Contra a lamúria dos exames
Independentemente do que pensamos dos exames no 4º e 6º anos de escolaridade, o que não suportamos são artigos em jornais de âmbito nacional em que pessoas se pronunciam sem nenhum fundamento, sem um único argumento válido, sequer.
Dizer que 'os exames são uma maneira de passar à fase seguinte'... pois, isso já sabemos, uma vez que são obrigatórios, o que está em causa é se eles servem para esse propósito de progredir no saber ou se até são um obstáculo à consolidação de conhecimentos. É que não basta dizer que são, é preciso ter alguma evidência nesse sentido.
Dizer que 'os exames acrescentam experiência à avaliação instântanea'... pois, isso já sabemos, resta é saber se essa experiência em idade tão precoce é útil para a consolidação dum auto-conceito positivo. É que não basta dizer que é, é preciso ter alguma evidência nesse sentido. E dizer que 'todos somos avaliados ao longo da vida' não é um argumento válido porque também somos todos sujeitos ao sofrimento muitas vezes ao longo da vida e não é por isso que vamos sujeitar as crianças a sofrimento obrigatório para que se habituem desde pequenas.
Dizer que 'as crianças já têm capacidade para perceber a importância do momento'... pois, isso sabemos, resta é saber se a antecipação das consequências do exame e essa dose de ansiedade acrescida é útil para a consolidação dum auto-conceito positivo sem o qual não há sucesso. 'A criança é capaz de estudar para ele e até fazer um esforço suplementar para corrigir erros'? Não sei, não é linear. É que não basta dizer que é, é preciso ter alguma evidência nesse sentido.
Dizer que 'as crianças falham os exames porque os adultos lhes inculcam discursos de ansiedade'... então mais atrás dizia que a criança percebia a importância do momento e até era capaz de esforço! É que é essa consciência da importância das consequências do momento que leva à ansiedade, não os professores, que pese embora possam ser contra os exames não fazem essas conversas às crianças.
O que gostava mesmo, eu que não sou por norma contra exames, mas não sou a favor destes, desta maneira, o que gostava mesmo, dizia, era que estas pessoas que vêm para os jornais dizer bavardages, se informassem primeiro sobre os assuntos de que vão falar e depois usassem argumentos para defender as suas teses. Esta pessoa dá a entender que os exames são uma coisa obviamente excelente, que toda a gente que não é idiota já viu isso há muito tempo e que o único problema que existe são uns palermas que aí andam a lamuriar-se. Só falta dizer, 'façam-se homens, pá!'
Hoje em dia em muitos casos, se quisermos saber, com rigor, sobre certos assuntos, vamos ler certos blogues porque os jornais publicam qualquer cena mesmo sem qualidade nenhuma. Devia ser ao contrário porque afinal, os jornais é que são feitos e, dirigidos, por jornalistas.