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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
by Daehyun Kim
... e não é que alguns ficam bem de saltos altos?
A iniciativa da Revista Máxima "100 Homens Sem Preconceitos" (fotos de Branislav Šimoncík) pode ser vista no Centro Cultural de Belém entre 9 de março e 2 de abril.
Para ler o artigo completo, com os nomes dos homens e os textos cique: Máxima
Todos dispomos de livre acesso à consciência. Ela surge com tanta facilidade e abundância nas nossas mentes que não hesitamos, nem nos sentimos apreensivos, quando permitimos que seja desligada todas as noites, quando adormecemos, e deixamos que regresse de manhã, quando o despertador toca, pelo menos trezentas e sessenta e cinco vezes por ano, sem contar com as eventuais sestas. Contudo, poucos são os constituintes do nosso ser tão espantosos, fundamentais e aparentemente misteriosos como a consciência. Sem ela, ou seja, sem uma mente dotada de subjectividade, não poderíamos saber que existimos, e muito menos quem somos e aquilo em que pensamos. Se a subjectividade não tivesse surgido, mesmo que de forma muito modesta ao início, em seres vivos muito mais simples do que nós, a memória e o raciocínio provavelmente não se teriam expandido de forma tão prodigiosa como se veio a verificar, e o caminho evolutivo para a linguagem e para a elaborada versão humana da consciência que agora detemos não teria sido aberto.
A criatividade não se teria desenvolvido. Não teria havido música, nem pintura, nem literatura. O amor nunca teria sido amor, apenas sexo. A amizade não passaria de uma mera vantagem cooperativa. A dor nunca se teria tornado sofrimento, o que pensando bem não teria sido mau, mas tratar‑se‑ia de vantagem equívoca, dado que o prazer nunca se viria a tornar em alegria. Se a subjectividade não tivesse feito a sua entrada radical, não haveria conhecimento, nem ninguém que se apercebesse disso e, consequentemente, não haveria uma história daquilo que as criaturas fizeram ao longo dos tempos, não haveria cultura de todo.
António Damásio
Este pequeno filme é fascinante! Oliver Sacks, o genial médico neurologista virou recentemente a sua atenção para a música, para a sua relação com o cérebro, para o modo como influencia alguns disturbios mentais e como pode contribuir para o melhoramento de outros. Isto interessa-me no âmbito da neurociência, da paixão que tenho pela música e porque já há uns anos que sou adepta da 'imusic' - há muitos anos que sei, por experiência própria, da capacidade da música afectar o estado de espírito, a concentração, a criatividade, etc. Mas isso não interessa. Interessa a experiência a que ele aqui se sujeita.
Para saber da reacção do cérebro à música fazem-lhe dois 'scans' ao cérebro enquanto ouve duas peças de música, uma de Bach (compositor que adora desde pequeno) e outra de Beethoven (que não adora). No primeiro teste, ele diz claramente que adorou a peça de Bach enquanto a de Beethoven o deixou frio. E a verdade é que o cérebro dele o confirma, pois que ao ouvir Bach o cérebro reconhece-o e activa todas as áreas, enquanto que ao ouvir Beethoven está com quase nenhuma actividade.
O interessante é o que acontece no segundo 'scan' que lhe fazem, porque ele não conhece as peças, não distingue sequer qual é a do Bach e qual é a do Beethoven, e não gostou de nenhuma particularmente. Ora, o que é fascinante é que o cérebro dele reconheceu imediatamente a peça do Bach e activa-se todo com ela, enquanto que a peça do Beethoven pouca actividade gerou.
O que a mim me parece extraordinário é a constatação de que, se calhar, nós somos mais que um cérebro em funcionamento, somos mais que umas centenas de biliões de neurónios e sinapses, somos mais que a soma das partes e não podemos reduzir-nos ao argumento materialista da consciência. Pois senão como seria possível que o 'eu' do Oliver Sacks não coincidisse com a actividade do seu cérebro?
Et pourtant...cest ce qui se passe...A sua consciência e o seu cérebro não estão em consonância e o cérebro parece funcionar com automatismos a que a consciência não parece estar sujeita. Isto levanta claramente o problema da consciência livre, do materialismo e do mecanicismo cartesiano.
Fascinante!
