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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Segundo um morador e testemunha, a árvore em questão estava sinalizada como estando em perigo, já lhe tinha caído um galho de 12 metros que por pouco não matou turistas; já tinham enviado cartas e até uma ordem judicial para que fizessem alguma intervenção urgente na árvore. Pelos vistos, nem os antigos nem os actuais responsáveis mexeram uma palhinha, mesmo sabendo que existia perigo iminente. Agora mesmo ouvi o Presidente Regional da Madeira dizer que eventualmente(!) abriria um inquérito acerca do acidente mas que isso não o preocupava agora pois o que ia fazer era apoiar os familiares dos mortos e feridos. Além disso, disse, as forças de segurança foram muito eficazes já fizeram o que tinha que ser feito.
As minhas perguntas são:
1. O PRM não sabe fazer duas coisas ao mesmo tempo? Mandar abrir um inquérito e apoiar as famílias das vítimas?
2. O PRM vai ficar à espera que os mesmos que não mexeram uma palha acerca deste assunto com estes resultados trágicos 'pelourem' outros assuntos?
3. O PRM não se apercebe do que diz? As forças de segurança podem ter sido rápidas a transportar os feridos mas são irrelevantes no problema que se põe que é o de saber porque tiveram que morrer todas estas pessoas, se podia ter sido evitado.
Isto não é o retrato dos que nos governam, salvo as devidas excepções? Vão para os cargos para... ir para os cargos. É a vidinha. A sua e da do seu 'gang', por assim dizer.
Ser responsável significa poder ser chamado a responder pelos seus actos.
Alguns pais estão convencidos que lhes cabe a última palavra sobre os filhos em todas as situações, mesmo naquelas que vão contra a lei. Então, vão à escola, muitas vezes, dizer aos professores que querem que os filhos façam isto ou aquilo, dentro do recinto escolar e/ou no período das actividades lectivas. Ficam ofendidos quando lhes dizemos que não, que não podemos fazer isto ou aquilo, porque isso vai contra os nossos deveres e, por vezes, contra a legislação. Às vezes dizem-nos, 'mas eu mãe ou pai e quero e responsabilizo-me por isto'... não compreendem, em primeiro lugar, que não faz parte dos nossos deveres obedecer aos pais (a não ser nos casos em que a lei expressamente o indique) e que nunca em caso algum podemos cometer ilegalidades só porque os pais pedem e querem e, existe uma noção vaga de que a última palavra sobre os filhos cabe aos pais; em segundo lugar, não entendem o sentido da palavra, responsabilizar-se' que significa, 'responder por'; ou seja, se um professor comete uma ilegalidade, a autoridade, na pessoa dos inspectores, por exemplo, a quem é que vai pedir que responda? Aos pais? Aos outros que defendem que os pais é que decidem? Ou vão pedir responsabildade a quem por lei, é responsável pelos alunos dentro da escola no âmbito do seu cargo...?
Pois é... a legislação devia ser claríssima e não deixar margem para dúvidas que os cargos dos professores têm um enquadramento legal que os define e que nesse quadro legal eles, e só eles, são chamados a responder pelas decisões que tomaram.
Mas isto não é claríssimo? Que os pais não são a lei e que não obedecemos a ordens dos pais no que respeita aos nossos deveres? Pois... sei lá... então alguém é maluco ao ponto de ir cometer ilegalidades só para agradar aos pais ou porque eles querem?
Dantes, nos tempos em que não havia 3.500 km de legislação auto-contraditória, os deveres dos pais e dos professores, nos vários cargos estavam perfeitamente definidos e claros. Agora, que todos os anos mudam as coisas cada um diz uma coisa e o seu contrário, esquecendo-se que, na altura de 'responder' perante a lei é aos responsáveis que se pede resposta.
E depois, mesmo quando não se trata de ilegalidades, um professor tem que ter a noção que trabalha com turmas, que tem que ter critérios de equidade, de justiça relativa, que trabalha com outros colegas, que onde não há respeito e acordo entre colegas, as rupturas prejudicam os alunos. Os alunos são os primeiros prejudicados quando os levam a pensar que podem fazer o que entendem como se vivessem num país sem leis e como se a sua noção subjectiva de quereres ou direitos se pudesse sobrepôr, até aos deveres legais dos professores.
