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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
foto do Bruno Amoroso
Esta fotografia é do Bruno, que a tirou, algures na Polónia, onde está a fazer Erasmus e, de vez em quando, tira fotografias e posta-as no FB. Algumas das fotografias são muito boas. Como esta, por exemplo, com uma atmosfera e uma luminosidade que evocam o Constable e outros do género. Parece mais uma pintura romântica que uma fotografia e só o corrimão da ponte de ferro desfaz essa ilusão.
Capicuo-me vezes sem conta
Sem tomar em conta quem sou.
Somo e subtraio parcelas ambíguas
Com pontas laças mas contiguas.
Multiplico imperfeições,
E divido o ser em três
Um para as existências.
Dois para as esperanças.
E três para os porquês.
Porquês?? porque sim, porque não, porque talvez....
Esperanças vãs e existências sem frações irredutiveis.
Discutiveis mas sempre irresolúveis.
Sou assim uma matemática estranha
De caracteres alfanuméricos sem sentidos
Mas sempre com porquês,
Sempre com esperanças ,
Com existências...
Bruno Amoroso
Pegar na minha mala
A mala com tudo o que tenho
Tudo o que existi, por vezes vivi...
É pegar nessa mala
Fechá-la e deixa-la ir
Tudo tem o seu momento
E chegou agora o tempo
De eu partir
Levo apenas comigo
Um pedaço de mim
Um pedaço apenas para me lembrar
Um pedaço somente para odiar
Um pedaço para amar
Reflectir
A mala essa deixo-a onde convier
Talvez na casa onde vivi
Talvez num banco de jardim
Nada do que contem me fará falta
Senão somente um sentido de mim...
São cadencias intermináveis
de intermináveis orquestras!!
são mil trombetas de gloria
e mil violinos de dor
são sinfonias de amor
são "desarmonias" de ardor
são acordes de melancolias
em mil danças de sintonia,
de pura sincronia,
são valsas sem pares
são pares sem pessoas
são pessoas sem nomes
são nomes sem sentido,
Alguns!!
é entropia pura
é mecânicas quânticas
é orbitais estelares infinitas
é cores,
é sensações,
é tudo
nada!!
e tudo isto numa só cabeça !!
Bruno Amoroso
Dentro deste quarto só caibo eu,
despido de preconceitos e máscaras,
de mentiras e farsas
a que o Nós tanto obriga...
De uma qualquer janela,
esgueirando uma qualquer ruela
vejo pessoas sem rostos.
sem membros, sem gostos...
Sem opiniões , sem vontades
com medos, talvez com verdades.
Mas as verdades ficam em quartos como este!
Sem luzes...
Sem confortos...
Apenas com as razões de quem as pensou!
Há dias por vezes
em que as janelas se abrem,
em que os rostos se vêm,
em que as vontades se exprimem,
e que as verdades por fim nascem!!
São poucas vezes no entanto
em que assistimos a tal encanto,
de ver nascer um Homem!
Bruno Amoroso
És não outra coisa senão tu
Não fizeste outra coisa senão sonhar!
Chegaste com cores e sabores,
E pensamentos e calores de amores,
De emoções e odores…
Trouxeste as tua presença e o teu eu...
A tua inspiração é o teu céu!!
Na tua mão uma mala de ideias,
De recortes de jornais,
De revistas e outras coisas que tais…
Trouxestes vestidos e enfeites,
Sapatos de cristal,
E o teu sorriso.
Aquele tão lindo que é só teu,
E só meu...
De nós!!
Trouxeste correntes, e amarras
Doces, não amargas
E me prendeste!
Somos hoje irmãos
E por isso te digo!
Nunca deixes de ser tão tu!
Nunca deixes de só sonhar!
São eles que me cegam, são eles!!
Não sei o que sinto, pois em mim não sou eu, sou eles…
Quis ser capaz de saltar aquela barreira imaginária
Quis um sonho, mas o sonho não era meu era deles
Eram eles que falavam quando falava
Eram eles que amavam quando amava
Sou sonho acordado,
Sou um homem derrotado!!
