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Forte com os fracos…

(Ricardo Cabral)

Em resumo, a operação financeira anunciada pelo Governo não é assim tão positiva como parece.

 

Uma poupança de menos de 90 M€ por ano até 2021 e que desaparece completamente após 2024, em contraponto com o compromisso do Governo de manter uma almofada financeira que poderá custar 200 M€ por ano, durante um prazo indefinido, mas que poderá ser longo, não se afigura de facto uma medida de política económica avisada e prudente.

 

Estes pormenores deveriam ser conhecidos, para que, perante a decisão de avançar com a referida amortização antecipada de dívida ao FMI, a opinião pública portuguesa soubesse que “não há bela sem senão” e que os nossos parceiros europeus estão com frequência a “prejudicar-nos” por portas travessas…

 

Quem defende, então, o interesse do devedor Portugal?

O Governo de Portugal e o IGCP, em particular, não o parecem fazer neste caso. Parecem, pelo contrário, num caso típico de síndrome de Estocolmo, terem os interesses alinhados com os interesses dos credores de Portugal.

 

7900 milhões de euros é muito dinheiro parado a ganhar mofo…

No artigo do PÚBLICO antes referido, até parece que o IGCP se queixa que 7900 M€ é muito pouco dinheiro e é um montante insuficiente (“relativamente reduzido”). Mas 7900 M€ corresponde a quase 4% da riqueza produzida anualmente em Portugal!

 

Acresce que, na realidade, as Administrações Públicas têm muito mais dinheiro parado: 25 mil M€ (12,5% do PIB) em Setembro de 2018, incluindo os referidos quase 8 mil M€ do IGCP.

 

Em 2011, o défice orçamental foi de 13 mil M€ (7,4% do PIB). Em 2018, o défice orçamental será próximo de 0% do PIB. Mas o volume de depósitos das Administrações Públicas parece imune e indiferente a essa realidade e à subida do rating da República entretanto ocorrida, independentemente do seu custo para o erário público.

 

Esta “almofada financeira” pública que, faz anos, não há maneira de descer e os resgates obscenos à banca constituem os principais desperdícios de dinheiros públicos do passado recente.

Custa reconhecer mas, nestas duas dimensões, o actual Governo tem desapontado!

 

publicado às 06:47


A redução da dívida pública tem custos

por beatriz j a, em 03.01.18

 

E os miúdos é que pagam

 

É uma opção que tem sido feita à custa da educação [entre outras]. É uma opção de desvalorizar a educação e o investimento na educação. É para isso que têm servido os vários ministros da educação: para fazer cortes na educação. Ora, embaratecer significa sacrificar qualidade. Essa tem sido uma opção consciente dos governos, para a qual têm tentado justificações [os professores são uma porcaria, etc] que ainda mais enterram o sistema. Todos havemos de pagar isto no futuro.

 

publicado às 06:10


Temos 4 anos para começar a abater a dívida

por beatriz j a, em 25.09.17

 

Merkel vence e extrema-direita é a terceira força política

 

O que parece quase impossível porque cada vez a aumentamos mais. A grande dúvida não é saber o que se vai passar na UE nos próximos 4 anos já que a Merkele foi novamente eleita e sabemos o que ela diz e faz, sendo que não é credível que de repente se torne diferente do que sempre foi e, a não ser que uma catástrofe atinja o planeta com os malucos megalómanos que governam os EUA e outros países, vai ser mais do mesmo. Esperar que ela mude seria como esperar que a macieira do quintal, de repente, começasse a dar pêras. A grande dúvida é saber se os outros países da UE vão continuar 'amarasmados', por assim dizer, no que respeita à vontade de fazer alguma coisa para reformar o funcionamento da UE.

Era preciso lidar com a questão de uma UE federada e construí-la muito inteligentemente preservando certos princípios de soberania e equilíbrio sem os quais os europeus vão acabar, mais tarde ou mais cedo, em guerra uns com os outros como têm feito nos últimos milénios.

