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O livro que levava para uma ilha perdida se só pudesse levar um

 

Odisseia de Homero


 

 

 

A história das venturas e desventuras de Ulisses na viagem de regresso a casa -Ítaca- depois da guerra de Tróia. É um livro cheio de histórias -de aventuras, histórias de amor, de amizade, de horror, etc.- que entretêem, fazem pensar e sonhar e podem ler-se vezes vezes sem conta, sem cansar. Pode abrir-se ao calhas e ler uma história como a das Sereias ou do Ciclope assim como pode ler-se de trás para a frente, quer dizer, imaginar que é uma viagem na memória de Ulisses. Enfim, é um livro tão completo e versátil que não cansa nem enjoa.

 

(E assim chegámos ao fim deste desafio de, 30 dias, 30 livros. Teve piada e fez-me regressar a alguns livros já meio esquecidos. Podia ter feito o desafio para 100 dias que não faltavam livros. Tinha piada que alguém pegasse nesta ideia e fizesse a sua própria lista de 30 livros porque é interessante ver os livros que são importantes para os outros e, eventualmente, lê-los.)

 

publicado às 20:53

 

 

 

Um livro que marcou a adolescência

 

Arquipélago de Gulag de Alexandre Soljenitsine

 

 

 

 

Li este livro, nesta mesma edição, quando tinha treze/catorze anos. Nessa altura éramos mais politizados do que são os miúdos, hoje. O 25 de Abril era recente, o país vivia em constante sobressalto político, estávamos a par de todas as notícias e desenvolvimentos políticos. Eu estava no Alentejo e andava obcecada, já desde algum tempo, com a questão nazi e todo aquele horror do holocausto.

Tinha lido todos os livros que havia lá em casa sobre o assunto: o 'Mein Kampf', 'Hagganah', 'Como Salvaram Um Milhão de Judeus' 'A Noite dos Facas Longas' e vários livros de relatos de sobreviventes dos campos.

Não conseguia apreender a maldade e a falsidade das pessoas. A incapacidade de verdade para consigo próprias e, também, o facto de a realidade poder ser completamente desestruturada de um dia para o outro. Num dia a vida ser a rotina expectável e, no dia a seguir, o absoluto caos e incerteza. Não percebia porque é que nunca ninguém me tinha avisado que isso era possível.

Foi neste contexto que peguei no livro do Soljenitsine que era um livro muito falado na época, pois tinha sido contrabandeado para o Ocidente às escondidas e o autor exilado. Ia à procura de respostas e queria testemunhos directos de pessoas inteligentes e lúcidas, pessoas que tivessem percebido o que se passava, no momento em que se passava e pudessem dar-nos explicações causais para certos comportamentos. Ingenuidade...

Li este livro duma ponta à outra sempre com uma sensação de angústia e mal-estar permanentes mas sem conseguir parar de ler: as injustiças, a arbitrariedade da vida nas mãos de criminosos, os métodos da NKVD, as estratégias malignas do Lenine, aqueles julgamentos populares encenados para condenar inocentes, o desorientação e sofrimento das pessoas, o calvário de um 'zek' na Lubianka, primeiro, e depois nos campos, a tortura, o heroísmo inglório de alguns, o horror das vidas à mercê de criminosos, sem direitos, sem esperança. Um pesadelo permanente. Vivi, durante muito tempo, com o Comissariado do Povo e o horror do julgamento do Zinoviev na cabeça.

Aprendi muito com este livro. Ainda hoje me uso dele como uma grelha de interpretação de pessoas, comportamentos e situações. Está lá tudo. É uma espécie de inventário de situações e comportamentos humanos. De A a Z, cobre-as todas, da melhor à pior.

 

 

publicado às 19:39

 

 

 

Melhor biografia/autobiografia

 

Desert Queen, The Extraordinary Life of Gertrude Bell: Adventurer, Adviser to Kings, Ally of Lawrence od Arabia by Janet Wallach


 

 

 

Gertrude Bell (1868-1926) teve um papel fundamental na criação do Médio Oriente depois da primeira grande guerra. Algumas das façanhas que se atribuem ao Lawrence da Arábia, na realidade devem-se a ela. Não foi apenas uma viajante intrépide, mas inconsequente, não. A sua história está ligada à história do mundo árabe do pós-guerra.

