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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
daqui:
música de fundo
Minha alma é uma orquestra oculta;
não sei que instrumentos tangem e
rangem, cordas e harpas, tímbales e
tambores, dentro de mim.
Só me conheço como sinfonia.
Bernardo Soares
Todos dispomos de livre acesso à consciência. Ela surge com tanta facilidade e abundância nas nossas mentes que não hesitamos, nem nos sentimos apreensivos, quando permitimos que seja desligada todas as noites, quando adormecemos, e deixamos que regresse de manhã, quando o despertador toca, pelo menos trezentas e sessenta e cinco vezes por ano, sem contar com as eventuais sestas. Contudo, poucos são os constituintes do nosso ser tão espantosos, fundamentais e aparentemente misteriosos como a consciência. Sem ela, ou seja, sem uma mente dotada de subjectividade, não poderíamos saber que existimos, e muito menos quem somos e aquilo em que pensamos. Se a subjectividade não tivesse surgido, mesmo que de forma muito modesta ao início, em seres vivos muito mais simples do que nós, a memória e o raciocínio provavelmente não se teriam expandido de forma tão prodigiosa como se veio a verificar, e o caminho evolutivo para a linguagem e para a elaborada versão humana da consciência que agora detemos não teria sido aberto.
A criatividade não se teria desenvolvido. Não teria havido música, nem pintura, nem literatura. O amor nunca teria sido amor, apenas sexo. A amizade não passaria de uma mera vantagem cooperativa. A dor nunca se teria tornado sofrimento, o que pensando bem não teria sido mau, mas tratar‑se‑ia de vantagem equívoca, dado que o prazer nunca se viria a tornar em alegria. Se a subjectividade não tivesse feito a sua entrada radical, não haveria conhecimento, nem ninguém que se apercebesse disso e, consequentemente, não haveria uma história daquilo que as criaturas fizeram ao longo dos tempos, não haveria cultura de todo.
António Damásio
There are many kinds of silence, good kinds and bad kinds. One of the best kinds is the silence broken by music, the silence that precedes an eagerly anticipated concert performance. This is silence of the deepest kind, a constructed silence that comes from shared attention. Is is best when it is made up of synchronized breathing, a spontaneous holding of breath that calms the very flow of air. Once the music begins and for as long as it lasts it is possible to appreciate the gift of musical sounds.
The silence broken by music is a metaphor for life being born, for a beginning of consciousness, not unlike stepping out of darkness and into the light. (...)
The only complete silence is neither good not safe. (...) the absolute negation of life.
António Damásio
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