A Merkele tem as características que têm todos os políticos no poder que é, não o quererem partilhar. É por isso que a Alemanha nunca dará, por sua iniciativa, um passo no sentido do equilíbrio económico entre os países da UE. Como, provavelmente, estes serão os últimos 4 anos em que está no cargo, é bom que nos preparemos para lidar com quem vem a seguir, que poderá ser uma força com elementos da extrema-direita, sendo que, nesse caso, a nossa dívida há-de tornar-nos muito vulneráveis e não teremos apoio de ninguém na UE, porque na UE, estão todos em modo de 'salve-se quem puder'. Navegam todos à vista com esse fim e ninguém parece ter ou querer ter uma estratégia comum que obrigue a Alemanha a dar certos passos integrativos.

Se deixarmos fugir a oportunidade do contexto actual em que o país virou moda e está com um ânimo positivo, sem dar passos no sentido de estruturar um futuro viável, depois não nos podemos queixar do que virá. Os políticos têm que fazer melhor do que fazem. Há ministros muito maus como o da Defesa e o da Educação e outros de muito baixo nível que andam de cargo em cargo a trabalhar para a vidinha. Se fossemos um país rico, podíamos dar-nos ao luxo de manter parasitas mas como não somos, temos que exigir que o critério para os cargos seja a competência e não o amiguismo político. Viu-se o que isso deu nos incêndios deste ano em Pedrogão. 

 

publicado às 03:50


O elefante branco no meio da sala

por beatriz j a, em 11.01.17

 

 

Portugal paga 4,23% para emitir ‘bonds’ a 10 anos, acima do custo médio da dívida

 

publicado às 20:09


Oops...

por beatriz j a, em 25.02.16

 

 

Deutsche bank: A Queda de um gigante

 As perdas recorde foram de quase 6,8 mil milhões de euros.

 

Espera lá, o GBP não contratou o Deutsche Bank para assitir na venda do Novo Banco?

 

 

publicado às 19:26


Os factos são estes

por beatriz j a, em 19.01.16

 

 

 

Portugal’s public debt reached 231 billion euros in November

 

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(se o SS continua a comprar faqueiros, serviços e enxovais sabe-se lá para quem, e o Costa a comprar companhias de aviação e de metropolitano, a este ritmo, no fim do ano estamos na falência...)

 

 

publicado às 18:19

 

 

Nações Unidas recomendam a reestruturação da dívida sem esquecer a democracia

 

Contra a vontade de alguns dos maiores credores mundiais - Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos - e da própria União Europeia, que se absteve [que vergonha, digo eu...], a assembleia das Nações Unidas aprovou, na quinta-feira, 10, um conjunto de nove princípios democráticos que devem sobrepor-se à voracidade dos credores sempre que um país tenha de reestruturar a dívida. 

Para evitar novas Argentinas (ainda em litígio contra os fundos-abutre) ou novas Grécias, as Nações Unidas recomendam que as partes negociadoras não se esqueçam de incluir, nas suas contas, o respeito por princípios universais como a soberania, boa fé, transparência, imparcialidade, igualdade de tratamento, imunidade soberana, legitimidade, sustentabilidade e que qualquer reestruturação de dívida deve ser sempre aprovada por maioria. Assim, quem empresta deve cooperar com quem pede emprestado, reconhecendo a legitimidade de um país soberano orientar a sua política macroeconómica no sentido do crescimento, desde que os direitos dos credores não sejam postos em causa. A despolitização do sistema financeiro e a ausência de alternativas às políticas de austeridade são também referidas no documento.

No manifesto assinado pelos 19 economistas, a situação recente da Grécia está bastante presente. "A crise grega tornou claro que os países que agem isoladamente não conseguem negociar condições razoáveis para a reestruturação da sua dívida." E terminavam apelando à União Europeia que votasse favoravelmente a resolução.


publicado às 20:24

 

 

 

A austeridade chegou à Finlândia. E a capital paralisou em protesto

 

Dezenas de milhares de finlandeses manifestaram-se hoje no centro de Helsínquia, semi-paralisada por greves dos transportes e serviços públicos, contra um pacote de austeridade anunciado pelo Governo de centro-direita.

 

A manifestação e as greves foram convocadas pelas três grandes centrais sindicais do país -- SAK, STTK e Akava -, que representam 80% da população ativa (2,2 milhões), o que faz delas o maior protesto laboral na Finlândia das últimas duas décadas.

