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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Porque mais de 600 mil votos foram deitados fora por não serem votos nos dois maiores partidos. Isto é incrivelmente anti-democrático. Onde eu voto, não poderia votar em partidos pequenos porque os votos não seriam contabilizados. Por conseguinte, na realidade, privaram-me da minha liberdade de voto e o que eu sinto é que estas legislativas foram uma fraude.
Eleitores de primeira e de segunda
Ao contrário do que se possa supor, este não é um problema novo nem recente: em todas as eleições legislativas realizadas em democracia regista-se um volume não despiciendo de escolhas de eleitores «deitadas ao lixo», que variam entre 5 a 10% do total de votos válidos até 2015 e que, em termos absolutos, oscilam entre cerca de 280 a 470 mil votos depositados nas urnas. O que é novo, hoje, é o facto de este entorse democrático atingir, nas legislativas de 2019, um valor acima dos 620 mil votos, que corresponde a 13,4% dos votos válidos, o valor mais elevado de sempre.
dionisio punk
E andamos nisto, numa convergência de confusões entre Estado e partido, entre política e negócios, entre interesses particulares e o interesse geral. Sem exigência, dos titulares e dos cidadãos, andaremos sempre à procura de desculpas, de interpretações e de pareceres para justificar o que o bom senso nunca compreenderá.
Seria possível fazer diferente, mas não há ambiente. No poder, na oposição e na comunidade há um conjunto de equilíbrios construídos num rendimento mínimo político em que todos ganham alguma coisa para anuir.
L’acte XVIII des « gilets jaunes » a été marqué par des saccages, des heurts et 237 interpellations. Reportage au cœur de la manifestation sur les Champs-Elysées.
A 18ª semana dos «gilets jaunes» foi marcada por saques e agressões. Carros em chamas, lojas vandalizadas... os «gilets jaunes», não violentos, observam os black blocs que vieram para destruir. "Eu sou contra a violência mas a violência do Estado enraivece-me, diz um manifestante". "E depois, diz outro, só assim os media e Macron nos ouvem."
Uma nova vaga de violência que obrigou Macron a encurtar as suas férias de sky na estância La Mongie (Hautes-Pyrénées).
Depois de semanas de manifestações mais calmas algumas lojas deixaram de barricar as montras e entradas. Foi o suficiente. Os black blocs começaram por queimar um kiosque e depois atiraram-se ao restaurante Le Fouquet, símbolo da burguesia e destruiram porcelanas, queimaram as mesas postas e as cadeiras. Os «gilets jaunes» observavam sem intervir. De início não era assim e tentavam impedir os black blocs de agredir e vandalizar mas agora já não, 'faz 18 semanas que não nos ouvem', diz um deles. 'Dantes faziam-nos medo mas agora não. São eles quem faz isto avançar, nós somos demasiado pacifistas'.
É exactamente isso o que dizem agora muitos, 'Tomámos consciência que só nos ouvem quando partimos tudo e, às vezes, nem mesmo assim.' diz um director de um centro de lazer, de 37 anos. Isabelle, 60 anos, 'se fosse mais nova também ia à luta. É a violência do Estado a primeira violência, É ela que nos dá raiva'.
Lojas destruídas: Boss, Etam, Al-Jazeera Parfums, Nike, Swarovski, Bulgari, Longchamp, SFR... Jennifer, operária de 39 anos, vinda de Rouen para a manifestação diz que antes tentavam impedir a destruição mas que agora lhe é indiferente e quando viu Le Fouquet ser destruído, não ficou contente mas também não é contra.
Ana, uma carteira de 33 anos vinda de Toulouse é ainda mais directa, 'é genial que isto parta porque a burguesia está de tal maneira abrigada na sua bolha, que é preciso que tenha medo, fisicamente, pela sua segurança, para que ceda. Ficava contente de não ser preciso isto para obtermos a RIC [Référendum d’initiative citoyenne] e o resto mas não é possível'.
Os manifestantes cantam, «Macron, on vient te chercher chez toi». Martine, 60 anos e administrativo num hospital de Toulon felicita-se por não baixarem os braços e o seu marido diz, 'a certa altura é preciso exprimirmo-nos com força porque há 4 meses que isto dura e está tudo na mesma'.
