Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



 

Este post e o que se lhe segue são reedições de dois posts de 2011 que escrevi quando nos congelaram pela segunda vez a pseudo-carreira. Eles fazem sentido em conjunto porque um fala da avalição do trabalho escolar como um todo e o outro da avaliação das aulas. Reeditei-os porque as condições e o contexto já não são exactamente os mesmos mas, para minha surpresa, não são assim tão diferentes do que eram e em grande parte ainda são válidos.

 

 

1. Quando falamos em avaliar profissionais, falamos em avaliar a competência das pessoas no trabalho. A competência avalia-se no local de trabalho sabendo o trabalho que a pessoa faz e os resultados que alcança.

 

2. A profissão de professor tem duas componentes: a da sala de aula e a do trabalho exterior à sala de aula e, em meu entender, são diferentes e devem ser avaliados por pessoas diferentes em enquadramentos diferentes. Relativamente à avaliação do trabalho dentro da sala de aula falo no post seguinte. No entanto, desde já me parece evidente que a avaliação dos professores no que concerne à sala de aula tem que ser formativa, pois o objectivo é que melhore a sua prática e a sua capacidade de se reformular e não que se sinta acossado. Infelizmente é só o que têm feito os ministros da educação desde a Rodrigues, acossar professores.

 

3. O trabalho dentro da sala de aula e o trabalho exterior à sala de aula convocam capacidades distintas: o primeiro, sendo o cerne da profissão docente mas não a esgotando, diz respeito ao desenvolvimento pedagógico de um currículo e diz respeito a conhecimentos e à sua transmissão/construção; o segundo remete para um trabalho de gestão de pessoas, espaços e conflitos (coordenadores, DTs, etc), organização e coordenação de eventos (feiras, visitas de estudo, projectos, etc). Enquanto o primeiro, o trabalho dentro da sala de aula, requer avaliador especialista na disciplina em questão, isto é, professores da mesma disciplina, o segundo deve ser garantido pelo responsável da escola que neste caso é o director. 

Quem dirige a escola tem a obrigação e dever de saber do trabalho que os professores fazem (seja directamente seja através dos responsáveis pelas diversas unidades), tem o dever de regular esse trabalho, de criar condições para o trabalho, de motivar os professores, de fomentar o rigor, de obrigar ao cumprimento de todas as tarefas e de desenvolver mecanismos para avaliar os resultados do trabalho dos professores.

 A inspecção é um instrumento auxiliar de avaliação em casos de problemas ou queixas, seja da Direcção relativamente a um professores, seja o inverso - o que há muito deixou de ser, mas isso seria outra história.

 

Para isto resultar têm de verificar-se certos requisitos pois, por exemplo, cada vez se pede mais trabalho colaborativo aos professores ao mesmo tempo que se lhes mina as condições da possibilidade de colaboração:

 

a) Tem que haver autonomia na escola: dos professores - nem o ME nem o Director podem interferir na autonomia pedagógica dos professores pois se um professor é obrigado a seguir uma sebenta, uma metodologia única, uma certa forma de desenvolvimento curricular impostos por outrém, então o resultado negativo do trabalho é da responsabilidade de quem impôs aquelas coisas. Se o professor é um mero executor das ideias de outrém então o falhanço das ideias é do 'outrém'.

A ausência de autonomia é anti-pedagógica pois tem por base a ideia que todos os alunos e professores e disciplinas são iguais, trabalham do mesmo modo, organizam-se do mesmo modo, etc., o que é falso e tem sido uma das causas do insucesso escolar;

 

b) o Director e a sua equipa não podem estar presos ao ME a cumprir ordens que não interessam à escola e a preencher grelhas. Eles trabalham para a escola e é nela que têm que estar concentrados;

 

c) o Director e a sua equipa são eleitos pelos professores, funcionários, alunos e representantes de pais. Se a equipa de Direcção é nomeada pelo ME trabalha para agradar a quem a nomeia e volta as costas àqueles com quem tem de trabalhar e cooperar, que são os professores e os alunos.