 

Portos, aeroportos, transportes urbanos, correios, fábricas de papel, comércio e serviços públicos estão os setores mais afetados pelas greves.

 

A Finlândia está no terceiro ano consecutivo de contração da economia, provocada principalmente pela perda de competitividade das duas indústrias-chave -- florestal e tecnológica -, o que fez subir a dívida pública para 60% do Produto Interno Bruto.

 

Na semana passada, e depois de fracassarem as negociações com patrões e sindicatos para um "contrato social" que reduzisse os custos de produção, o Governo dirigido por Juha Sipila apresentou um pacote de medidas para reduzir a despesa pública e o custo do trabalho.

 

Entre as medidas figura a redução dos dias de férias dos trabalhadores dos atuais 38 para 30, com a qual o Governo prevê poupar 640 milhões de euros, reduzir o pagamento de horas extraordinárias e baixar o pagamento do primeiro dia de baixa por doença de 100% para 75%.

 

Outra medida é a redução de 1,72% da prestação paga pelas empresas à segurança social por cada trabalhador e transformar dois feriados em dias livres não-remunerados.

 

As três centrais sindicais opõem-se unanimemente ao pacote de cortes, argumentando que eles afetam sobretudo os funcionários públicos e os trabalhadores com empregos precários.

 

Por outro lado, consideram a legislação "uma ingerência sem precedentes" do Governo na negociação com os parceiros sociais, ao substituir de forma unilateral os acordos entre patrões e sindicatos por leis.

 

 

publicado às 19:58

 

 

Tanta cena sobre os extremistas perigosíssimos gregos e a necessidade de austeridade para compensar a Alemanha que tanto sofre a pagar a dívida grega... afinal quem é que aqui está a dinamitar quem? E a quem serve a austeridade? Quem é que anda a lucrar com a escravatura da dívida dos outros? Os dois gregos tinham toda a razão quando acusavam a UE de falta de solidariedade, de humilhar os mais fracos para lucrar, porque... é a verdade...

 

 

 

publicado às 18:40

 

 

Alemanha já vem buscar médicos à saída das universidades

 

A Alemanha lida há vários anos com uma forte carência de profissionais e tem-se desdobrado em esforços para captar recursos qualificados. Mas houve algo que mudou entretanto, conta ao DN fonte ligada ao setor do recrutamento. "As unidades são mais seletivas. Procuram mais profissionais que tenham formação, cultura e língua semelhantes. Por isso têm apostado mais em Portugal, Itália ou Espanha em detrimento dos países de Leste ou árabes."

 

Daqui a uns anos, quando precisarmos de ir ao médico, vamos até à Alemanha. Quem diz um médico diz um engenheiro, um enfermeiro, etc.

Que futuro tem um país sem os seus jovens qualificados, com uma divída com que nunca poderemos saldar, juros de usuário, não de parceiros, com uma situação tão dramática que a sua sobrevivência depende de estarem todos caladinhos e quietinhos virados para o mesmo lado, género, play dead, para não sobressaltar as hienas [credores] e serem comidos vivos, como disse o Presidente: queremos um governo maioritário na AR para que não haja oposição possível, que ninguém levante ondas [para se poder cortar ainda mais na função pública, nas pensões, mandar mais jovens para Inglaterra e Alemanha, dar mais dinheiro aos bancos, bombardear de vez o SNS, fechar as portas da escola pública, nomear incompetentes sem ter que aturar portugueses queixinhas, etc.] porque se alguém espirra em sentido contrário em Portugal, sobe logo a dívida, os mercados queixam-se, a Alemanha puxa-nos as orelhas, os credores baixam-nos a nota... enfim, estamos na situação do Sísifo... cujo esforço era tremendo e...  inútil... sem esperança, como se sabe...

