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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
São, estou convencida, Kantianos, na sua esmagadora maioria. Quer dizer, são feitos, não com o propósito do heroísmo, mas porque as circunstâncias apontam essa acção como a única a fazer em termos de dever. São feitas por pessoas que têm uma noção do dever muito forte e interiorizada e que vêem, naquele momento, o que tem de ser feito. É um imperativo.
Tribunal de Barcelos deu a guarda da menor ao progenitor, mas os habitantes da freguesia de Carvalhas não querem facilitar a entrega da menina, por suspeitarem que é "vítima de abuso sexual".
Um grupo de cidadãos agiu, de modo pacífico e ordeiro, em defesa de uma criança. Dantes as pessoas fechavam os olhos e nunca se metiam, agora há quem tenha desenvolvido uma consciência cívica e, mais ainda, uma consciência de dever de intervenção, porque em certas situações, não agir é compactuar.
Se esta consciência existisse a nível mundial nunca os países assistiriam impávidos e serenos aos horrores que certos líderes infundem nos seus povos.
Eu sei muito bem que as relações internacionais são complicadas e delicadas mas há valores, universais, que têm primazia sobre as culturas locais, e que foram assumidos na Carta dos Direitos Humanos. Com essa Carta na mão todos os povos deveriam ter a iniciativa que tiveram aqueles habitantes da aldeia, de cada vez que suspeitassem que no país do lado andassem a abusar das pessoas. É claro que teriam primeiro de dar o exemplo e ser um modelo de respeito pelos tais direitos...
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