Li este livro num ápice. Num fim de semana, ou isso, apesar de ser um livro de 400 páginas de letra pequenina. É que, não só está admiravelmente escrito, como a história da vida desta mulher poderosa de quem nunca tinha ouvido falar, é extraordinariamente cativante e, às vezes, raia o inacreditável.

Gertrude Bell é uma daquelas pessoas de quem se diz que é larger than life. Na fotografia que aparece na capa, tirada em 1921 na Conferência do Cairo, ela aparece entre Churchill e T. E. Lawrence.

Era oriunda duma família abastada de Newcastle, onde estão agora todos os seus documentos: diários de viagem, milhares de cartas e de fotografias arqueológicas e papéis pessoais. Foi uma das primeiras mulheres a graduar-se na Universidade de Oxford. Viajou pela Europa e pelo mundo e, nessas viagens, ganhou um encantamento pelo mundo árabe e pelo deserto. Aprendeu as línguas arábicas e fez, sozinha, viagens arqueológicas, atravessando os vastos desertos. Nessas aventuras, com histórias mirabolantes, travou conhecimeno e ganhou o respeito e confiança dos chefes das tribos e dos xeiques cujos territórios atravessava. Por causa disso, mais tarde, o governo britânico contratou-a como principal conselheira e intermediária nos assuntos árabes. Sendo conselheira de Lawrence, a quem fornecia informações, foi mais tarde conselheira do princípe Faisal, na construção do estado do Iraque.

É um livro extraordinário, que vale muito a pena ler. Eu gosto muito de biografias. Acho inspiradora a vida de alguns outros que foram mais longe ou viram mais longe ou foram capazes de mais que o comum das pessoas. Exemplos positivos do melhor que os seres humanos são capazes. Talvez seja infantil... uma necessidade de heróis...? ... não sei, mas gosto de saber que existiram pessoas destas no mundo. Pessoas que foram seres humanos excepcionais. Talvez isso seja um indicador de que ainda as existem e, talvez eu precise de acreditar nisso para anular o peso das outras, que são legião...

 

publicado às 21:12

 

 

 

Livro favorito da editora favorita

 

The Folio Golden Treasury: The Best Songs and Lyrics in the English Language

 

 

 

 

 

A The Folio Society é a minha editora favorita. Foi fundada por Charles Ede e mais dois sócios que se lhe juntaram, em 1947, contra todas as opiniões que os desaconselhavam de investir em livros, em plena crise pós-guerra. Tinham intenção de editar livros bons em encadernações dignas do seu conteúdo e, a preços comportáveis. E foi exactamente o que fizeram. Olhe-se para esse livro aí em cima. Vem encadernado com um padrão em ouro com a lira do bardo. Por dentro o papel tem aquele tom e textura de cremosidade tão de acordo com o tema... É uma antologia de poesia inglesa. O interior dos livros da Folio são sempre consistentes com o seu conteúdo, as ilustrações excelentes e, a encadernação sublinha toda essa coerência.

Esta antologia de mais de 7oo páginas cuidadas com selecção dos melhores poetas ingleses, numa encadernação de luxo, anda à venda na internet por menos de 20 libras!

A maior parte dos livros da Folio andam por aí à venda por 5 e 10 libras. Alguns são pequenos tesouros literários em roupagem lindíssima. São objectos de leitura e objectos de prazer, como convém a um bom livro. Editam livros fabulosos e autores que nem sabíamos que existiam.

Podemos ser sócios da editora comprando quatro livros por ano, o que é um sacrifício, porque apetece sempre comprar mais. Na época dos saldos é precisa muita contençao para não gastar ali imenso dinheiro. Depois, oferecem-nos pequenos grandes mimos, desde livros a agendas anuais temáticas e outras coisas, sempre com o bom gosto que os caracteriza.