 

 

publicado às 09:32


Why Germany won't spare Greek pain

por beatriz j a, em 11.07.15

 

 

Germany won’t spare Greek pain – it has an interest in breaking us

Yanis Varoufakis, the guardian

 

 

publicado às 10:26


Citação deste dia

por beatriz j a, em 10.07.15

 

 

 

 Cher Guy Verhofstadt, 40 familles grecques peuvent vivre avec votre salaire mensuel (Peter Mertens)

 

 

Dito como comentário ao discurso virulento de Verhofstadt no PE contra Tsipras e a Grécia em que fala do clientelismo e aproveitamento dos gregos. Só que, de entre todos os deputados do PE (e são muitos...) que mais acumulam cargos e privilégios está justamente este antigo primeiro ministro belga:

 

Verhofstadt dénonce son dégoût du clientélisme en Grèce. Pour cette saillie, il a reçu les applaudissements des conservateurs et des libéraux au sein du parlement. Il a raison, car le clientélisme est un problème en Grèce. Seulement c'est pour le moins hypocrite que ce soit justement Verhofstadt qui se lance sur ce sujet. Une enquête de la Transparency International révèle que la plupart des députés européens se font de jolis bas de laine en cumulant les mandats. Et alors que ces mêmes fonctionnaires touchent déjà un salaire mensuel de 12.000 euros, défraiements inclus. C'est d'autant plus ironique que l'un des plus grands cumulards est... Guy Verhofstadt. Seuls trois parlementaires européens font mieux que lui. Verhofstadt a au moins 11 mandats et gagne de cette façon plus de 200.000 euros supplémentaires par an. Ce même Verhofstadt a également reçu une prime de 327.000 euros pour la rénovation de sa maison. En parlant de privilèges...

 

(a Bélgica, não fora o facto de receber a troco de nada milhões, apoios e obras sem limite financiados por todos nós por ser capital da UE, seria um país nas lonas porque só gastam dinheiro e não se entendem uns com os outros nem para escolher uma receita de 'moules'.

 

 

A resposta de Tsipras ao discurso de Verhofstadt .

 

 

 

publicado às 10:47


Quando o credor era o devedor

por beatriz j a, em 10.07.15

 

 

Thomas Piketty dénonce l'hypocrisie de l'Allemagne envers la Grèce

 

 

publicado às 10:26


Cosa sapete della Grecia?

por beatriz j a, em 01.07.15

 

 

 Cosa sapete della Grecia (fact checking)
 
 

publicado às 23:15


O corredor infinito

por beatriz j a, em 17.03.15

 

 

 

(ou... Portugal a tentar sair da dívida e dos planos quinquenais dos génios da Trrôika...)

 

by  Daniel Crooks 

 

 

publicado às 19:32


O Banqueiro do Diabo

por beatriz j a, em 17.03.15

 

 

 

(sugestão muito interessante de um comentador - obrigada)

 

INTERVIEW  L'économiste Jean-François Bouchard s'est penché sur la vie de Hjalmar Schacht, l'argentier surdoué du Fürher...

 

Que ferait Schacht s’il était aujourd’hui le ministre de l’Economie de la Grèce?

Il s’arrangerait pour ne pas payer la dette, comme il l’a fait lorsqu’il était président de la Reichsbank. Au lendemain de la Grande Guerre, son pays doit payer 130 milliards de marks-or aux Alliés. Grâce à Schacht, il ne versera en tout et pour tout qu’une dizaine de milliards de marks-or et encore, en empruntant cet argent aux Américains et aux Anglais… Schacht a fait croire aux Alliés qu’il voulait payer, mais il les a complètement mystifiés. L’Allemagne est le pays qui a connu le plus fort allègement de sa dette au XXe siècle –il a bénéficié d’une autre réduction conséquente après la Seconde Guerre mondiale- et au XXIe siècle, il est celui qui se montre le plus intransigeant pour que les autres pays s’acquittent des leurs…

 

 

 

Jean-François Bouchard 
Le banquier du diable 

 

publicado às 19:08

 

 

 

... ficar cada vez mais endividado...     Em 2011 a dívida era de 107,2% do PIB...

 

Dívida pública subiu e ficou acima da meta do Governo - 128,7% do PIB

 

 

publicado às 12:52


Tsipras, a Grécia e a Europa

por beatriz j a, em 29.01.15

 

 

 

Carta aberta de Tsipras aos alemães.

