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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Editoras oferecem iPad e máquinas fotográficas para convencer docentes a adotar manual.
Acho bem que investiguem o assunto se houver razões para isso. Não é segredo nenhum a pressão que as editoras fazem para vender os seus manuais. Umas são muito mais agressivas que outras porque este é um negócio de muitos milhões e ninguém é ingénuo para pensar que as editoras têm uma atitude blasé em relação a este assunto.
No entanto, induzem em erro quando dizem que docentes em geral recebem prendas e insinuam que somos corruptos.
Os docentes são mais de uma centena de milhar e é evidente que nenhuma editora dá presentes a mais de cem mil pessoas em geral.
Era interessante o CM acompanhar esta investigação com outra que evidenciasse os milhares e milhares de euros que os docentes, desta vez, em geral, gastam com o seu trabalho: os professores têm de comprar todo o seu material de trabalho ao contrário dos outros trabalhadores que chegam às empresas, universidades, administração pública e têm lá à espera o material necessário para a realização do seu trabalho.
Nós temos de o comprar. Compramos papel às resmas, canetas, esquadros, réguas, calculadoras e outro material do género; computador, pastas, etc.
Pagamos do nosso bolso muitas das nossas formações em horário pós-laboral com sacrifício do tempo de descanso; pagamos visitas de estudo a alunos carenciados, às vezes livros e outro material.
Sendo colocados em quaquer ponto do país os professores têm de suportar todos os custos, desde uma segunda casa/quarto/tenda de campismo às deslocações. Não há ajudas de custo.
Em contrapartida destes imensos gastos recebemos uma caneta tipo bic, uma pasta de cartão para guardar o manual e às vezes uma pendrive com 1G com o manual em versão digital. Nunca recebi mais que isto. Aliás, os nossos manuais, ao fim de dois ou três anos de uso estão em farrapos porque manusear um livro quase todos os dias dá cabo dele. Acontece que nesses casos, pedimos às editoras para nos mandarem um outro exemplar, já que os manuais têm que durar seis anos e acontece as editoras recusarem e termos que pagar o manual do nosso bolso... acho isto um escândalo e já me aborreci mais que uma vez com editoras por causa disto. É que o manual é obrigatório. Eu não posso -bem que queria!!- construir eu mesma os materiais de trabalho para os alunos: escolher os textos, escolher e construir os exercícios, etc. Sou obrigada a escolher e usar um manual entre os aprovados pelo ministério e depois ainda tenho que pagá-lo do meu bolso como se fosse para mim.
O que quero dizer é que por uma vez o CM podia pôr-se do lado dos professores enquanto trabalhadores já muito sacrificados e vilipendiados em vez de escrever editoriais a insinuar que nós professores não temos ética no trabalho.
Se têm conhecimento de casos de professores corruptos, denunciem. Se não têm calem a boca e não sujem todos os professores com calúnias.
E já que falam em ética no trabalho: quando acabam com a exploração do corpo das mulheres no vosso jornal? Todos os dias temos que ver mulheres como objectos degradados à venda no vosso jornal. Tenho a certeza que sabem que a exploração e objectificação das mulheres nos meios de comunicação social contribui para a perpetuação da mentalidade sexista que tem como consequência a violência doméstica, o abuso de raparigas e mulheres, a dificuldade de aceder a certos cargos, etc.
O Correio da Manhã e outros órgãos de comunicação social do grupo Cofina foram proibidos por tribunal de dar notícias sobre a Operação Marquês.
Das duas uma: ou é ilegal publicar notícias de processos que ainda não foram julgados ou não é. Se é, é proibido para todos e não apenas para este grupo [Cofina]; se não é, não o é também para este grupo. Ou estamos perante um caso de censura a pedido?
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