 

publicado às 14:08

 

 

 

O conto infantil preferido

 

O Rouxinol e a Rosa de Oscar Wilde

 

 

 

 

 

Oscar Wilde escreveu estes contos infantis para os filhos: 'O Príncipe Feliz', 'O Gigante Egoísta' e outros. De todos o meu preferido era, e é, 'O Rouxinol e a Rosa', onde o rouxinol dá o sangue do seu coração para criar uma rosa vermelha para o estudante apaixonado e ele acaba por jogá-la fora, para a sargeta. Já quando era miúda achava este conto duma tristeza sem perdão.

Os bons contos infantis têm sempre um lição moral qualquer mas, os muito bons têm algo de verdade sobre o mundo e a vida por detrás de todos aqueles meandros de imaginação e acho que as crianças o detectam, mesmo que de forma não consciente.

 

Este conto acaba assim, Que coisa tola, o amor! - Resmungou o estudante, afastando-se- Não tem metade da utilidade da Lógica, porque não prova nada, está sempre a dizer coisas que não vão acontecer e a fazer-nos acreditar em coisas que não são verdade. De facto, não é nada prático e, nesta época em que ser prático é tudo, o melhor é eu voltar para a Filosofia e estudar Metafísica.

- Dito isto, retornou ao seu quarto, agarrou num grande livro empoeirado e começou a ler.

 

Os bons contos infantis também têm lições para adultos, por assim dizer, como se vê pelas palavras finais deste, onde o estudante vai estudar Metafísica para conseguir 'algo prático' que lhe seja mais útil que o amor :))

 

publicado às 13:29

 

 

 

O livro de arte preferido 

 

The Holy Land and Egypt and Nubia de David Roberts

 

 

 

 

 

Os dois volumes têm as 247 litografias à escala original e são acompanhadas, cada uma delas, por um texto. São lindos.

David Roberts nasceu em relativa pobreza, perto de Edinburgh. Passou anos e anos a desenvolver o seu talento artistíco. Tornou-se conhecido, primeiramente, como pintor de paisagens. Viajava para pintar. Em 1838 viajou para o Egipto e Terra Santa com uma equipa de seis homens. Ficou imeditamente encantado com as pirâmides, os templos de Dendera e de Karnak, Abu Simbel... pintava com grande afã. Depois foi para a Palestina através do deserto do Sinai. Quando voltou a Inglaterra trazia umas centenas de pinturas. Fez uma exposição e depois começou a vender as litografias em grupos de seis, porque a edição era difícil e cara. Tinha mais encomendas do que era capaz de publicar e, desde então, só muito raramente o trabalho foi reproduzido na íntegra e, muito menos vezes ainda, na escala original.

Ainda hoje, passados 200 anos, as imagens que cativou do Egipto são as que habitam o nosso imaginário do Oriente.

 

 

 

 

publicado às 22:10

 

 

 

Um livro que pensava ser um bocado aborrecido e acabou por adorar

 

Cairo, A Cidade Vitoriosa, de Max Rodenbeck, Publicações Europa-América

 

 

 

David Roberts

 

 

Cairo -Al-Qāhira-, o lugar mítico da batalha entre Seth e Horus, onde este perdeu o olho e a cidade se ergueu.

Comprei este livro em 2008, uns meses antes da viagem que fiz ao Egipto. Tenho esse hábito de antecipar o prazer das viagens lendo sobre os locais que vou ver. Descobri a importância disso quando fui à Grécia, porque, tendo estudado a cultura grega, reconheci muitos locais e, por causa dos livros que lera, aproveitei melhor o seu significado. Esse significado é uma ruptura com a indiferenciação própria de quem vê coisas pela primeira vez sem nada saber delas. No caso de Atenas, em alguns sítios, quase podia ver os filósofos discutindo sobre um assunto qualquer, Demóstenes discursando na Assembleia ou o Alcíbíades exibindo-se pela cidade.