 

 

publicado às 17:24


Só o primeiro ministro é que não acha

por beatriz j a, em 10.04.14

 

 

 

 Observatório das Crises diz que reestruturação da dívida é "urgente"

 

.

O Observatório sobre Crises e Alternativas garante que a reestruturação da dívida pública portuguesa é "indispensável e urgente", considerando os níveis de crescimento esperados e a salvaguarda dos serviços públicos.

 

 

publicado às 18:32


O Nexum

por beatriz j a, em 18.03.14

 

 

 

Em 494 AEC o povo romano fez um dos mais imaginativos protestos da plebe contra as elites governantes jamais vistos. Uma longa coluna de famílias saiu da cidade em direcção ao Aventino, no que parecia uma evacuação total. Chegando lá, sentaram-se e assim permaneceram, sem violência mas sem se demoverem. Eram os pobres e destituídos que assim protestavam e recusavam o nexum.

 

 O que era o nexum?

 

Os pobres estavam sobrecarregados com dívidas e fartos do tratamento arbitrário dado pelas autoridades. Procuravam reparação, justiça. Muitos tinham chegado ao ponto de terem como única possessão para pagar as dívidas, eles próprios: o seu trabalho e o seu corpo. Era assim que eram obrigados a entrar num sistema de escravatura de dívida, conhecida por nexum. Na presença de cinco testemunhas o prestamista pesava o dinheiro ou cobre a emprestar e dizia, 'Por tal soma de dinheiro és agora meu nexus, meu escravo'. Embora não perdesse os direitos cívicos, perdia a liberdade. O prestamista dramatizava o acordo acorrentando-o.

 

As pessoas aceitavam este 'arranjo' e só não concordavam com a brutalidade com que estes escravos eram tratados porque o credor-senhor tinha direito até a condenar o devedor à morte. Lívio conta a história de um homem velho que apareceu um dia no Forum, pálido, emaciado, andrajoso e desgrenhado, uma figura digna de piedade. Juntou-se uma multidão a ouvir a sua história: tinha sido um soldado de Roma, tinha comandado uma companhia e tinha servido o país com distinção. Como tinha chegado àquele estado? Ele contou:

 

Enquanto estava de serviço na guerra as minhas colheitas foram arruínadas por ataques de inimigos que queimaram toda a quinta. Tudo o que tinha, incluindo o gado. Nestas condições exigiram-me o pagamento de impostos. O resultado foi que que fiquei coberto de dívidas. Os juros do dinheiro emprestado aumentavam a dívida de modo que acabei por perder a terra que já tinha sido do meu pai e do meu avô antes dele. A ruína espalhou-se como uma infecção a tudo o que tinha. Finalmente, até o meu corpo foi tomado pelo meu credor e reduzido à escravatura - acabei na câmara da tortura...
 

A reforma desta lei só chegou em 326, por causa de um grande escândalo com um jovem de quem o credor quis abusar sexualmente.

 

(in The Rise of Rome: The Making of the World's Greatest Empire by Anthony Everitt adaptado de Delancey.com)

 

  Agora, o que quero dizer é que Portugal é o Nexus da Alemanha e da Troika. Amanhã o primeiro ministro vai ter com o nosso senhor-credor que já fez saber que Portugal não tem autorização para pagar a dívida nos seus termos. Terá que tudo perder, como o soldado romano e depois, terá que a pagar com Nexus, isto é, entregando-se para escravidão, ao seu senhor.

 

O relatório da OCDE (aqui) acusa Portugal de ser pouco generoso com os seus pobres, de não apoiar os jovens, de reservar os rendimentos para as famílias que mais têm e diz ainda que estas políticas de austeridade pagam-se muito mais tarde... coisa que bem já adivinhamos quando daqui a uma década não houver ninguém em Portugal para produzir e contribuir, nenhuma riqueza gerada porque 'a ruína se espalhou como uma infecção...'

 

No entanto, amanhã, lá vai o PPP ao beija-mão à imperatriz, declarar o nosso nexus à dívida a que os governos do Sócrates e outros nos acorrentaram e que estes não sabem negociar como homens livres.

 

 

publicado às 13:53


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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