty/Income

It can be hard to assess global poverty rates, since context can vary dramatically. One way to look at it is by comparing the difference between what the average person makes a day, and the global poverty line of $1.90 a day (as determined by the World Bank). Based on that measure, global poverty is falling.

Another thing to consider is quality of life. Electricity is essential to health, education, and general satisfaction. According to new data released this year, 87% of people around the world had access to electricity in 2017.

Education

Literacy rates have been steadily climbing for decades now, and though it seems incremental, even a fraction of a percentage point can make a huge difference. Considering there are some 5.5 billion adults alive today, the 0.23 percentage-point increase from 2015 to 2016 (the last year for which data are available) means about 11.5 million more people can read.

Public health

Probably the biggest invisible improvements the world sees year to year are essential indicators of overall global public health, like rates of infant mortality, maternal mortality, childhood stunting, and teen pregnancy. These are important, because they represent access the average person alive has to health care professionals, facilities, medicine, and more. All of these rates have been falling in the past few decades, in some cases dramatically.

Another good indicator of improving global health is rates of treatable infectious diseases, like tuberculosis and malaria. These have typically been much bigger problems in poorer parts of the world, but those care gaps continue to close.

Gender equality & LGBT rights

Another positive trend that can fly under the radar, especially in wealthier countries, is how the global gender gap in education continues to close. New data published this year show that, in 2016, there were 99.7 girls enrolled in primary and secondary school for every 100 boys. For comparison, in 1986 that number was 85.1. As with some of these other indicators, each year sees only what appears to be incremental improvement, but given the size of the global population, those tiny increases have outsized impact.

The 2018 US elections resulted in a historic new class of congressional representatives: at least 121 women will serve in Congress starting next year, accounting for just under 23% of Congress members. That, though, just brings the US in line with the global trend, in which women’s share of government seats passed 23% in 2016, and rose to nearly 24% in 2017.

There’s still much to do for women’s equality. There’s also much more to do for LGBTQ rights. But one encouraging trend is that countries continue to legalize same-sex marriage. In 2018, Costa Rica’s highest court ruled that laws banning same-sex marriage are unconstitutional, bringing the country in line with about 30 others that have done the same.

 

publicado às 09:09


Identidade por experiência comum

por beatriz j a, em 06.06.18

 

 

Todos os taxistas aqui da cidade me conhecem e eu a eles. Sabem da minha vida porque transportam há um par de dezenas de anos daqui para acolá e eu sei da vida deles porque me vão contando, da vida dos filhos, do trabalho. Sobretudo os mais velhos, têm grande familiaridade comigo.

Hoje entrei no táxi do senhor G e diz-me ele, 'então, hoje não se trabalha? Nem parece seu'. Disse-lhe que estava doente, ele perguntou-me o que tinha e eu disse-lhe. Perguntou-me como tinha descoberto. Contei-lhe. Disse-me, 'isso pode não ter sido do tabaco, não é verdade?'. 'Bem, poder pode mas as probabilidades são mínimas'. Como é que sabe, perguntou-me. 'Olhe, é a primeira pergunta que os médicos me fazem: é fumadora? Quantos anos fumou? Quantos cigarros?' Diz-me ele, 'não me diga isso. Deixei de fumar há dez semanas. Fumei aí uns quarenta anos e há mais de vinte que fumava aí uns três maços por dia. 'Olhe, disse-lhe, se fosse a si ia a um médico e pedir para fazer uns exames para ver se está bem'. Disse-me que era o que andava a fazer. Já tinha feito radiografias, TACs, provas de esforço, etc. 

Depois pusémo-nos a conversar do como eram as coisas antes, naquela lógica de Alcoólicos Anónimos que se reconhecem. Quando começámos a fumar -ambos muito cedo- ninguém falava de cancros nem a gente sabia que fumar causava doenças. Toda a gente fumava. E fumava-se desde muito cedo. O médico era capaz de fumar no consultório enquanto nos via se fosse preciso. Quando começámos a ouvir falar de doenças ligadas ao tabaco já estávamos viciados há muito tempo. Hoje em dia é muito diferente, felizmente, nisso do tabaco. Agora comem hamburgers e montes de porcarias que nós não comíamos. Cada geração tem a sua estupidez própria, calculo. 

Enfim, desejei-lhe sorte e sobretudo que se fosse vigiando uma vez por ano ou assim (se é para descobrir estas coisas que seja cedo enquanto são pequenas) mas sem stress que não vale a pena. Ele também me desejou sorte com os tratamentos.

