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Theo e Vincent Van Gogh

por beatriz j a, em 31.12.10

 

 

 

 

 

 

Em Auvers, no dia 27 de julho de 1890 Vincent dispara um tiro contra si mesmo. Uma possível razão para a sua atitude pode ter sido querer deixar de ser um encargo para o seu irmão Theo, que além de sustentar Vincent sustentava também a sua jovem família e sua envelhecida mãe.

Vincent faleceu dois dias mais tarde, na presença de Theo, recusando-se a submeter-se a qualquer cirurgia.

 

Poucos dias depois, no dia 30 de julho, Theo entrou numa profunda depressão.

 

Após uma tentativa infrutifera de persuadir a galeria Durand-Ruel a realizar uma exposição memorial retrospectiva das pinturas de Vincent, Theo improvisa no seu antigo apartamento em Paris uma primeira retrospectiva póstuma das obras de seu irmão, realizada em 20 de setembro de 1890 com o auxílio de Emile Bernard.

 

Em outubro de 1890, a pedido de seu cunhado Andries Bonger, Theo foi internado no asilo de Auteil.

 

A pedido de sua esposa, foi transferido, em Novembro, para a "Instituição Médica para Insanos" na Holanda. Lá faleceu dois meses depois, com 33 anos de idade. Inseparáveis em vida, inseparáveis na morte, estão sepultados lado a lado em Auvers-sur-Oise, a 30 km de Paris.

 

 

 

 

 

Excerto do livro de Judith Perrignon:

 

"Basta virar-me e já vagabundeio através do linho um pouco áspero da nossa infância, através da confusão dos nossos cabelos ruivos, misturados e brilhantes debaixo das velas do presbitério de Zundert, depois até ao quarto número 5, metido nos lençóis húmidos de febre onde vi aproximar-se a morte, e deixei-me levar pela recordação sem tréguas. Desde aquela noite em Auvers que passei deitado junto a Vincent, só sei olhar para trás ou para o chão onde o meu irmão se dissolve. Se levanto a cabeça sinto vertigens.

O que será que me liga a meu irmão, a ponto de não conseguir avançar sem ele? Nós não éramos gémeos, pelo contrário. Chegámos a ser incapazes de viver entre as mesmas paredes! A que se devem então estas queimaduras nos olhos desde manhã? Quem tinha as pupilas fixas e incandescentes era ele! E estas ausências da vida comezinha? Os desatinos, a dependência, os sonhos grandiosos, a impossível fricção com a existência, eram dele!

 

Muitas vezes pensei nele sem mim, mas nunca me preocupei com o inverso. Sem o ter ao alcance das minhas palavras, perco o equilíbrio. Há uma metade de mim que está vazia."

 

 

Van Gogh, Auvers-sur-oise (os corvos, a anunciar o que vinha...?)

 

publicado às 12:20


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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