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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
O artigo assinado pelo director do Instituto Português de Oncologia insinua que a homossexualidade acarreta doenças e desvios e que, portanto, estas pessoas não têm sequer direito à dignidade nos seus afectos. No texto pode ainda ler-se que existem alguns comportamentos estereotipados – “gestos, fala, indumentária, gostos e manifestações subtis” – pelos quais, segundo o autor, é possível identificar os homossexuais.
Estamos num país onde as pessoas que estão à frente dos cargos são, em geral, de má qualidade. Os 'chefes' do meu país são uma desilusão diária.
Quem escreve estas coisas é o director do Instituto de Oncologia, quem acha que é pertinente publicar um tal artigo é o bastonário dos Médicos!
Quer dizer, como é que um doente com cancro ou outra doença qualquer, que por acaso seja gay pode dirigir-se com confiança a estes serviços sabendo que vai ser tratado como anormal ou repugnante? Então o juramento de Hipócrates não os obriga a ajudar todos os doentes? Ou são só os doentes com comportamentos e indumentárias do agrado dos médicos? É que a revista da Ordem não é uma revista qualquer porque representa os médicos como um todo.
Mas o que não percebo é o seguinte: como é que um indivíduo com estas responsabilidades publica um artigo contrário aos seus deveres de médico e de director de um Instituto que trata doentes (independentemente da raça, credo e orientação sexual) e não é imediatamente demitido? Então o Estado, e nós todos que pagamos o IPO sustentamos e apoiamos um indivíduo cuja conduta profissional é tão pouco ética? É que, se a revista é privada e publica o que quer, já o Estado não o é.
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