Foi assim que resolvi ler sobre o Cairo antes de lá ir e comprei este livro. Muitos livros sobre países e cidades são secos e um bocado aborrecidos. Dão muita informação, geralmente organizada por assuntos: demografia, história, geografia, etc. Mas não este livro! Este livro não tem uma página aborrecida. É escrito por um jornalista americano que viveu muito tempo no Cairo. Conta, de maneira verdadeiramente apaixonada e apaixonante, a história dos seus 5000 anos, conseguindo dar conta da história fascinante e da multiplicidade de culturas que ali se cruzam desde o tempo dos faraós, passando pela glória medieval, os mamelucos, a invasão dos turcos, dos britânicos, do Napoleão... conta a grande história e a pequena história, percorre os diferentes bairros da cidade, anda pelos bazares, pela rua velha, que se mantém inalterável, no aspecto e nos cheiros a especiarias, vai à cidadela, ao bairro copta, a heliópolis, à cidade dos mortos, a Giza, já nos arredores, ao Nilo e ao deserto. É ao mesmo tempo um livro de aventuras, um relato histórico e um guia de viagem.

 

 

   O consumidor de ópio encontrava prazer imediato...

   Enquanto que a risada do bêbado estava no auge.

   Copos cheios por baixo da lua cheia...

   Enquanto poetas cantavam a mais suave das árias.

 

   Agora o tempo apagou estas recordações...

   Oh olhos, derramam lágrimas de dor. Oh coração, aguenta!

   E os favores de Deus abençoaram aqueles dias de alegria quando o Cairo era seguro.

 

    Badr al-Din, queixando-se da degradação do Cairo,no séc. XV, citado por Rodenbeck

 

publicado às 22:14

 

 

 

Livro de poesia preferido

 

Obra Poética de Fernando Pessoa, editora José Aguilar, 1960

 

 

É esta que se vê aqui em baixo. Tem a lombada desgastada e já sobreviveu a um incêndio. Era da minha mãe (por isso tem um duplo valor) e desde que me lembro sempre o vi na mesa de cabeceira dela. Está marcado por ela de vários modos: escreveu nele o nome, deixou marcas nas páginas dos poemas preferidos - um pézinho com duas rosinhas de Santa Teresinha secos na página 443 para marcar que texto...? 

 

    "Abramos a janela... Tarde, tarde...

     É tarde... Eu outrora amava a tarde

     Com seu silêncio suave e incompleto

 

ou talvez, "Quem sente chora mas quem pensa não"...? Em outras páginas há um santinho, uma vinheta de uns Bombeiros Voluntários. Acrescentei-lhe umas marcas minhas. Já lhe peguei tantas vezes que parece que se ajeita à minha mão.

Agora abri-o ao calhas e vi isto e fez sentido, como tudo o que  neste livro se lê:

 

  "Porque há em nós, por mais que consigamos

  Ser nós mesmos a sós sem nostalgia,

  Um desejo de termos companhia -

  O amigo como êsse que a falar amamos"

 

 

 

 

 

 

 

publicado às 21:48

 

 

 

Um livro assustador

 

DSM - The Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) published by the American Psychiatric Association

 

 

Vincent van Gogh Corridor in the Asylum (1889)


 

 

... que já vai na na 5ª edição, é o manual mais usado no planeta para diagnosticar doenças mentais. Nele consta "tudo o que pode ocorrer de errado com o ser humano" (Book of Lamentations by Sam Kriss) desde acreditar que alguém que lhe é próximo foi substituido por um impostor (síndrome de Capgras), preocupar-se obsessivamente com a maneira como os outros o vêem, com a sua imagem, prestígio e aparência tendo a ilusão de ter enorme relevância e poder (narcisismo), arrancar cabelos compulsivamente (tricotilomania), acreditar que se está morto (síndrome de Cotard) ou acreditar-se que se está em outro local que é uma réplica do local em que se está (paramnésia reduplicativa).
 


publicado às 17:26

 

 

 

Um livro que tenha aberto a porta a um interesse

 

Histoires D'amour de L'histoire de France de Guy Breton

 

 

 

 

São nove volumes dessa edição que se vê aí. Eram da minha mãe, agora são meus. A História começa no Clovis e vai até Gambetta. É a História de França contada a partir do boudoir. É a história das intrigas, das (e dos) amantes, dos corredores dos palácios.

Comecei a lê-los quando andava na faculdade porque de repente precisei de melhorar exponencialmente o meu francês para ler dezenas de livros de filosofia.