Um grupo de à Châteauroux mobilizou-se e veio a paris, 'O nosso território está desertificado e os serviços públicos desapareceram. A maternidade, o comboio de Paris deixou de parar lá, para ver um oftalmologista temos que esperar um ano'.
Queimaram um banco. Isto foi no dia 16 de Março. A polícia disse ontem que está no fim das forças e já não aguenta. Os «gilets jaunes» já marcaram mais manifestações.
'É preciso partir tudo para que as pessoas sejam ouvidas?' Parece que sim. Em França as pessoas que compõem os «gilets jaunes» são aos milhares, não são imigrantes, são pessoas da classe média que suportam os desmandos do Estado com uma carga enorme de impostos, que são atirados para fora das cidades pelo preço da especulação das multinacionais abutres, que trabalham cada vez mais horas em piores condições para chegarem ao fim do mês sem dinheiro para pagar as contas, enquanto vêem a classe dos banqueiros, dos políticos e dos empresários enriquecer continuamente, mesmo com fraudes, burlas, esquemas de despedir milhares de pessoas para meter a mão no dinheiro dos seguros, etc. e tudo isto com o apoio dos políticos.
Por cá não é diferente. Fizémos uma revolução para acabar com um país onde meia dúzia de famílias governavam e se governavam no país. Não foi para isto que se fez a democracia, para avançar as carreiras das famílias dos políticos. Não trabalhamos cada vez mais e a ganhar menos para servir corruptos. Chamam-nos a pagar as burlas dos corruptos, a sustentar-lhes os esquemas de burla e depois somos atirados ao lixo pelo poder político com a maior das arrogâncias, enquanto se fecham na sua bolha de amigos e família e atribuem a si mesmo privilégios e mordomias de quem se serve do Estado e não de quem o serve. De facto, a certa altura é normal que as pessoas se perguntem, 'Mas é preciso partir isto tudo para que larguem a arrogância soberba e nos ouçam?'
Não é isto a democracia. Não foi para isto que se fez a revolução. E não, isto não é nem pode ser o normal funcionamento de uma democracia. Familiares na política? “É o funcionamento normal da democracia”. E a polémica é culpa das eleições, diz o PS. A democracia existe para fazer avançar a sociedade e não os familiares dos políticos que se servem do Estado para progredir nas suas vidas como se o país fosse seu feudo. A nossa democracia é governada, há muitos, muitos anos, por pessoas sem valores democráticos, sem respeito pelos trabalhadores e coniventes com os grandes burlões da banca e com incompetentes que espalham pelos cargos para poder fazer e desfazer o que querem à vontade sem nenhuma resistência. Este modo corrupto de fazer política espalhou-se pelas autarquias e por todo o lado.
As escolas, por exemplo, estão cheias de irmãos, primos, casados, filhos e cunhados que são um grande entrave a um trabalho sério e objectivo e uma grande promoção de medíocres. E quanto a isto mais não posso dizer para não arranjar chatices para a minha pessoa que já basta as que tenho há anos por causa deste sistema de feudo que se impregnou por todo o lado no país e com que não me conformo. Não foi para isto que se fez a democracia.
Qualquer dia também aqui se fará essa pergunta, 'É preciso partir tudo para sermos ouvidos?'.
É preciso mudar e melhorar o sistema democrático mas os nossos políticos vivem em circuito fechado e indiferentes à erosão que provocam, lenta mas inexoravelmente, no tecido democrático que assenta na confiança na benevolência, honestidade e tendência para a equidade das instituições.
Ainda agora fecharam os olhos aos advogados que estão na AR em conflito de interesses como fecham os olhos à pouca-vergonha dos familiares espalhados como um polvo por todos os cargos. E as ajudas de custo, e as faltas e os banqueiros e administradores que andam de cargo em cargo a estragar por onde passam. E ninguém é responsabilizado a não ser o coitado que não pagou 10 euros.
Qualquer dia também aqui se fará essa pergunta, 'É preciso partir tudo para sermos ouvidos?'.
Como isto já ultrapassou todos os limites da falta de ética e de pudor político, é preciso fazer a pergunta: estas nomeações de famílias inteiras para o governo para mexerem em dinheiros públicos é apenas uma falha de carácter de Costa ou, estará ele, intencionalmente, a querer acabar com a democracia enquanto regime que tende para a equidade e mérito para passar a ter um regime classicista edificado sobre a normalização da corrupção da nomeação que garanta a sua perpetuação no poder, se não directamente, através dos seus familiares e amigos?
