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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Gosto e não gosto de escrever blogs. Gosto porque é uma maneira de extravasar, de partilhar, de comunicar. Por outro lado, chateia-me ter perdido o gesto da escrita no papel. O acto físico de escrever, a caligrafia, as letras a surgirem no papel com a caneta de tinta preta elegante. Aquele papel granulado, de gramagem pesada. Lembro de escrever na escola primária em papel almaço. Não tínhamos cadernos. comprávamos folhas de papel almaço de tamanho A4, como se diz agora, que cortávamos ao meio e furávamos. Depois passávamos um cordão de cetim pelos furos e dávamos um laço. Azul, os meninos, cor-de-rosa as meninas. Aprendemos a escrever com cuidada caligrafia pois escrevíamos com tinteiro e aparo e qualquer distracção borrava o papel. Até o uso do mata-borrão tinha de ser cuidadoso para não alastrar tinta. Íamos juntando as folhas à medida que precisávamos. No fim ficava gordo, o caderno, assim construído, com os ditados, as contas, as redacções e os desenhos. Durante muitos anos guardei o caderno da quarta classe, que era lindo. Um dia, não sei que me deu mas resolvi deitar fora todo o passado e rasguei-o todo e deitei-o para o lixo. Estúpidez...
Não tenho muitos blogs. Tenho dois ou três. Um é para escrever cenas de poesia, somente. Esse é fechado. Outro é para escrever outro tipo de histórias... Mas a verdade é que quando quero escrever vou para o pc. Já não tenho o impulso de escrever na folha de papel e isso causa-me alguma tristeza, ou nostalgia.
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