Vamos lá ver se percebi bem. Do que tenho lido e ouvido nos últimos dias parece que:
1. Uma empresa queria construir um mega-shoping ( no país da Europa onde o poder de compra é mais fraco);
2. O terreno onde queriam construir fazia parte da 'rede natura', paisagem protegida;
3. Tentaram conseguir aprovação junto do ministério da tutela, o do Ambiente;
4. A tutela protelou o mais que pôde para fazer subir o preço do terreno (e do favor?);
5. A 3 dias de ter de abandonar o cargo, o ministro do Ambiente, cujo ministério à semelhança do resto do governo estava em gestão, pelo facto do primeiro ministro Guterres se ter demitido, tomou medidas legislativas de importância;
6. Na iniciativa legislativa, modificou parte da área classificada, para que, no futuro, se pudesse construir na zona antes proibida;
7. O tipo de modificação introduzida obriga a justificativos legais, que não foram feitos, pela pressa de se aprovar a legislação que permitiria à dita empresa referida em 1. construir o mega-shoping;
8. A zona em questão fazia parte do acordo que Portugal fez com a União Europeia aquando da construção da ponte Vasco da Gama: isto é, a Comunidade Europeia co-financiava a construção da ponte se, e apenas se, aquela zona fosse preservada como reserva especial a ser protegida;
9. A ausência dos justificativos legais necessários, que se deveu à pressa em alterar a lei antes do governo de gestão se ir embora, pôs em risco o dinheiro do financiamento da ponte já recebido, donde se deduz que, esteve o país em risco de ter de devolver o dinheiro já gasto na construção da ponte, por incumprimento do acordo de protecção da área em questão ( o governo de Durão Barroso teve de fazer esses justificativos, também à pressa, assim que chegou ao poder, para evitar que tivéssemos de devolver o dinheiro);
10. O ministro da tutela era o agora primeiro ministro José Sócrates;
11. José Sócrates, então ministro do Ambiente, foi quem fez aprovar a alteração à lei a 3 dias de ter de sair do governo;
12. O tio de José Sócrates tem, ou tinha, uma pequena empresa de construção que movimentava cerca de 38.000 contos;
13. O tio de José Sócrates pôs o promotor do freeport - um tal Smith - em contacto com o seu sobrinho, José Sócrates, ministro do Ambiente;
14. A legislação necessária para a construção do mega-shoping em terreno protegido foi preparada pelo ministério do Ambiente e aprovada à pressa;
15. O tio do José Sócrates tornou-se muito rico e tem várias contas offshore;
16. Os ingleses têm uma gravação onde se diz que foram pagas luvas a um ministro para que a construção pudesse ser aprovada;
17. Portugal tem a cassete;
18. José Sócrates comprou um apartamento de 1 milhão de euros;
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Estarei a ver bem?
Existe uma suspeita fundada em factos que se podem comprovar que um ministro da República pôs em perigo o interesse nacional (o financiamento da ponte) mostrando não ter nenhum tipo de escrúpulos quanto ao que é capaz de fazer para enriquecer?
Existe uma suspeição sobre aquele que agora é o primeiro ministro?
Portugal tem como primeiro ministro uma pessoa que poderá até ser chamado a Inglaterra como arguido num processo crime?
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Então ninguém faz nada? O Presidente não se importa? Ninguém no governo se demite? São todos cúmplices? A oposição também não? É que quem cala e quem não se demarca é porque consente!
Isto é a Camorra à portuguesa?
Algo está profundamente podre neste país.
Hoje estive na manifestação dos professores em frente ao palácio de Belém, onde mora o Presidente, que deve ser cego, e surdo, pois nada vê de tudo isto que se passa e acredita que estes governantes, sendo o que são - pessoas de currículo muito duvidoso, sem educação, sem princípios, sem moral e sem escrúpulos absolutamente nenhuns - quando chega à altura de legislar sobre educação, ficam de repente iluminados e só produzem leis sábias. Uma espécie de infalibilidade de Sócrates e Mº Lurdes Rodrigues em paridade com a autoridade papal?
Pois eu quero dizer aqui que sinto orgulho em fazer parte daqueles poucos milhares que estiveram hoje em frente ao palácio de Belém: num país podre, governado pelos piores dos piores, onde ninguém quer dar a cara, uns por medo, outros porque estão no rol dos calados a pagamento, os professores, estes professores, dão lições de democracia e de cidadania e de coragem e de coerência e de dignidade. Explicitamente, não compactuam com a putrefacção do regime.
Um dia outros perguntarão: onde estavas tu quando o teu país precisou de ti?
Se isto tudo acabar num regime à moda da Venezuela, não será com o meu silêncio, nem com a minha cumplicidade. No meu local de trabalho, e fora dele, também não me calo.
Não quero ser cúmplice de gente sem escrúpulos, sem dignidade e sem lei.
Concordo plenamente com as palavras da Hannah Arendt:
" ...é melhor sofrer a injustiça que cometê-la: se fizer uma injustiça, ficarei condenado a viver com o autor da injustiça numa intimidade insuportável; nunca poderei livrar-me dele. Portanto, o crime que permanecesse escondido aos olhos dos deuses e dos homens, um crime que não se revelasse por não haver ninguém a quem fosse revelado e que Platão menciona uma e outra vez, esse crime não pode realmente existir: tal como sou a minha própria companhia enquanto penso, do mesmo modo sou a minha própria testemunha quando ajo."
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