Para mim é evidente que nem o Costa nem os governantes com familiares momeados nem os próprios familiares nomeados têm mérito político. Alguns até podem até ser bons técnicos, o que também não parece ser o caso dadas as deficiências de currículo para os cargos mas, mesmo que o sejam, um cargo político onde se tomam decisões de políticas públicas precisa de pessoas com mérito político e não apenas meros técnicos. Os técnicos são as pessoas de quem os políticos se rodeiam para aconselhamento antes de tomar decisões políticas, de modo a estarem na posse de todas as informações pertinentes, os políticos têm que nortear-se por valores, neste caso, valores democráticos, i.é., a equidade, a justiça, a igualdade de oportunidades, a redistribuição da riqueza gerada pelos impostos, o mérito, a valorização da diversidade, da independência, da imparcialidade, etc.
Coisas simples: a virtude é uma qualidade positiva, benéfica, de carácter, que torna a pessoa melhor em si mesma, nas suas intenções e nas suas acções. O vício é uma qualidade negativa, maléfica, que torna a pessoa pior em si mesma, nas suas intenções e nas suas acções.
A virtude política é a ética, sem a qual, em vez de gerir a coisa pública para o bem de todos, dentro do possível, o governante se torna um comerciante de interesses e de favores. Por conseguinte, o mérito político está na sua virtude que é a ética e o demérito no seu vício que é a mercância de interesses individuais. Um político tem que nortear-se por princípios éticos, caso contrário cai no vício, perde a noção do seu dever e a finalidade do seu trabalho.
Costa, com estas nomeações, quer poder exercer o poder sem nenhum contraditório, o que consegue, pois estes nomeados, pela posição de fragilidade em que estão, dada a sua nomeação de favor, não têm nenhum possibilidade de exercer autonomia no trabalho (percebemos muito bem o que é agora o dia a dia do governo, 'Oh Vieira, diz aí à tua filha que precisamos que aprove isto e aquilo...' e etc.)
Ora, um político que afasta vozes discordantes e independentes mostra, nesse comportamento, autoritarismo e incapacidade de entender o 'outro' como uma voz legítima e importante. Não podendo mandá-lo calar ou prender (que era o que faria se pudesse, o que se viu na reacção às greves), retira-lhe a legitimidade rodeando-se de pessoas que executam as ordens sem mais e dispensam a atenção à crítica.
Que o Costa não tem valores democráticos, só um cego/dogmático o nega, tendo em conta o seu comportamento, sobretudo neste último ano e meio, que ao início da governação ainda não tinha o descaramento que agora tem. e porque é que o tem?
Se estas nomeações de famílias inteiras (e sabe-se lá dos familiares em cargos menores da administração pública que não são falados) tivessem sido feitas pelo governo anterior já havia uma revolução mas os jornais estão na mão do irmão e amigos e dos sicofantas do regime de modo que até o Presidente da República, uma pessoa que tínhamos na conta de pessoa com mérito político, na ganância de ser eleito outra vez, diz que é normal. Dizer na mesma frase que é normal famílias estarem na maior promiscuidade no governo com a mão no saco do dinheiro e que é normal os trabalhadores serem prejudicados nas suas justas reivindicações é o estado a que chegámos com este governo da pseudo-esquerda e este pseudo-Presidente do povo.
Que os nomeados tenham aceite os cargos neste quadro de ausência de voz independente mostra a sua falta de mérito político, isto é, de consciência do dever de nortearem-se por princípios éticos. Como estão a ser lançados por Costa para serem futuros ministros e administradores públicos, o que nos espera é assustador... espera-nos a perpetuação deste sistema anti-democrático.
Depois, as coisas acontecem como se vê nesta noticia Com as empresas da mãe e da companheira, Jorge Barnabé (ex-assessor do PS) já faturou mais de um milhão de euros com câmaras socialistas do Baixo Alentejo. São nomeados e deixam lá os links para as empresas e interesses dos familiares de maneira que, mesmo quando saem dos cargos, continuam a ir aos cofres públicos.
