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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Um organismo da Direcção Geral da Educação entendeu, bem, fazer uma avaliação da liderança das escolas do ponto de vista dos seus professores, identificando a escola e, portanto, o director, através de questionário anónimo. Tal como fazemos em vários serviços e organismos. Por exemplo, já respondi a mais que um questionário desses na loja do cidadão, no Hospor, etc. Como tal, e sabendo que os questionários não chegariam às mãos dos de cujos, é evidente que as pessoas responderiam com honestidade sabendo não haver receio de represálias, perseguições, assédio, etc. Bem, os directores foram a correr queixar-se de estarem a ser avaliados - sem poderem, como é costume, nas pseudo-avaliações externas, controlar quem é escolhido para lá ir falar e quem diz o quê a quem e como e quando e, o que mostrar e o que esconder, etc. Resultado: recebemos um email do mesmo organismo a dizer que esse questionário foi 'descontinuado', por assim dizer, por queixa dos directores que não querem ser avaliados [digo eu] e que agora havia outro, em que respondíamos de maneira que não se pudesse saber de que escola e director estávamos a falar. Pois, agora que o questionário foi domesticado para não interessar a ninguém a não ser ao recicle bin, recebemos emails dos directores a invcentivar a resposta a esses questionários... se não fosse grave, porque indicador da total ausência de transparência e democracia nas escolas com todas as consequências que daí advêm, era só cómico.
O artigo assinado pelo director do Instituto Português de Oncologia insinua que a homossexualidade acarreta doenças e desvios e que, portanto, estas pessoas não têm sequer direito à dignidade nos seus afectos. No texto pode ainda ler-se que existem alguns comportamentos estereotipados – “gestos, fala, indumentária, gostos e manifestações subtis” – pelos quais, segundo o autor, é possível identificar os homossexuais.
Estamos num país onde as pessoas que estão à frente dos cargos são, em geral, de má qualidade. Os 'chefes' do meu país são uma desilusão diária.
Quem escreve estas coisas é o director do Instituto de Oncologia, quem acha que é pertinente publicar um tal artigo é o bastonário dos Médicos!
Quer dizer, como é que um doente com cancro ou outra doença qualquer, que por acaso seja gay pode dirigir-se com confiança a estes serviços sabendo que vai ser tratado como anormal ou repugnante? Então o juramento de Hipócrates não os obriga a ajudar todos os doentes? Ou são só os doentes com comportamentos e indumentárias do agrado dos médicos? É que a revista da Ordem não é uma revista qualquer porque representa os médicos como um todo.
Mas o que não percebo é o seguinte: como é que um indivíduo com estas responsabilidades publica um artigo contrário aos seus deveres de médico e de director de um Instituto que trata doentes (independentemente da raça, credo e orientação sexual) e não é imediatamente demitido? Então o Estado, e nós todos que pagamos o IPO sustentamos e apoiamos um indivíduo cuja conduta profissional é tão pouco ética? É que, se a revista é privada e publica o que quer, já o Estado não o é.
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