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Completamente de acordo!

por beatriz j a, em 31.08.12

 

 

 

 

Um país sem Latim (Sol)

Inês Pedrosa


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Há, neste país, uma adoração pelo que é novo, funcional e pragmático que se incompatibiliza com os clássicos, não vendo que estes são inultrapassáveis e perenes e não colidem com o caminho do progresso. Entendem a Humanidade como uma sucessão linear onde, à medida que avançamos no tempo, tornamos caducos os pensadores antigos.

Este modo de pensar atinge todos os campos. Os programas de Filosofia do secundário aboliram os seus 'founding fathers', como está agora em moda dizer-se, com o pretexto de que o ensino das competências é o único que interessa, pois pensar é raciocinar logicamente sobre temas. Como se a actividade racional. só por si, isto é, saber construir uma tabela de verdade, avaliar com inspectores de circunstância ou avaliar silogismos trouxesse a sabedoria ao olhar.

Os fazedores de programas acham que podem substituir o pensamento dos filósofos por ensino de técnicas lógicas e enunciação de argumentos doutrinários.

No entanto, os filósofos e pensadores (que não são estes fazedores de manuais e de artigos) constantemente remetem o pensamento para todos os filósofos, não excluindo os antigos. Tirando a conjuntura do pensamento dos pensadores, o pensamento deles continua a ser válido com a mesma pujança que então. Há uns dias li uma entrevista de André Glucksman sobre a situação actual da Europa: ele tanto citava Habermas como Sócrates.

Os grandes pensadores são como os grandes poetas ou os grandes escritores: eternamente actuais.

Faz-me uma tremenda impressão que o texto da Alegoria da Caverna não seja obrigatório, bem como o pensamento de outros autores clássicos. Acho uma cegueira trágica. Aprendemos a pensar pensando com os que melhor pensaram. A crise em que estamos é uma crise de ideias. Não de ideias científicas, económicas ou sociológicas, essas ciências que cada vez mais consistem na medição de dados sem orientação, mas sim de ideias filosóficas, de ideias que desenhem horizontes.


publicado às 19:59


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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