 

publicado às 19:08


Os títulos das notícias sobre os professores

por beatriz j a, em 29.09.17

 

Professores colocados longe de casa recorrem a atestados médicos

 

Este título dá logo a entender que há aqui fraude, da parte dos professores e dos médicos. Se calhar não há. Os professores efectivos, hoje em dia, são pessoas com cinquenta e muitos ou sessenta e tal anos. Muitos são pessoas com problemas de saúde. Toda a gente sabe que entre os professores, sobretudo nos mais velhos, há uma grande incidência de problemas de burnout, depressão, doenças respiratórias e da garganta, etc. Pessoas nestas condições ficam mesmo doentes, incapazes de andarem a calcorrear centenas de quilómetrosAté para os mais novos é difícil. Todos os anos há colegas contratados que são de Braga ou de Viseu e andam de lá para cá, sempre estourados, de modo que não é de estranhar que estes professores fiquem doentes. No entanto, a maneira como dão as notícias é logo a insinuar que há fraudes.

 

publicado às 18:51


Uma sociedade doente

por beatriz j a, em 02.06.16

 

 

Isto já não é sobre o Brasil

 

“Há um ódio institucionalizado contra as mulheres, uma autêntica cultura de violação. Quem viola não o faz por doença. É fruto de centenas de anos de misoginia e de ódio às mulheres”...

 

“Estamos aqui para dizer que o corpo nos pertence. Que não é da Igreja, nem do Estado, nem dos homens. No meu corpo, mando eu.

 

 

publicado às 05:31


Uma notícia verdadeiramente entristecedora.

por beatriz j a, em 20.02.15

 

 

 

Oliver Sacks sofre de cancro terminal

 

Escritor e neurologista, que sempre escreveu sobre as doenças dos outros, “despede-se” da vida com um artigo no The New York Times. “Foi um enorme privilégio e uma aventura”, diz.

 

Mas Oliver Sacks não ilude, também, os seus sentimentos mais profundos perante a doença. “Não posso fingir que não tenho medo. Mas o meu sentimento predominante é o da gratidão. Amei e fui amado; recebi muito e dei alguma coisa em troca; li e viajei, pensei e escrevi. Relacionei-me com o mundo, essa relação especial que só os escritores e leitores têm”.

 

“Tenho estado cada vez mais consciente, nos últimos dez anos, das mortes entre os nossos contemporâneos. A minha geração está de saída, e cada morte foi sentida como uma ruptura, como se parte de mim se estivesse a despedaçar. Não vai haver ninguém como nós quando desaparecermos, mas também nunca há ninguém como os outros. Quando as pessoas morrem não podem ser substituídas. Deixam buracos que não podem ser preenchidos, porque é o destino de todo o ser humano - o destino genético e neurológico - ser um indivíduo único, encontrar o seu próprio caminho, viver a sua própria vida, morrer a sua própria morte.”

 

Que pena... um indivíduo que continua a investigar, a inovar, a escrever e a ajudar doentes psiquiátricos e outros... Não pára. Um indivíduo brilhante, como investigador e como pessoa. O livro dele, Um antropólogo em Marte, foi dos livros da área da Psicologia que mais me marcou e mais gozo deu a ler.

Sigo-o há anos no Facebook. O tipo tem uma energia, uma imaginação, uma cultura vasta e profunda, uma capacidade de inovação e compreensão das pessoas e dos fenómenos que impressiona. Uma daquelas -raras- pessoas reais. Insubstituível enquanto pessoa e enquanto profissional. 

Uma imensa pena...

 

 

publicado às 22:30

 

 

 

A recent study from the Mayo Clinic published in the British Medical Journal examines patients with myocardial infarction (heart attack) presenting to hospital out of hours and those who present during normal working hours. They pool the data from all the studies that have been done around the world, and come to the conclusion that patients presenting at nights and weekends have a 5 percent increased risk of death. It therefore seems best, if you must have a heart attack, to have it during regular hours, though this is difficult to arrange for yourself.

 

Theodore Dalrymple in PJ Media

 

publicado às 10:50


Uma maleita nunca vem só..

por beatriz j a, em 25.01.12

 

 

 

 

 

publicado às 12:36


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2017
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2016
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2015
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2014
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2013
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2012
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2011
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2010
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2009
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2008
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D



Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Edicoespqp.blogs.sapo.pt statistics