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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Vou entrar no capítulo do 'irrevogável'. Muito interessante o livro.
Tirando a tendência para se auto-justificar, nomeadamente das políticas bárbaras da troika e a tendência em louvar os do partido que eram da sua influência, como o Durão Barroso, a quem faz rasgados elogios, apesar de ter sido um cúmplice activo da visão desintegradora e dogmática, Alemanha first que os outros países são todos estúpidos e existem para nos servirem do ministro das finanças alemão Schäuble e, portanto, grande responsável pelo descalabro em que a UE se encontra e, quando é evidente para toda a gente que é um carreirista auto-centrado, o livro está escrito com objectividade.
O livro está cheio de factos, uns que fizeram parte da vida do país nos anos da troika e todos nós os sabemos, outros que fazem parte de documentos oficiais, outros que fizeram parte de conversas institucionais entre Cavaco e o PPC, o Portas, o Seguro e outros políticos da época, não negadas por nenhum dos intervenientes.
O facto de Cavaco Silva, independentemente do que se pense dele e dos seus governos, ser um economista e político com muita experiência de governação é o que torna o livro interessante. É que ele tem a visão e os conhecimentos que permitem julgar as políticas sob várias perspectivas.
Dito isto, ficamos a saber pelo livro, algumas coisas que já todos sabíamos: que Vítor Gaspar é um arrogante dogmático, subserviente com a troika e os credores (cá para mim, um carreirista que sacrificou o país para fazer a sua vidinha), impreparado, rodeado de imberbes que iam improvisar para as reuniões (improvisos que nos custavam milhares de desempregados e salários) e uma lástima de político; que PPC, não percebendo nada de economia, seguia à letra o miserabilismo ignorante do Gaspar; que a troika cometeu erros graves que nos custaram quase um milhão de desempregados; que os técnicos da troika que cá vinham se achavam os donos disto tudo com a complacência do PPC e do Gaspar; que os funcionários públicos foram descriminados negativamente face aos outros trabalhadores e arcaram com impostos selectivos só para eles, para pagar o calote dos bancos e as políticas suicidas de Sócrates; que o Gaspar e PPC tiraram aos que menos tinham para poupar a vidinha dos que mais tinham; que o Constâncio é um idiota com algumas atitudes a orlar o mendaz [no que, aliás, faz lembrar o actual ministro das finanças que vai para Bruxelas exortar a que Portugal seja obrigado a mais austeridade...]
É impossível não traçar um paralelo entre Gaspar e PPC e Centeno e Costa no que respeita às finanças do país e à relação entre primeiro ministro - ministro das finanças.
Gaspar e Centeno são iguais: ambos dogmáticos, arrogantes, indiferentes à vida dos cidadãos que vêm a partir de números e médias como se as pessoas fossem categorias encorporadas, ambos limitados no sentido de acharem que quem não concorda com eles é ignorante e, ambos, na minha opinião pessoal, auto-centrados na sua carreira, indiferentes às pessoas individuais, ambos contentes em tirar a quem menos tem para dar a quem mais tem. Por outro lado, Costa, como PPC, não percebendo nada de finanças, emprenha o miserabilismo de Centeno, com prejuízo do país.
Há que dizer que o livro está bem escrito porque estou cheia de curiosidade de ler o capítulo que vem a seguir e o outro a seguir e outro a seguir. Ora, isso é sinal de que o livro é bom.
Claro, toda a gente sabe que os professores são um grande lobby corporativo. Aliás, é isso que explica terem despedido 30 mil professores, terem-lhes cortado o salário, congelado a carreira ao mesmo tempo que os achincalhavam nos meios de comunicaçlão social enquanto lhes subiam a carga horária, o número de alunos por turma, etc... como se sabe os professores são grandes milionários cheios de poder, são os grandes causadores da corrupção e crise do país.
Mas também, o que se podia esperar dum indivíduo que foi um cumplice, fã, admirador incondicional daquela prevaricadora, ignorante e incompetente da Rodrigues que também odiava professores?
Cavaco Silva detesta professores. Já prevaricadores... Salgados, Dias Loureiros, Rodrigues, Coelhos...
Nas próximas eleições não voto em ninguém que tenha sido apoiante, seguidor, admirador e/ou cúmplice dessa fulana, o que inclui este ministro Crato que lhe fez o maior elogio de todos ao adoptar e até aprofundar as políticas dela com requintes de incompetência (o concurso de professores é a maior incompetência que já se viu só comparável à tentativa do Socas falar inglês), todos os que com ela estiveram em governos e nunca abriram a boca para defender os professores da manigâncias nojentas dessa prevaricadora e todos os que a suportaram com palavras e actos, em partidos à direita e à esquerda.
Fez um discurso apropriado. De esperança, motivação e união.
in Público, 19/01/2011 Santana Castilho *
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