Todos os que contribuem, directa ou indirectamente para esta decadência da vida democrática são responsáveis pelo que vier a acontecer porque as acções, toda a acção, quer queiramos ou não, muda, por pouco que seja, o decorrer do curso das coisas e, nenhuma acção existe sem consequências.
... entre os quais se contam a parelha de quem não falo para não me enervar é a comunicação ter deixado de ser unidirecional. Dantes, os governantes falavam, discursavam as suas vaidades, engodos e/ou embustes praticamente sem contraditório. Os jornais faziam o seu trabalho de veículos dos governos do momento, excepto um ou outro jornal ou jornalista decente e com sentido deontológico. Os jornais tinham dois ou três opinidores, influenciadores que eram respeitados e até reverenciados.
A população em geral não tinha maneira de fazer crítica e contraditório do discurso do poder. Mesmo se tinham reivindicações, estas eram intermediadas por sindicatos ou outros mediadores autorizados e, em parte, dominados pelo poder. A critícia era pouca e chegava com grande delay ao poder que pouca importância lhe dava porque eram casos isolados uns dos outros.
Só que agora as pessoas ligam-se directamente umas às outras, funcionam em redes autónomas, livres do controlo governamental.
De repente, com as redes sociais, as pessoas dizem o que pensam sem mediação e sem pedir autorização. Fazem bypass dos mediadores tradicionais, incluindo os jornais. Através do FB ou do WhatsApp ou outra coisa qualquer, trocam informação directamente, cada um informa do seu contexto e, trazem para a praça pública assuntos que em outros tempos nunca sairiam dos gabinetes.
É claro que isso incomoda o poder: habituados a comunicação unidirecional em tom imperativo de assunto fechado à discussão.
Isso ainda se vê nos dois de quem não falo, viu-se a propósito dos enfermeiros, viu-se na equipa da educação que chegou ao ponto de defender que os professores deviam ser proibidos de se poder manifestar a fazer greve, no governo que não sabe dialogar, no incompetente do Montepio que não percebe o mal de fazer os outros pagar as suas multas porque é assim que todos os banqueiros estão habituados a roubar agir e por aí fora.
Agora vêem-se confrontados com a crítica directa e no momento e de repente os seus discursos de vaidade não funcionam a não ser com os arregimentados dos partidos.
Os próprios políticos e satélites que se queixam das redes sociais, são os primeiros a ir para o twitter, o FB e outras redes ameaçar pancada, chamar palavrões a toda a gente que deles discorda, espalhar mentiras, falsas notícias e por aí fora.
Veja-se o que se passa em França com os coletes amarelos. O Macron, de repente, foi obrigado a considerar os interesses de pessoas, trabalhadores, a quem tradicionalmente não liga um átomo.
É a democracia a funcionar e o que isto mostra é a falta de cultura democrática dos nossos governantes que gostavam de poder ter um lápis vermelho e censurar todos os críticos.
Parece que hoje foram para o Parlamento discutir como proibir as fake news. Têm que começar por proibir-se a si mesmos.
Não são as fake news que estão a destruir a democracia, são os partidos políticos que pela sua actuação de cliques e gangs de distribuição de poder e privilégios fizeram a democracia liberal cair em descrédito. Aquilo que era o ideal de muitos países no mundo, a democracia ocidental, nomeadamente a europeia, hoje em dia é vista como pior que as democracias iliberais, justamente pela falta de ética dos governantes e partidos que lideram.
Não é nada de novo, infelizmente. Já Teofrasto, o académico grego sucessor de Aristóteles, em 300 AEC, descrevia os 'boateiros' como indivíduos que disseminavam falsos rumores pela cidade, citando fontes oficiosas para alcançar interesses próprios e prejudicar alheios.
Se os políticos fossem pessoas com valores democráticos e a generalidade dos jornais não fossem sicofantas do poder e, uns e outros, tivessem brio na justeza do que dizem e fazem, seria difícil disseminar falsas notícias... mas como todos os dias são apanhados a enganar, iludir, mentir, corromper, traficar influências, abusar do poder, tentar esconder aldrabices, atribuir aos outros as malfeitorias que fizeram e por aí fora, é fácil acreditar em falsas notícias de boateiros.