O Director deve ter um número limite de mandatos, abaixo dos dez anos. Os Coordenadores de Departamento têm que ser eleitos pelos grupos disciplinares sem interferência dos Directores pois de outro modo, que é o que temos agora, são seus meros serviçais, têm que ter número limite de mandatos e o Conselho Pedagógico tem que recuperar o seu poder de deliberação. É preciso ter presente que a escola é um lugar pedagógico. Não é uma empresa, não vende produtos. Ensina e educa pessoas.

 

d) A avaliação dos conhecimentos dos professores deve fazer-se na faculdade onde cursaram e no estágio. É no estágio que se formam e avaliam os professores e os seus conhecimentos, é aí que se deve fazer uma triagem. É claro que, se a profissão continuar a ser degradada cada vez mais vêm parar à escola pessoas de fracos conhecimentos.

 

e) Os professores que entram na carreira deviam ter um colega mais velho que os acompanhasse mais de perto para orientar e ajudar, durante um ano ou dois.

 

Ou queremos uma escola de qualidade com pessoas de qualidade ou queremos uma escola de mediocres subversientes que não se importam de fazer um mau trabalho desde que isso lhes garanta o tacho.

 

O trabalho dum professor necessita de ser cooperativo: em cada turma é preciso que os professores cooperem para ajudar os alunos. Se obrigam os professores a serem competidores entre si, se fomentarem a divisão e a punição de uns pelos seus pares, nenhuma cooperação é possível e quem se prejudica são os alunos.

A essência do trabalho do professor é procurar e partilhar conhecimentos. Não faz sentido formarem-se professores para que tenham gosto pelo conhecimento e pela partilha do conhecimento e depois se impeça esses mesmos professores de procurarem o conhecimento tirando-llhes autonomia e impedindo-os de trabalhar pondo-os a competir uns contra os outros. 

É claro que, se um agrupamento tem 3000 ou mais alunos e 300 professores toda a avaliação é meramente burocrática e formal. 

 

 

OCDE defende avaliação de professores para detectar e melhorar falhas (Público) 

Em Portugal, apenas 1,3% dos jovens que desejam prosseguir estudos no ensino superior têm como objectivo seguir a profissão de professores (...) apenas 4,2% dos alunos de 15 anos dos países da OCDE tinham como plano futuro ser professor, sendo que é nos países onde os salários dos docentes são mais altos que se encontram mais jovens a querer seguir aquela carreira.

 

publicado às 19:59


Todos os dias...

por beatriz j a, em 19.12.13

 

 

 

... há um ministro ou um serviçal de ministro que vem aos jornais ou à Tv denegrir, degradar e ofender os professores... to-dos-os-di-as! Quem é que, no seu juízo, ainda quererá ser professor nos dias de hoje?! Todas estas 'iniciativas' servem para afastar, cada vez mais, os melhores, da profissão, pois quem é que se quer sujeitar a uma profissão onde todos os dias é ofendido, onde tem que estudar anos e anos para depois ter que esperar anos e anos a andar de bolandas com a casa às costas até entrar [ou não...] numa carreira onde ganha mal, é sujeito a arbitrariedades, trabalha em excesso, num ambiente de constantes ofensas e ataques por parte da sua própria tutela?

 

 

publicado às 20:29


desabafos

por beatriz j a, em 23.11.10

 

 

 

Confesso que de há uns anos para cá deixei de perceber os critérios e requisitos e tempos de serviço para a progressão na carreira. Mandam-me tanta porcaria de legislação em catadupas para o mail que eu atiro tudo para uma pasta chamada, 'Carreira' que está a abarrotar, desorganizada e sem visitas. Não é que não ligue à carreira, mas é tanta porcaria chata de ler, contraditória, que remete para milhares de outras cenas...não há pachorra, mesmo. Não tenho mesmo onda para ter de estar sempre a chatear-me com isso. É que isso, na hierarquia das prioridades da vida está tão lá para baixo...De cada vez que preciso de saber alguma coisa tenho que andar a chatear colegas para que alguém me informe disto e daquilo...Isto só lá ia com uma borracha que apagasse uma data de pessoal que está de pedra e cal nos organismos da educação e que vomita leis e parcerias e fundações de NO e avaliações estúpidas e outras incompetências sem fim.

