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... que é que temos agora desde que Trump ocupa o lugar do país com maior poderio militar do mundo. Uma ordem imperfeita tem, mesmo assim, regras que podem mudar-se, combater-se e um cenário de possibilidades controladas; uma ausência de ordem resume o jogo a vencidos e vencedores em vez de cooperantes com objectivos super-ordenados e dá a vitória ao predador mais rápido e forte que conseguir impôr-se no caos. Acresce que enquanto é fácil desordenar, repôr ordem neste escala global é extremamente difícil. Sim, andamos a precisar de uma nova ordem há muito tempo (veja-se o descrédito da ONU) e sim, os líderes da velha ordem eram, e são, medíocres (veja-se o Guterres na ONU que só sabe dizer que está preocupado mas nada é capaz de fazer) mas o que temos agora é uma ausência de critérios, de alianças, de modelos de desenvolvimento, de perspectivas positivas de futuro. Uma desorientação. E o predador da Casa Branca está a posicionar avançados pelo tabuleiro do mundo cada vez mais ousados o que significa que sabem que não vão ter resposta à altura e por isso mesmo não têm respeito. E uma estratégia de permanente conflito com imposições de bullying destrói as relações, mesmo as mais fortes. É o que se passa há muito no interior da UE e tem tido um efeito corrosivo porque não podendo ou não sabendo como resistir ao bullying dos mais fortes, os mais fracos vão procurar alianças fora da ordem estabelecida que passam a rejeitar. E há um ponto de não retorno em que tudo se desagrega. É esse o ponto das relações internacionais em que nos encontramos com Trump na Casa Branca, o do se estar a caminhar para um ponto de não retorno. É certo que as vitórias dos predadores nestes jogos são de curta duração porque têm um efeito de boomerang, quer dizer, vivemos numa economia global, logo num sistema político global e quanto mais se estraga a casa em que temos que viver, mais se estraga a nossa vida também. Em termos práticos, quando os EUA precisarem de aliados, a quem poderão recorrer fora dos europeus...? Mas as pessoas enquanto estão num lógica de aparente vitória, ficam cegas a tudo excepto ao poder.

 

Embaixador dos EUA na Alemanha quer "dar poder aos conservadores". Mas a que tipo de conservadores?

Richard Grenell, embaixador dos Estados Unidos na Alemanha recentemente escolhido por Donald Trump (...) no dia em que Trump decidiu rasgar o acordo para a não-proliferação de armas nucleares do Irão (...) dizia que as empresas alemãs deveriam reduzir “imediatamente” os negócios com o Irão.

“Eu quero absolutamente tentar colocar mais conservadores pela Europa fora no poder, outros líderes” (...)

 

 

publicado às 07:39


Radicais, extremistas, conservadores...

por beatriz j a, em 28.06.15

 

 

Sim ao referendo na Grécia com extrema direita ao lado do Governo

Os deputados do Aurora Dourada (partido neonazi) votaram a favor do referendo, ao lado do Além do Syriza e dos Gregos Independentes (que formam a coligação de Governo). A Nova Democracia (conservadores), o Pasok (socialistas), o To Potami (centristas) e o KKE (comunistas) votaram contra.

 

As qualificações dos partidos estão desactualizadas. Direita, esquerda... extremistas... o que os comentadores chamam extremista é o mero acto de defender a mudança, aproximar a UE do espírito com que foi criada, perceber que na lógica do senhor e do servo, o senhor não existe sem o servo de modo que o servo pode erguer-se e sair dessa posição por causa disso mesmo.

 

Hoje-em-dia, e não só na Grécia, já não faz sentido divididir em esquerda e direita partidos que defendem e praticam as mesmas acções. Veja-se que na Grécia, os partidos que estavam antes coligados no governo e que defendem a privatização, a aceitação de austeridade, etc. incluem socialistas, conservadores, comunistas, centristas...

Na realidade, face ao esvaziamento de conteúdo, significância e consequência das ideologias políticas [pense-se na dificuldade que o BE, em Portugal, tem tido em encontrar uma ideologia que lhe convenha], devíamos, se queremos ser mais precisos na sua qualificação, dividi-los em partidos conservadores e partidos de mudança: os primeiros querem manter sem alterações o satus quo, os segundos querem alterações.