... mas é só por tradição. Dizem-me que é costume atraiçoar uma resolução pelo menos uma vez :) e é só porque li esse título e pensei, 'isto cá nunca aconteceria!'
O diplomata Paulo Lourenço é chefe de gabinete do ministro da Defesa há três meses e não está credenciado para poder manusear documentos classificados, o que é uma violação da lei, soube o DN.
Há uma desvalorização geral da legislação. O próprio governo não a cumpre em muitas situações. No caso da educação é mato. O problema é que nós queremos ser um Estado de Direito, logo de leis e não um Estado de força.
Outro problema é: o que o topo da hierarquia faz os de baixo imitam e também já acham que só porque estão nos cargos podem dar-nos ordens de cometer ilegalidades. Depois, admiram-se quando não cumprimos as ordens porque ainda respeitamos o Estado de Direito e não o do 'posso, quero e mando.'
Paulo de Morais
Os partidos, que deveriam ser a essência da democracia, estão a aniquilá-la.
Criados para representar as diferentes visões da sociedade, ao serviço do eleitorado, os partidos políticos estão em fase acelerada de degenerescência. São habitados por elites políticas que esqueceram os cidadãos e tudo fazem agora para manter os privilégios de que se foram apropriando. São os principais responsáveis pela abstenção, pelo desinteresse crónico pela política e pela crise da democracia.
Os partidos nem sequer cumprem a Lei, em múltiplos aspectos, o mais escandaloso dos quais é o desrespeito pela legislação de financiamento político. São recorrentemente condenados, multados pelo Tribunal Constitucional; mas sem quaisquer consequências, porque o Estado sempre permite a prescrição, no tempo, das sanções que aplica.
Estes partidos garantem ainda, apenas para si próprios, financiamentos de Estado permanentes. Usufruem de subsídios públicos de todo o tipo, com os quais mantêm uma máquina de propaganda, ilegítima fora de períodos eleitorais. Só em Portugal há, em permanência, propaganda partidária nas ruas, uma forma de lavagem cerebral sistemática. Utilizam até o domínio público como propriedade sua: são aos milhares os pequenos cartazes ilegais, degradados, apensos a candeeiros públicos, de propaganda ao Bloco de Esquerda e do Partido Comunista. Este lixo urbano deveria ser removido pelas câmaras; o que não acontece, porque os partidos estão acima da lei.
Além de negócios e rendas milionárias, os partidos garantem a sobrevivência económica dos seus apoiantes através da atribuição de muitos milhares de empregos. Usam, para este fim, a Administração Central, as autarquias, as empresas municipais, os institutos públicos. Transformaram-se mesmo na maior agência de emprego do país.
Assim, os partidos tudo fazem para manter o status quo: controlam o sistema eleitoral, impedem a apresentação de alternativas, violam leis, utilizam recursos públicos em seu proveito, manipulam a opinião pública, enxameiam as televisões com comentadores facciosos, censuram todo o discurso contraditório. Ameaçados pelo desmoronar das bases democráticas, preferem apelidar de populista qualquer alvo em movimento, do que realmente regenerar a sua missão. Os partidos, que deveriam ser a essência da democracia, estão a aniquilá-la.
1: Do not feel absolutely certain of anything.
2: Do not think it worthwhile to produce belief by concealing evidence, for the evidence is sure to come to light.
3: Never try to discourage thinking, for you are sure to succeed.
4: When you meet with opposition, even if it should be from your husband or your children, endeavor to overcome it by argument and not by authority, for a victory dependent upon authority is unreal and illusory.
5: Have no respect for the authority of others, for there are always contrary authorities to be found.
6: Do not use power to suppress opinions you think pernicious, for if you do the opinions will suppress you.
7: Do not fear to be eccentric in opinion, for every opinion now accepted was once eccentric.
8: Find more pleasure in intelligent dissent than in passive agreement, for, if you value intelligence as you should, the former implies a deeper agreement than the latter.
9: Be scrupulously truthful, even when truth is inconvenient, for it is more inconvenient when you try to conceal it.
10. Do not feel envious of the happiness of those who live in a fool's paradise, for only a fool will think that it is happiness.
via openculture.com
Estamos atrás de Cabo Verde.