E são eles que me prendem, são eles!!
São sentimentos!
...que hoje faz anos, dois bonitos poemas
Espelhos redondos.. lenços de cetim
Bugigangas de mil cores no meu jardim
Tem rosas, tem margaridas
Apenas não te tem a ti, nem a mim…
Tenho um jardim que não é meu
E as flores que nele crescem
São filhas da terra, Ninguém as plantou…
Tenho um jardim que é só meu
E as sombras que nele vejo
São bastardos do corpo, fui eu quem os criou…
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Sonho com dias de Outono.
Dias de laranjas e vermelhos,
Dias de amarelos e castanhos.
Sonho com chuvas, com folhas, com naturezas.
Das que nunca vi,
Das que nunca descobri.
Sonho com passeios descalços
Com reflexos, com sombras.
Sonho corpos amontoados, torcidos, quebrados
Sonho ou desespero?
São noites de inverno
Noites de negros e pretos
Noites de gelos e medos
Acordo e penso….
Que todos os invernos sejam sonhos
E os dias Outonos!!!
Hoje encontrei o Bruno Amoroso e a Marlene quando ia para a escola. Vinham com a ficha ENES na mão. O Bruno teve 18.5 no exame de Matemática. A Marlene está com boa média para onde quer entrar.
O Bruno vai entrar para a primeira opção que escolher.
O Bruno Amoroso, que neste momento deve estar a chegar ao destino da viagem de finalistas, deixou-me dois poemas. Um vou pôr aqui, o outro vou pôr na Revista de Filosofia que faço sempre durante as férias para sair à venda no primeiro dia de aulas. Gosto do que ele escreve. É tudo muito sentido.
Olhar mudo,
Olhar surdo,
Olhar de rancores, ódios e invejas
Espelho da tua alma, adormecida, escondida
Por estes monstros da realidade que te consomem e destroem.
Têm a chama de quem sente, de quem ama, de quem deseja!!
Mostram a vontade que aprisionas dentro de ti!
E esse olhar chora em silêncio
Chora uma nada que é tudo,
Tudo o que ambicionas!!!
E é esse olhar que me enfeitiça, que me prende
Deixa-me ser os teus olhos, deixa-me segurar toda essa dor que te atormenta
Deixa-me ser teu nada, para que sejas tudo…
Respira!
ingrés
O brilho de teus olhos,
Espelhado em rosto meu
Êxtase de sentimento e paixão
Em que deus criou o céu
E mais que desejo carnal
Nos teus lábios me deleito
As almas unidas em transe
Esperando pelo clímax perfeito
No final a sombra da despedida
O rasgar das aguas do barlavento
És minha essência, és minha cor…
E nesse instante acalento
Doando minha existência
Por um segundo mais de tua permanência!
Música escolhida pelo Bruno Amoroso
António Lança
Hoje o blog ganhou mais um colaborador editor - o Bruno Amoroso, que anda a estudar para seguir Matemática Aplicada, mas que não limita os seus interesses 'aos números', como se costuma dizer, antes se interessa por muitos e variados assuntos.
Hoje deixou-nos aqui um poema. Muito bonito, por sinal.
Volte sempre, Bruno.
EU
No ser existo,
Apenas para viver na lembrança,
De uma esperança de um passado meu.
Serei sonho? Serei memória?
Sou certamente historia,
De algo que existiu,
Ou talvez exista!
Recordação de uma existência,
que já foi e não tornará a vir,
Apenas para em mim existir.
Tu, existência és somente um eu,
que sonha acordado
Um sonho contado.
Contacto por quem?
Talvez por ele, futuro do meu ser.
Quem sou de verdade? Não o sei.
Nem o tempo conhece,
E o espaço pequeno é, para saber.
Que em mim nada mais existe que um ser.
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