 

publicado às 21:44


Bem! Já começa?...

por beatriz j a, em 24.11.09

 

 

Educação/avaliação  DN

Ministra diz que 30 dias é "curto" para novo modelo

por Lusa Ontem<input ... >

A ministra da Educação considerou hoje "um tempo curto" o prazo de 30 dias recomendado sexta-feira pelo Parlamento para o Governo apresentar um novo modelo de avaliação dos professores, esclarecendo que o processo poderá não ficar fechado nesse período.

"Não quer dizer que esteja fechado o processo nesses 30 dias, mas de qualquer forma vamos trabalhar para concluir esse trabalho", declarou Isabel Alçada.


Quarta-feira, haverá nova reunião no Ministério da Educação com os sindicatos, que pretendem também o fim da divisão da carreira em duas categorias (professor e professor titular), para "tentar encontrar pontos de encontro", disse Isabel Alçada, reiterando tratar-se de uma questão complexa e escusando-se por isso a avançar um ponto em particular das discussões em curso.

 

 

O fim da divisão da carreira é uma questão complexa? A mim parece-me simplissíssima! Se existe a intenção e a vontade.

Espera-se que os sindicatos não confundam as coisas porque, se poderá haver razões para que no fim do prazo de trinta dias o modelo da nova avaliação seja apresentado ainda com lacunas, não há razão nenhuma para que a divisão da carreira não esteja feita, acabada e enterrada!

Não há reservas de paciência para assistir ao protelar da questão fazendo de nós tolos. 

Espero que também o PSD se aperceba, se for esse o caso, do logro em que foi metido, e arrepie caminho, porque não era esta a sua intenção, julgo, ao apresentar as propostas no parlamento.

 

 

publicado às 07:18


os vinte milhões e os ladrões

por beatriz j a, em 21.11.09

 

 

Hoje um jornalista escrevia no DN que a mudança da avaliação de professores e o fim da divisão da carreira iriam custar ao estado vinte milhões.

Vamos lá a ver: Isto é a confissão do único e verdadeiro intuito da avaliação e divisão da carreira congeminados por aquela outra mal encarada e incompetente → escolher uns professores, de entre os que se mostraram carreiristas e, por isso, subservientes ao poder, promovê-los a titulares e depois pô-los a fazer de inspectores carrascos dos colegas de modo a que ninguém, praticamente, subisse na carreira, e se poupassem assim muitos euros. Ou, dito de outro modo, ter pelo menos cem mil professores a trabalhar como escravos.

Horários sobrecarregados a fazer de baby-sitters e quase de borla, pois assim que entrassem no sistema só com uma sorte do camandro e muita subserviência subiriam na carreira. E para que é que se queria poupar esses milhões? Para dar ao Vara, ao sucateiro, à mãe, aos tios e primos espalhados pela china e pelo mundo, ao mestre de todas as cadeira do curso, a jornalistas de serviço, e a todos os outros amigões que servem o poder obedientemente.

Eu já nem lembro quando foi a última vez que progredi na carreira. Estou estacionada há oito anos (acho) para que o senhor Vara tenha um salário de 30.000 euros - do que se sabe, fora as alcavalas...

Mas é claro que isto não chega a este poder ávido. Queriam que os professores nunca mais progredissem. Nunca. Ficariam assim a ganhar cada vez menos para que a outra e os amigos que tiram cópias a 300.000 euros e os irmaos desses (aqueles acusados de coisas hediondas) pudessem continuar a sorver o povo.

O salário de um ano só de meia centena de gestores públicos dá para pagar todas as progressões de 100.000 professores!

Só no BPN já foram injectados 3.5 biliões de euros a fundo perdido!

Vinte milhões deve ser um décimo do que sai todos os meses de Portugal em nome de meia dúzia de senhores rumo a paraísos fiscais.

Gostava é de saber se me vão devolver o dinheiro de quase uma década de congelamento de salários que correu a par dos aumentos milionários que os políticos deram a si próprios.

Haja vergonha!