Os autores do documento alertam que o aumento da política de identidade e dos líderes “fortes” que aproveitaram a desilusão com a democracia nos seus países para ganhar poder pode representar “um forte risco” e enfraquecer as instituições.
Para contrariar, sublinham a necessidade de fortalecimento das instituições políticas e de uma persistência nas questões da transparência e da responsabilização e no combate à corrupção, afirmando que desta forma se poderá melhorar a confiança na democracia e nos valores democráticos.
...e nós somos uma democracia à italiana?
Na hora em que escrevo o governo britânico já foi derrotado três vezes pelo parlamento.
... e como promovem apenas aqueles que sabem poder ovelhar.
...
The government overcame similar problems in the surveillance of teachers by arranging for school inspectors to report directly to MI5.
...
The need for the utmost secrecy is stressed repeatedly throughout the files that have been made available at Kew. One SPL chair, John Chilcot, wrote in June 1988: “It is right on balance to continue with this exercise, despite its acute sensitivity and the high risk of embarrassment in the event of any leak.”
Desta vez não mandou mas é uma excepçãp. Nos últimos anos, em grande parte devido às maiorias absolutas, os primeiros ministros estão habituados a tratar o Parlamento, não como um orgão soberano independente, mas como moços de fretes que aprovam ou desaprovam aquilo que a eles lhes dá jeito. Uma democracia de má qualidade é o que temos com esta gente que nos tem governado com o fito de se governarem. Se pudesse mandavam também na Justiça e na Presidência.
Yascha Mounk distingue em, The People vs. Democracy, a democracia do liberalismo. A democracia liberal, diz, tem duas componentes - 'democracia', um conjunto de instituições eleitorais vinculativas que traduzem efectivamente as visões populares em políticas públicas e, 'instituições liberais' que são aquelas que protegem efectivamente o Estado de Direito e garantem os direitos individuais aos cidadãos. Uma sociedade é uma democracia liberal se combina instituições democráticas e liberais. Segue-se que algumas sociedades podem ser democráticas mas não liberais ou liberais mas não democráticas.
Em seu entender, a essência do populismo está em oferecer soluções fáceis a problemas complexos, aproveitando-se do facto dos eleitores não querem ouvir dizer que o mundo é complexo e que não há soluções imediatas para os seus problemas. Face a políticos que não sabem, eles mesmos, lidar com um mundo cada vez mais complexo, os eleitores estão dispostos a votar em alguém que lhes prometa uma solução simples e imediata, como construir um muro, por exemplo.
Sendo a resposta de construir um muro, uma resposta simples, o facto de não ter sido adoptada há mais tempo só pode dever-se a uma conspiração dos inimigos do povo (políticos corruptos, agentes estrangeiros) donde a única solução passa por eleger um homem honesto e dar-lhe poder para interpretar a voz do povo, em vez de deixar falar o próprio povo. E é assim que as democracias se separam do liberalismo.
O liberalismo não democrático liga-se à ascensão da tecnocracia: especialistas, burocratas, lobistas, todos alimentam uma oligarquia que vai minando o liberalismo. Quando a tecnocracia se combina com a oligarquia, a influência dos eleitores começa a ser marginal e a mistura de ambas fertiliza o terreno para o populismo: é por as pessoas terem perdido a sua voz que o populista tem sucesso ao defender querer restaurar a sua voz. Segundo o autor, o populismo autoritário é a reação típica à oligarquia e à tecnocracia.
Acho que este livro responde ao artigo sobre a ascensão dos autocratas e ao ataque das democracias liberais: é que estas deixaram-se enredar numa tecnocracia oligárquica, em parte por os políticos serem pessoas muito ignorantes e impreparadas para estes problemas e não terem, nem políticas, nem visão, nem estofo para o mundo em que vivemos.
A crise na Filosofia não tem ajudado...
Durante um tempo, aqui em Portugal, pese embora todos os erros e extremismos próprios das revoluções, o 25 de Abril possibilitou o surgir de um Estado democrático e liberal - as instituições democráticas funcionavam e aos pouco instituiu-se a defesa dos direitos dos cidadãos. Infelizmente, aquilo que nos ajudou economicamente, a entrada na UE, também nos prejudicou politicamente na medida em que fomos, e somos, pressionados à conformidade com uma oligarquia tecnocrata que abriu caminho aos populismos e autocracias por não ter cumprido as expectativas e nos está a arrastar para o mesmo mal que ataca os outros.