Acho que foi o primeiro contacto a sério que tive com a história de França e, como os livros estão escritos com um humor extraordinário, uma refinada ironia e um imenso talento para pintar uma cena comprometedora, li-os todos de enfiada com muito prazer. À conta disso e, porque os livros abarcam quase toda a história daquele país desde a fundação, fiquei, de repente, com uma visão global do desenvolvimento da França enquanto nação. Mais tarde, quando já lia o francês como se fosse português, voltei a lê-los, ainda com mais deleite.

Sendo uma história da pequena história, não deixa de ser uma história. O autor não inventa nada e nestes nove volumes somos introduzidos na vida da corte francesa e apresentados aos seus personagens mais cativantes e interessantes. Por causa destes livros interessei-me pela História de França: pela época de Clovis, de Henrique IV, dos Luíses, da Revolução, de Bonaparte, etc. De modo que, estes livrinhos, abriram-me as portas do interesse pela História e cultura francesas, que ainda hoje tenho.

 

publicado às 22:35

 

 

 

Um livro que anda para ler há muito tempo e ainda não leu

 

Ulisses de James Joyce

 

 

 

 

Ulisses: vinte e quatro horas na vida de Leopold Bloom, no dia 16 de Junho de 1904.

Comprei esse livro há cerca de vinte anos. Tenho-o numa edição da Civilização Brasileira, tradução de António Houaiss. Não sei porque nunca o li. Abro-o muitas vezes, leio uma passagem ou uma página, às vezes duas, ao acaso. Tento imaginar em que hora do dia nos encontramos, quem são os personagens, o que os liga uns aos outros ou, em que andar da arquitectura interior de Bloom estamos e que portas se vão abrir. Uma espécie de exercício de 'voyeurismo'. Mas ainda não tive aquele desejo de o ler de princípio a fim. Tenho cá outros livros que nunca li mas por falta de tempo, não de desejo. Mas este... quando lhe pego, nunca me parece a melhor altura para explorar o labirinto interior do senhor Bloom.

 

publicado às 18:22

 

 

 

Título favorito

 

O Homem Que Confundiu a Sua Mulher Com um Chapéu de Oliver Sacks

 

 

 

 

O livro conta a história de vários pacientes com prosopagnosia. Também conhecida como cegueira facial, a prosopagnosia é uma deficiência da percepção que afeta o sistema nervoso. Basicamente, as pessoas que sofrem desse problema têm dificuldade em reconhecer os rostos de pessoas ao seu redor – já que essa tarefa seria responsabilidade de uma área específica do cérebro que, nos doentes, estaria danificada.

É, normalmente, acompanhada de outros tipos de dificuldade de reconhecimento (plantas, carros, expressões faciais e emoções). A doença pode criar vários problemas sociais e, em casos mais extremos, os pacientes têm dificuldades até para reconhecer a própria imagem em um espelho.

O caso mais trágico retratado no livro é sobre um músico que não sabia que possuía esse defeito e que, realmente confundiu a sua mulher com um chapéu e tentou colocá-la na cabeça (como, só é possível imaginar).

Oliver Sacks, ele próprio, sofre de prosopagnosia.



publicado às 21:20

 

 

 

Um livro que todos deviam ler

 

A Theory Of Justice, John Rawls

 

 

 

 

Retomando a teoria do contrato social, Rawls propõe-se a responder de que modo podemos avaliar as instituições sociais: a virtude das instituições sociais consiste no fato de serem justas. Em outros termos, para o filósofo norte-americano, uma sociedade bem ordenada compartilha de uma concepção pública de justiça que regula a estrutura básica da sociedade. Com base nesta preocupação, Rawls formulou a teoria da justiça como equidade. Mas, como podemos chegar a um entendimento comum sobre o que é justo?