 

Direita e esquerda nada significam já, a não ser palavras que se usam para manipular o eleitorado: o governo antes deste era do PS: privatizou, liberalizou o despedimento, começou a destruição da escola pública, enriqueceu banqueiros e amigos... tudo coisas que se atribuem à direita; o PS e o PC pelas câmaras do país agem do mesmo modo e, sem diferença, que o PSD e o CDS. O PC é aquele partido que fala muito nos trabalhadores mas depois só aprova greves se forem organizadas por eles nos seus termos e se o povo resolve manifestar-se por sua conta aparecem logo a dizer que isso é perigoso. Os militantes passam dos sindicatos para os governos... há 100 anos, quando as ideologias eram significantes e as diferenças entre direita e esquerda existiam, de facto, uma coisa destas seria vista como uma traição com direito a execução...

 

Em Portugal, só algumas [poucas] pessoas do partido que sobrou do BE querem mudanças mas não sabem como nem onde, nem com quem. Não sabem organizar e organizar-se. Nem me parece que sejam de acção mas apenas de palavras.

Portanto, em Portugal, infelizmente, só temos partidos conservadores, incapazes de ideias de mudança, incapazes de um pensamento sem medos. Não são prudentes, no entanto, como se vê pelo estado de miséria das populações, o desemprego, o excesso de divída e a leveza com que enchem os bancos e banqueiros de dinheiro à custa do futuro do país. Não são prudentes, são só medrosos. Prudência era querer assegurar o pagamento da dívida em condições que não nos levassem à ruína, à destruição da economia, à fuga de jovens, ao empobrecimento dos mais pobre e enriquecimento dos mais ricos.

 

Na Grécia os conservadores estiveram durante estes anos todos no governo. Na Europa todos lhes emprestavam dinheiro desde que se mantivessem sossegadinhos nas suas baias. Agora que elegeram pessoas que querem a mudança, todos lhes chamam extremistas, mas isso é porque, a própria ideia de mudança, quando não sugerida pela Alemanha, a todos parece um perigoso extremismo radical.

No entanto, a Europa mudou muito, naquilo que parecia ser a sua vocação e espírito, após a Segunda Guerra.

Nada de duradouro se há-de alcançar na UE enquanto não se pensar no desvio que se fez, porque se fez e no que se quer para o futuro. Porque neste momento a UE é um grupo de comerciantes a comerciar para ver quem Conserva as coisas como estão para manter o monopólio do poder e dos lucros.

 

 

publicado às 11:10


Conservadores/inovadores

por beatriz j a, em 19.04.14

 

 

 

Hoje vi uma entrevista no canal Euronews ao estilista Jean-Paul Gaultier. A entrevistadora, muito agressiva -achei- perguntou-lhe, a certa altura, se não achava que fazer tops para as mulheres em renda era torná-las objectos sexuais e dar azo a que os homens pensem que estão a querer provocá-los... Ele respondeu-lhe que quando apareceram as mini-saias diziam que as mulheres que as usavam eram prostitutas a provocar homens... a entrevistadora interrompeu-o várias vezes sem cerimónia. A certa altura perguntou-lhe se o problema da moda não estava em os estilistas serem todos indivíduos de 70 anos com visões conservadoras e já sem estamina para inovar...???!!!

Fez-me lembrar alguns iluminados que dizem que se devem subsituir os professores mais velhos porque concerteza são eles que, por serem conservadores e velhos se tornaram preguiçosos e incapazes de acompanhar os tempos...

Mas o que é que a mentalidade tem a ver com o conservadorismo? Tenho alunos que são muito mais conservadores e quadrados que eu alguma vez fui ou serei.

Por essa ordem de ideias estes modelos aqui em baixo estão vestidos de modo a serem objectos sexuais e não devemos ter respeito por eles?

 

 

J-P Gaultier

 

 

 

 Roccobarroco (ainda é mais velho)

 

 

publicado às 16:23


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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