No entanto, temos hoje mais noção destes perigos do que havia há 30, 40 ou 100 anos. Isso deve-se, penso, à universalização da educação e aos efeitos positivos da globalização. Há uma consciência dos perigos que a situação actual carrega, pese embora não pareça haver soluções.
Como é que se resolve este problema, segundo o autor? Com essa capacidade que a razão tem de ser objectiva, de querer compreender, de resistir aos populismos, de falarmos uns com os outros, de nos juntarmos e de lutarmos pelos nossos direitos e pelos nossos valores democráticos e liberais mesmo que impliquem sacrifício (segundo o autor, à medida que cresce a autocracia cada vez será mais difícil alguém tomar uma posição individual que a contrarie) pois os tempos estão difíceis e temos que saber erguer-nos à sua altura, nós o povo, já que as oligarquias cada vez menos nos representam.
post scriptum em três partes:
1ª, parece-me que a defesa da educação é a forma mais eficar de lutar contra os autocratas, os oligarcas, os tecnocratas e todos os que semeiam populismos. Um povo consciente e [filosoficamente] educado está mais preparado que um povo ignorante, sem defesas;
2ª, a luta dos professores é uma luta pelos direitos contra políticos submissos à oligarquia dos tecnocratas que nos arrastam para uma situação de apatia e desesperança na política, problema muito grave que já se vê há algum tempo no país e que ninguém aborda como se não existisse;
3ª o PCP mostrou, com a sua reacção negativa à iniciativa legislativa dos professores aquilo que é e sempre foi: um partido que defende a oligarquia como forma de governo e a marginalização da vontade popular.
Nem nos jornais, nem na TV se consegue saber da manifestação de professores. É só a porcaria do Bruno Carvalho mais a mediocridade dos políticos promíscuos com essa choldra toda e o casamento do princípe inglês. No entanto, existe uma manifestação porque os colegas põem fotografias no FB. É a democracia que temos com os meios de comunicação que temos, com os políticos que temos, com o futebol que temos... tudo um nojo...
Qual a diferença entre um jornal/canal de TV e outro enquanto fontes de informação? Pois... as mesmas ideias repetidas até à exaustão pelos principais meios de comunicação são a única fonte de informação a que a maioria das pessoas tem acesso.
O salário médio é que já deixou de o ser e a dita, classe média, está tão empobrecida que está ao nível do salário mínimo.
Hoje, a propósito do nojo do auto-enriquecimento livre de impostos dos partidos, li um uma crónica de uma devota rastejante do partido que começava dizendo, 'os partidos são vitais à democracia'. Esta frase, não-pensada, dá o mote para todo o imprestável artigo: é que vital é o que dá vida e os partidos mais os seus governos giratórios deles emanados têm sido e, continuam a ser, a morte, lenta mas inexorável, da democracia.
Fui à rua e entrei na tabacaria para ver se alguma revista ou jornal trazia algum artigo sobre o 25 de Novembro em ângulo novo ou com testemunhos inéditos. Nada. Nenhum jornal fala no assunto. É um não-assunto.
Não sou particularmente tradicionalista mas parece-me importante não deixar cair no esquecimento as datas, os acontecimentos e as pessoas que contribuiram positivamente para o presente em que estamos. Eu sei que temos um governo que gosta de definir-se como de esquerda (para o que lhe interessa) e que um dos elementos da coligação é o PCP, partido nada interessado em reviver o fim do sonho totalitário que tentou implantar no país mas, mesmo assim, um governo tem que pensar de modo nacional e não apenas e sempre só nos amigos.
Que país queremos ser de costa voltadas para a História?
Estive na Ajuda nesse dia, com uma das minhas irmãs. Estudávamos no Liceu D. João de Castro e fomos para lá a correr assim que se soube que, 'havia guerra na Ajuda e andava tudo aos tiros', segundo uma funcionária da escola. Não havia guerra mas houve tiros. Já uma vez contei aqui a minha experiência desse dia como o culminar de um ano de PREC dramático na minha vida e na da minha família de onde saí viva, mais por sorte que por vontade do COPCON. Não esqueço o 25 de Novembro. Obrigada, Jaime Neves!
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