 

Para chegar a tal resultado, ele imaginou uma situação hipotética e histórica similar ao estado de natureza (chamada de posição original) na qual determinados indivíduos escolheriam princípios de justiça. Tais indivíduos, concebidos como racionais e razoáveis, estariam ainda submetidos a um "véu de ignorância", ou seja, desconheceriam todas aquelas situações que lhe trariam vantagens ou desvantagens na vida social (classe social e status, educação, concepções de bem, características psicológicas, etc.). Desta forma, na posição original todos compartilham de uma situação eqüitativa: são considerados livres e iguais.

 

Os princípios de justiça, que são assim descritos por ele:

Princípio da Liberdade: cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema de liberdades básicas iguais que sejam compatíveis com um sistema de liberdade para as outras.

Princípio da Igualdade: as desigualdades sociais e econômicas devem ser ordenadas de tal modo que sejam ao mesmo tempo: a) consideradas como vantajosas para todos dentro dos limites do razoável (princípio da diferença), e b) vinculadas a posições e cargos acessíveis a todos (princípio da igualdade de oportunidades).

 

Tais princípios exercem o papel de critérios de julgamento sobre a justiça das instituições básicas da sociedade, que regulam a distribuição de direitos, deveres e demais bens sociais. Eles podem ser aplicados (em diferentes estágios) para o julgamento da constituição política, das leis ordinárias e das decisões dos tribunais. (Wiki)

 

publicado às 16:00

 

 

 

O melhor livro de viagem

 

Pathfinders Of The American West, The Journals of Lewis & Clarck




"The work we are now doing is, I trust, done for posterity, in such a way that they need not repeat it… We shall delineate with correctness the great arteries of this great country; those who come after us will… fill up the canvas we begin." (Thomas Jefferson)


 

Estamos no início do século XIX, os EUA compraram o Louisiana e o Presidente Jefferson quer mapear o território de costa a costa, quer saber se há uma passagem navegável que ligue o Atlântico ao Pacífico, quer iniciar relações comerciais com os índios, quer saber da fauna e da flora do território.

Lewis e Clark foram os exploradores desta viagem encomendada pelo Presidente e pelo Senado americano com instruções muito pormenorizadas. Eles foram antropólogos, geógrafos, botânicos, diplomatas, comerciantes e caçadores. Foram dois anos de aventuras e peripécias extraordinárias numa luta para vencer as adversidades do terreno, das tribos índias e num permanente estado de admiração pela grandiosidade e beleza das paisagens.

Conhecemos a viagem em pormenor porque eles escreveram um diário onde iam anotando tudo o que viam e acontecia bem como acrescentavam desenhos da fauna, das paisagens, etc. Sabemos até tudo o que compraram para a viagem, desde a quantidade de tabaco ao número de ceroulas.

O livro é extraordinário. A descrição das grandes quedas de água de Celilo começa dias antes de as verem porque o ruído ouve-se a quilómetros de distância e sentimos a excitação da antecipação. A visão das grandes planícies pejadas de animais, das Montanhas Rochosas e de muitos outros sítios nunca antes vistos a não ser pelos índios é excitante, para eles, que as exploraram e, para nós, que os acompanhamos na viagem uns séculos depois.



publicado às 22:30

 

 

 

Livro preferido da colecção preferida na infância

 

Os Cinco na Ilha dos Murmúrios de Enid Blyton

 

 

Os Cinco na Ilha dos Murmúrios

 

 

Quando era miúda de dez anos adorava estes livros. Li-os todos várias vezes, sobretudo os preferidos, como este. Os cinco eram, três irmãos, mais a prima -a Zé, a minha personagem preferida, porque era uma maria-rapaz- e o cão, Tim.

Os livros são fabulosos para essas idades. Os cinco estavam sempre um passo à frente da polícia e uniam-se para enfrentarem os perigos de aventuras fantásticas onde sobressaia a coragem, a lealdade e a amizade que os unia. As aventuras passam-se no ambiente rural onde a família dos irmãos tem uma propriedade. Os miúdos andam o dia todo à solta por ali a explorar e acabam por meter-se sempre em sarilhos. Pelo meio há sempre passagens secretas, casas em ruínas, piqueniques, limonadas, bolos de framboesas, passeios à borda de penhascos, dentro de rios, raspanetes das mães... era fácil identificarmo-nos com este tipo de vivências.