 

 

publicado às 22:08


os 30 dias

por beatriz j a, em 21.11.09

 

 

 

Trinta dias para arranjar um novo modelo de avaliação parece-me razoável. É preciso pensar as coisas para não fazer outra porcaria igual à que estava. Mas porquê trinta dias para acabar com a divisão da carreira? Porque é que isso não foi feito logo? Não são precisos trinta dias para acabar com isso e parecer-me-ia um indicador de boa fé.

Pessoalmente, como tudo depende do Sócrates, que é personagem a quem já tirei as medidas há muito tempo, continuo muito céptica. É ver e crer como S. Tomé...

É que, para além de discursos de abertura e de diálogo e de sim senhor vamos colaborar e tal, ainda não vi nada de concreto. Essa é que é essa!

 

 

 

publicado às 07:51


Queremos é mexidas no ECD

por beatriz j a, em 24.10.09

 

 

Grandes títulos nos jornais sobre as intenções do governo de suspender a avaliação dos professores!

O cancro do sistema foi a divisão da carriera em duas categorias. É nisso que importa mexer. É isso que está a implodir toda a estrutura. Enquanto não mexerem nisso (e nas quotas para a progressão) tudo não passa de cosmética.

Ontem estive a ver no blog do MUP o vídeo da intervenção da nova ministra no congresso do PS. Não fiquei bem impressionada: grandes elogios à política da outra; a conversa recheada de elogios ao Magalhães, ao apoio que o ministério deu às famílias (?!) e o resto é aquela conversa reecheada de... 'as crianças, as crianças, as crianças...'.Não me pareceu um discurso à altura da gravidade dasituação.

Espero francamente que tudo isto não venha a ser mais do mesmo. Acho que as pessoas explodiam de vez.

Estou expectante do discurso inaugural da ministra para tomar o pulso ao que aí vem.

 

 

publicado às 11:45


a escola não pode esperar mais

por beatriz j a, em 21.10.09

 

do MEP

quarta-feira, 21 de Outubro de 2009

A escola não pode esperar mais

O actual modelo de avaliação de professores e a divisão arbitrária da carreira em duas categorias criaram o caos nas escolas. A burocracia, a desconfiança e o autoritarismo jogam contra a melhoria das aprendizagens e contra a dedicação total dos professores aos seus alunos. Quem perde é a escola pública de qualidade.

Este ambiente crispado e negativo promete agudizar-se nas próximas semanas. Com efeito, até ao dia 31 de Outubro, se até lá nada for feito, as escolas estão obrigadas por lei a fixar o calendário da avaliação docente para o ano lectivo que agora começou. Pior ainda, sucedem-se os Directores que teimam em recusar avaliar os docentes que não entregaram os objectivos individuais, aumentando a instabilidade e a revolta.

Independentemente das alternativas que importa construir de forma ponderada, é urgente que a Assembleia da República decida sem demoras parar já com as principais medidas que desestabilizaram a Educação, sob pena de arrastar o conflito em cada escola e nas ruas.

Porque a escola não pode esperar mais, os subscritores deste manifesto apelam à Assembleia da República que assuma como uma prioridade pública a suspensão imediata do actual modelo de avaliação de professores, a revogação de todas as penalizações para os que não entregaram os objectivos individuais e o fim da divisão da carreira docente. Sem perder mais tempo.

Não podemos esperar mais. A Educação também não.

Subscrevem:

Os blogues: A Educação do Meu Umbigo (Paulo Guinote), ProfAvaliação (Ramiro Marques), Correntes (Paulo Prudêncio), (Re)Flexões (Francisco Santos), Outròólhar (Miguel Pinto), O Estado da Educação (Mário Carneiro), O Cartel (Goretti Moreira), Octávio V Gonçalves (Octávio Gonçalves), Educação SA (Reitor)

Os movimentos: APEDE (Associação de Professores em Defesa do Ensino), MUP (Movimento Mobilização e Unidade dos Professores), PROmova (Movimento de Valorização dos Professores), MEP (Movimento Escola Pública)

 

 

 

Eu também subscrevo!

 

 

publicado às 12:34


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2017
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2016
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2015
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2014
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2013
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2012
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2011
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2010
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2009
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2008
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D



Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Edicoespqp.blogs.sapo.pt statistics