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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Afinal, o que quer Kim Jong-un? Ninguém sabe
Não acho assim tão difícil perceber a Coreia do Norte. A Coreia foi um único país durante mais de 2000 mil anos. Tem uma história milenar difícil por estar ali na confluência da China, do Japão e da Rússia e ter tido que lutar para manter a sua independência. Tirando um tempo entre o século XIII e o XIV, anos em que teve que prestar vassalagem aos Mongóis, foi um reino independente com permanentes lutas internas pelo poder. No ano da nossa República, 1910, foi ocupada pelo Japão que só de lá saiu no fim da Segunda Guerra, porque a perdeu. Logo aí foi ocupada pelos EUA, a sul e, pela URSS, a norte, que a dividiram em duas no paralelo 38, tristemente famoso. Era o início da Guerra Fria e ambas as potências mediram forças na Coreia que entrou em guerra civil. Os EUA, a certa altura, para ganharem a guerra, passaram a bombardear a Coreia do Norte diariamente com bombas de napalm. Gabavam-se de não ter deixado nenhuma cidade, vila ou lugarejo de pé. "A Coreia do Norte virou uma nação subterrânea e em permanente estado de alerta." Mataram um quarto da população, ao que se diz. A guerra terminou porque ambas as partes pararam a ofensiva mas sem um acordo de paz e com a Coreia do Norte, apoiada pela URSS, a fechar-se num regime comunista e, a do Sul, num regime liberalista. Quer dizer, tecnicamente, as duas Coreias ainda estão em guerra uma com a outra, e a Coreia do Norte ainda está em conflito com os americanos.
Portanto, os bombardeamentos ainda estão vivos na memória dos norte-coreanos, o que não é de estranhar se pensarmos a maneira como os ingleses ainda vivem o blitz e a desconfiança face aos alemães como se estivéssemos há 70 anos. Se juntarmos a isto o facto da Coreia do Norte não ter passado por uma glasnost ou perestroika e viver fechada num regime ao modo soviético ou ao modo do Mao, ditaduras alienadas (as bravatas do Kruschev não eram assim tão diferentes das do Kim Jong-un e a loucura deste está em linha com a do Mao) e, os acontecimentos recentes no Médio Oriente onde os EUA invadiram e destruíram o Iraque e a Líbia, tendo deixado que os seus líderes fossem mortos de um modo indigno e cruel, não é difícil de perceber a Coreia do Norte.
Kim Jong-un está a preparar-se para a invasão americana e vai avisando que se meterem com ele, não esperem que vá esconder-se num buraco como o Saddam Hussein ou o Kadafi. Um bocadinho como os gorilas que ao verem o seu território ser invadido, juntam o grupo e fazem avanços a bater, ameaçadoramente, com a mão no peito, para intimidar e afastar o oponente.
A História é dinâmica e o que se faz hoje é um reflexo e uma continuidade do que se passou ontem.
Ninguém sabe se isto é verdade ou se foi uma invenção dos chineses, ou dos próprios norte-coreanos mas, a questão é que há possibilidade de ser verdade, quer dizer, não nos parece de todo improvável que o tivesse feito. De modo que, o que era preciso era que se reflectisse no que deve fazer-se relativamente a um regime do qual se sabe que viola sistemática e indiferentemente os mais básicos direitos humanos como até se acredita que seja capaz deste tipo de barbaridades.
Jang Song-thaek, tio do ditador norte-coreano Kim Jong-un, terá sido despido, lançado para dentro de uma jaula e comido vivo por uma matilha de 120 cães famintos, relata um jornal chinês com ligações ao Partido Comunista da China, avançou esta sexta-feira a NBC News.
O jornal "Wen Wei Po", de Hong Kong, informou que Jang e os seus cinco assessores mais próximos foram atacados por 120 cães de caça, que foram deixados sem comer durante cinco dias.
A execução demorou cerca de uma hora, sob o olhar atento de Kim Jong-un e o seu irmão Kim Jong Chol, com a companhia de 300 funcionários. A mesma publicação acrescenta ainda que as vítimas foram "completamente devoradas".
Impressionante! Um povo em menoridade mental a viver uma idolatria que pensávamos já ter desaparecido. Dá-nos uma ideia do que terá sido a idolatria a Hitler, a Mao e outros do género que escravizaram os povos através da sua redução à subserviência mental e psicológica. Como é que uma esmagadora maioria de pessoas não são capazes de crítica e se deixam levar nesta massa anónima acéfala, quer dizer encarceram-se a elas próprias na ditadura?
A semana passada passei as aulas, a propósito do tema da Argumentação e Retórica, o filme chileno 'No' que retrata a campanha da oposição que Pinochet teve que permitir, nos anos oitenta, numa operação de maquilhagem para apaziguar as vozes internacionais.
A campanha da oposição foi autorizada a passar na TV, à meia-noite, com a duração de 15 minutos durante vinte e oito dias, no que Pinochet pensava ser uma paródia que haveria de legitimar a sua presença no poder. Pois nesses vinte e oito dias, a oposição, com uma campanha produzida por um publicitário, derrubou, com a palavra e sem sangue, quinze anos de uma feroz ditadura que tinha parecenças com esta da Coreia do Norte no lado da idolatria que muitos tinham pelo Pinochet, também ele visto como um pai da Pátria.
Um filme muito bom que vale a pena ver porque mostra muito bem como todo o aparato, cenário e idolatria das ditaduras de 'grande líder' não têm fundamento nehum e esfumam-se no ar em três tempos se a oportunidade surge.
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Ver as imagens da Coreia do Norte. Eu bem sei que eles escolhem as imagens que passam interna e externamente mas mesmo assim, ver aquelas pessoas todas numa histeria pela morte dum doido de um ditador que os menteve na escuridão e pobreza...faz impressão. É um bocadinho como regressar no tempo...temos um vislumbre do que terá sido a instrumentalização e histeria coletiva dos alemães com o Hitler. È um bocado assustador, esse espírito de fervor fanático que parece atacar a maioria das pessoas se as condições forem favoráveis.
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