As pessoas interiorizarem os títulos e os cargos. Um indivíduo é nomeado ministro e imediatamente se convence que deve ser muito inteligente por ter o cargo. Isso vê-se nas escolas de modo aflitivo. Aflitivo, porque não podemos dizer nada (é o mesmo que chamar a atenção de alguém que está vestido com uns shorts de ganga, por baixo umas leggins de leopardo, e a rematar um casaco de pelúcia dizendo-lhe que aquilo é muito mau, quando vemos perfeitamente o orgulho da pessoa na vestimenta que escolheu...), não só porque não vale a pena -a pessoa está muito cheia de si para ver seja o que for-, como também porque nesses casos a tendência das pessoas é a pequena vingança.
Agora, que é francamente frustrante e desmotivante ver como certas pessoas se tornaram os melhores soldados da Lurdes Rodrigues...ah é, sim. Alguns que fizeram todas as marchas e manifestações... como diz a Cecília, é o mesmo que andar na catequese, fazer a primeira comunhão, a profissão de fé e o crisma, e depois pegar numa pistola e matar alguém.
Isto vem a propósito de uma pessoa levantar-se, abrir o mail e ficar logo desmotivado para o resto do dia, ou do mês...
A manifestação de ontem foi uma bofetada na ministra, e no primeiro ministro, se é que ainda têm cara...
Pelas contas mais baixas estavam lá 55.000 mil professores. Isso, é uma enormidade de gente na situação actual. Estamos mesmo no fim do ano lectivo na semana(s) do ano em que há mais trabalho para milhares de professores; é a 5ª manifestação em menos de dois anos; muitos professores ficaram pelo caminho, subornados e 're-subornados' com títulos, após cada manifestação, com cargos e benesses para que desistissem da contestação; muitos o fizeram e estão bem contentes nos cargos merdosos que foram criados apenas para a destruição dos professores. Pois mesmo assim ainda lá estavam mais de um terço da totalidade dos professores.
Um terço duma classe profissional enorme como a nossa, é muita gente. Se lhes juntarmos todos aqueles que quereriam ir e não puderam, por motivos de trabalho, doença, etc., vemos claramente que a classe dos professores está quebrada a meio. Há uma divisão profunda e insanável entre os professores por causa deste ECD e da avaliação estúpida praticada entre membros pares, onde uns foram escolhidos para destruir os outros.
Só um cego, completamente cego, não vê que o cancro que injectaram na classe profissional dos professores, aos destruí-los a eles, destrói, simultameamente, o próprio sistema educativo.
O primeiro ministro, a ministra da educação e os besuntos satélites queriam todos os professores iguais a eles. Conseguiram alguns, que hoje se refastelam nos cargos. Mas é sempre assim, nestes casos.
Na minha escola há os que gritaram contra a entrega dos objectivos e falaram muito em ética, e até aparecem aí no blogue de quem tem mais visibilidade entre todos os bloggistas, como grandes resistentes, e afinal foram dos primeiros a entregá-los. Mas andam por lá de boa cara como se nada fosse. Alguns, quando se soube que não eram necessários, foram pedi-los de volta, também às escondidas.
Mas estes são alguns e não, nem de perto nem de longe, todos; e essa fractura entre os professores é fatal.
Qualquer besta vê isto. Até mesmo aquela gente que andam por aí como vírus ambulantes, a infectar tudo à passagem.
jornal Público
O Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, afirmou hoje que o Conselho Executivo do agrupamento de Escolas de Santo Onofre foi destituído e substituído por uma Comissão Administrativa Provisória (CAP) “porque os professores não quiseram participar na governação das suas escolas e não cumpriram um dever de cidadania: o de apresentar uma ou mais listas ao Conselho Transitório”.
“Choca-me que não tirem partido desse direito, mas se é assim que querem muito bem: a escola é pública e o Estado tem a obrigação de assegurar a sua governação nos termos da lei”.
Compreende-se perfeitamente o choque do secretário Lemos. Nos círculos que ele frequenta é impensável haver um cargo disponível e não existirem candidatos ao 'tacho'.
Habituado a ver, e achar normal, que qualquer parvo concorra para qualquer cargo, faz-lhe confusão que haja pessoas honestas que não desatem a concorrer para cargos só porque eles existem.
Ele próprio, mais os outros do ministério, são pessoas que, se tivessem vergonha na cara, nunca se teriam oferecido para governar, ocupando cargos que ultrapassam largamente as suas medíocres capacidades, não?
Mas aquela ideia está tão disseminada nesses círculos que já confundem honestidade com falta de esperteza para «tirar partido» das situações.
Depois, o que tem piada (sem ter nenhuma) é vê-lo invocar «os termos da lei»:(!) isto , vindo de quem vem, é para rir, concerteza. Nunca houve tanto desrespeito pela lei de bases do sistema educativo, pelos tribunais, pelas pessoas e seus direitos... o descaramento desta gente...
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