 

publicado às 20:49

 

 

Um livro que tenha mudado a sua maneira de pensar sobre um assunto

 

Epic: The Story of the Waffen SS de Leon Degrelle

 

 

 

 

Leon Degrelle foi um belga das SS altamente posicionado na Alemanha nazi. Era amigo do Hitler, do Himmler, do Mussolini, do Rivera e de outros fascistas espanhóis que o ajudaram, depois da guerra, a viver exilado em Espanha. Nunca se arrependeu da guerra nem da ideologia nazi de que se orgulhava.

O livro mais conhecido dele chama-se, 'Hitler: born at Versailles' onde conta a história, por dentro (uma vez que conhecia os nazis importantes e andou metido com eles desde o início), do período entre as duas guerras e de como o Hitler se catapultou para o poder. O livro está muito bem documentado e, para quem se interessa por este período é obrigatório.

No entanto, o livro dele mais interessante, do meu ponto de vista, é este pequenino, com menos de setenta páginas, muitas das quais fotografias, onde conta a história das Waffen SS, que ele mesmo ajudou a criar.

O que surpreende e muda a nossa maneira de ver as coisas é saber (e mais uma vez o livrinho está muito bem documentado) que as SS no seu auge tinham 1 milhão de indivíduos, dos quais apenas 400 mil eram alemães, sendo que os outros 600 mil era franceses, ingleses, espanhóis, húngaros, austríacos, dinamarqueses, suecos, finlandeses, ucranianos, checos e por aí fora - no livro só não se referem portugueses :)

Quer dizer, a ideologia nazi desenhou as SS para serem uma tropa de elite, não alemã (embora por eles chefiada) mas europeia, que lutasse pelos ideais, cultura e raças europeias contra o comunismo e o resto do mundo judaico e bárbaro. Tinham campos com uma filosofia próxima do que hoje fazem as empresas sob o nome de, 'team building' - quem sabe se não se inspiraram nos SS...

O que surpreende é que essa campanha teve a adesão imediata, de milhares de jovens europeus que foram a correr para a Alemanha, juntar-se aos nazis, para fazerem parte duma elite racial e cultural dominante na Europa.

O que supreende é saber que esses jovens andaram a lutar pelos nazis contra os próprios povos.

O que surpreende e choca é percebermos que a ideologia nazi era, nessa altura antes da guerra, altamente popular em toda a Europa, ao contrário do que, após a guerra quiseram fazer crer e, que os famigerados SS tão temidos pelos Aliados eram, na sua maioria, constituídos por indivíduos oriundos dos próprios países Aliados.

Isto mudou a minha maneira de pensar sobre a relação entre a Europa nazi e não nazi que, finalmente, eram uma só Europa, pelo menos no que respeita a um milhão de jovens SS e sobre a hipocrisia das pessoas em geral, alemãs e não alemãs.

 

Para quem quiser ler o livro: Epic: The Story of the Waffen SS : Leon Degrelle : Free Download ...

 

publicado às 20:42

 

 

 

O livro mais antigo que possui

 

Poesies de Monsieur le marquis de La Farre (1777). Author: La Fare, Charles-Auguste






Duas linhas:


Chaque lune après l'autre fuit

Chaque jour au dernier nous mène



publicado às 23:16

 

 

 

O livro mais pequeno que possui

 

Os Lusíadas de Camões em dois volumes que medem, cada um, 5,2 cm x 6,5 cm. São esses mesmos que se vêem aí em baixo.

 

 

 

publicado às 18:51

 

 

 

Um livro com um desfecho surpreendente

 

Os Maias de Eça de Queiroz

 

 

 

 

Quando li o livro pela primeira vez não estava nada à espera da situação do incesto e foi uma supresa total.

 

publicado às 23:20

 

 

 

O livro mais pictórico que já leu

 

A Selva de Ferreira de Castro

 

 

 

 

 

Este livro tem descrições da selva Amazónica que nos fazem sentir que estamos dentro dela, a vê-la, a ouvir os ruídos dos animais, cheirar os cheiros da resina, sentir a solidão e o medo da noite e dos índios invisíveis.

 

publicado às 21:24


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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