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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Há coisa de um ano ou dois crei um board no Pinterest a pensar em todos os amigos que estão fora do País e dizem com frequência que têm saudades de Portugal e das coisas portuguesas: da luz, do sol, das praias, dos cafés nas esplanadas, etc., poderem ir ali ver cantinhos do seu País. Depois reparei que já havia muitos boards sobre Portugal ou sobre aspectos da nossa cultura e que os milhares de portugueses espalhados pelo mundo usam estas imagens para descansar o olhar das dificuldades da vida de emigrante. Chamei-lhe, From Portugal With Love [uma clara alusão ao título do James Bond].
Ontem li num jornal que alguém criou um site no Tumbrl com o mesmo nome mas só com imagens de sítios e coisas portuguesas que não estão bem como lixo na rua ou paredes sujas etc. Achei uma coisa interessante, quer dizer, uma espécie de 'Dark side of the Moon' de Portugal, por assim dizer, até ler que a pessoa dizia que tinha feito aquilo para criticar os boards de fotografias bonitas do País na internet, para mostrar que Portugal não são só coisas bonitas...[jura...???]
Isto é não perceber estes sites: eles não existem para mascarar a realidade, não fazem com que as pessoas pensem que Portugal não tem uma enorme dívida, pobreza, emigração e desemprego, não existem para que se pense que os portugueses (ou outro povo qualquer) só têm coisas bonitas: eles existem para fortalecer a nossa identidade e para acalmar um pouquinho a saudade de todos os que vivem fora em duras 'realidades'.
É assim como criticar a pintura impressionista do Renoir ou do Manet por retratar uma realidade bela e idílica... tipo... devia ser proibido os pintores pintarem essas coisas ou os fotógrafos fotografarem o lado belo das coisas ou os compositores comporem músicas que nos façam sonhar por não serem feios e duros como a realidade...?
É uma pena que não lhe tenha chamado, The Dark Side Of The Moon of Portugal e não o tenha usado para chamar a atenção das autoridades que governam o/s País/es e são responsáveis por tanta miséria em vez de criticar os emigrantes e pessoas em geral que usam estes sites para descansar o olhar das duras realidades em que vivem.
O deputado do PSD, Mota Amaral, alertou hoje para o “alastramento de uma verdadeira catástrofe” em Portugal, face à “crescente indignação” dos cidadãos, que “não vêm nem finalidade, nem fim para os cortes de benefícios”.
“A situação geral do país em vez de melhorar, como o Governo promete e todos desejaríamos, tem vindo a degradar-se e basta ter os olhos abertos para comprovar o alastramento de uma verdadeira catástrofe”, afirmou Mota Amaral, num artigo de opinião intitulado “Orçamento de Estado (OE) 2013 – a prova de fogo”, publicado hoje no jornal Correio dos Açores.
O antigo presidente da Assembleia da República considerou que o “enorme aumento de impostos” determinado para 2013 vai “reduzir contribuintes à insolvência, fazer falir muitas empresas e aumentar o desemprego”, acrescentando que a entrada em aplicação das leis que facilitam o despedimento e despejos “só pode piorar a fratura social”.
“Parece-me ter sido um erro a voluntariosa opção por ir além da ´Troika´, quando a mais elementar prudência – que, como ensinam os clássicos, é a principal virtude requerida aos governantes – aconselhava a ater-se ao conteúdo programático do memorando de entendimento, alegrando assim a base parlamentar e social de apoio ao cumprimento do mesmo”, escreveu Mota Amaral.
O deputado social democrata açoriano referiu que alertou “em tempo e no lugar devido” para o “custo reputacional” que o Executivo sofreria ao adotar uma medida expressamente negada durante a campanha eleitoral, nomeadamente redução a metade do subsídio de Natal dos funcionários públicos e pensionistas em 2011, agravada com a retirada total dos mesmo e do subsídio de férias em 2012
“Julgo que foi mal avaliado o risco de descredibilização do Governo com situações dessas e outras e o impacto da mesma na necessária mobilização da sociedade portuguesa para as reformas necessárias, ditadas pela nossa participação no euro e pela nossa inserção na economia global”, referiu Mota Amaral, acrescentando que “a persistente apresentação de previsões erradas e constantes anúncios de recuos de novos gravames arrastam no mesmo sentido”.
O açoriano Mota Amaral considerou que o Governo PSD/PP tem vindo, por tudo isso, a ficar “isolado”, sem prejuízo do apoio parlamentar assegurado pelos partidos da coligação, admitindo que “não tinha porque ser assim!”.
Recordando que o memorando de entendimento com a ´Troika´ foi negociado pelo anterior Governo socialista, sendo o défice das contas públicas superior ao então admitido, o ajustamento orçamental exigido era já de todo impossível no curto prazo estabelecido.
Mota Amaral termina o seu artigo de opinião com um alerta: “repetir para 2014, certamente em tom maior, o que já não deu resultado em 2012 e agora é objeto de insistência, afigura-se politicamente impossível”.
O termo 'compreender' pode significar empatia, como em 'eu partilho das ideias ou razões de fulano tal' ou pode significar apenas, 'eu sou capaz de perceber o ponto de vista de fulano tal [mesmo não partilhando das suas ideias ou razões]'.
O ator que representa o papel de Hitler naquele filme sobre os últimos dias dele no 'bunker' teve que compreender Hitler e as suas razões para o interpretar com convicção e, daí, não se segue que partilhe das suas convicções. Todos os biógrafos de Hitler, como de Estaline e outros do género, têm que compreendê-los sob pena das suas análises não terem nenhum valor.
Quando Lars von Tiers diz que compreende Hitler não está, necessariamente, a dizer que partilha das suas ideias...
Por outro lado, a obra de arte é independente da moral do seu autor: ela vale, ou não, por si, e não pela vida ou palavras do seu autor. Quantas pinturas, edifícios, romances e músicas são criações belas de indivíduos imorais, cruéis, de vidas dissolutas, corruptas...etc.? Devemos queimá-las como faziam os nazis a tudo o que não concordasse com as suas razões?
Ainda não consegui ver uma crítica objetiva ao filme. Todas as críticas que leio são direta ou indiretamente, críticas ao autor por causa do que disse.
A experiência estética não tem moral.
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