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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Na realidade uma pessoa esquece-se que há vários tipos de amor. Segundo Aristóteles e outros gregos, são três, Agape, Philia e Eros. Eros é o único deles que também inclui o desejo sexual e a paixão. Os outros dois são tipos de amor que podemos ter por amigos/companheiros, portanto, fraternal e amor por todos em geral, como o amor ao próximo. Acontece que a imagem do 'amor' está tão romantizada e sexualizada que só se considera amor, o Eros, tendo o Philia passado a ser tratado como uma perversão, quando entre homens, o que é um preconceito e nada mais. Na Holanda andam a lutar contra ele.
... porque o que tem que ser tem muita força... li algures que quando comemos um figo comemos uma vespa macho que morreu dentro dele pois cada figueira depende de um tipo específico de vespa que a poliniza e sem a qual não existia. Isto porque as vespas fémeas entram nos figos pela base e os machos vão atrás delas e fecundam-nas dentro dos figos [não hão-de eles ter tanto mel...?]. Depois elas saem e eles morrem lá dentro.
Isto faz-me hesitar em comer os figos? Nem pensar! Há lá coisa mais poética que mastigar uma história de amor e encher a boca de mel?
Amor - palingenesia. [decomposição do ser que era e renascimento num grau de ser mais elevado de convergência com o mundo.] Vontade indómita com intuição da totalidade. Não confundir com paixão.
For our entire relationship, I was absolutely and irrevocably miserable. I can see now that you used me purely as a means to an end. Don’t you know how that makes me feel? It is imperative that you reflect on the meaning of universal law, and stop doing that thing you did with your tongue. I hated that.—Immanuel Kant
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What are we even doing anymore? With every passing day, you grow more isolated from your labor. We have not made love in over a month, even after I was cured of that rash, and was so certain that we would celebrate appropriately. I demand justice from this bourgeois hand-job hell they call “relationships.”—Karl Marx
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Do you remember that day with the ducks? It was cold and rainy and the foreboding sky tried to seal our fate with each gust of wind. We hurried underneath the nearest awning, where we came upon a family of ducks nestled together, and I remember looking at you and thinking, “This can’t last long.” But what ever does? Listen to me when I say that just as a bee abandons its flower once pollination is complete, you too must move onward, or go under. One day soon you will meet a man, and he will rise like a phoenix from the ashes, and it is my greatest hope that he will not give you syphilis.—Friedrich Nietzsche
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It pains me to admit it, but Socrates was right about you. You are incapable of thinking about anyone but yourself. When was the last time you even came to see me lecture at the Academy? I have been lost in a state of denial for long enough. Now I finally realize that your love is not true. Your beauty is transcendent, yes, but painfully abstract. Leave me to grapple with the material world. Be gone.—Plato
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I drink, therefore I am . . . drunk. Ha ha! I thought this would be easier after my sixth glass of wine, but alas, it is still absolutely terrible. Oh, how my world grows smaller when I think of you not in it, and—no, you know what? Let me start over. Philosophy is like a tree, and it has all these branches that extend outward, but you’re like a shrub. Cute and small, but not well versed in rationalist thought. Do you get what I’m trying to say?—René Descartes
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My dear little girl, I visited the Balzac exhibit the other day and immediately knew what had to be done. I am terribly in love with you, and yet I despise you. Try to understand: I think of you in those small, delicate moments, like when a squirrel hurries across the allée or a homeless man pleasures himself in the bushes of les Tuileries. It might be time that you find someone else who shares your interest in morally evolved threesomes.—Jean-Paul Sartre
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J.P., you are an ass.—Simone de Beauvoir
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I will proceed to break down our relationship into three stages. Our first stage is defined by aesthetics. I walked down one of my favorite crooked streets in Copenhagen, watched you step out of a carriage, and knew I must have you. The second stage of our existence is an ethical one. While I desired to lay my eyes on your hidden flesh, I recognized that you had recently revealed your body and soul to my good friend Hans, and knew he would be pissed if I tried anything. Our third and final stage is religious. I did not care much for Hans, and so I seduced you. However, we have both committed a tremendous sin, and thus we must end this immoral though titillating tryst immediately. God bless.—Søren Kierkegaard
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Say goodbye to my John Cocke!—John Locke
... que a Igreja Católica e as religiões em geral têm em relação às mulheres, aos gays e em geral a todos que não são Machos machistas obedientes, aqui vai um excerto duma música que faz mais pelo mandamento do amor ao próximo que todos os discursos panglossianos dos que falam dos púlpitos.
Não responder à barbárie com mais barbárie mas interromper o ciclo de violência. Neste caso, com amor. Nem todos os povos são maduros e educados o suficiente para serem capazes desta escolha, deste tipo de resposta à violência. É uma lição.
O verdadeiro amor não é a procura do infinito [esse é o amor de si próprio] mas precisamente o movimento inverso do abandono da promessa da própria Eternidade por um indivíduo imperfeito. (Slavoj Zizek)
Uma bela história passado na Holanda do século XVII. Começa com um assassinato político mas a história é sobre o acto criador na vida, no amor e na arte. Do Dumas, pai.
Onde há amor não há desilusão.
Des-ilusão é a ausência de ilusão
Ilusão é a imersão na luz: i-luz-ão = dentro de uma enorme luz.
Dentro de uma imensa luz não há sombras. Tudo é imensamente claro e todo o visível é integrado na luz. Não é um excesso de luz que cega, é um todo de luz que mostra. Mesmo as sombras se 'es-clarecem' e tornam luz. É isso a ilusão: estar na luz. Por isso, onde há amor (de amante ou de amigo, tanto faz), não há desilusão. Tudo é visto como um todo que faz parte da luz: o escuro e o claro, o baço e o brilhante. É ver o todo no pormenor e o pormenor no todo. É ver o defeito na virtude e a virtude no defeito. É isto o amor: um estado de ver na luz e estar na luz, um estado de ver a verdade e estar na verdade. A desilusão é a negação da luz.
No próximo domingo, às 9h, quando Bento XVI passar pela catedral de Barcelona, vai ver cerca de 500 casais, gays e hetero, a beijarem-se na boca. O "beijo coletivo" de dois minutos, "sem bandeiras, sem gritos, sem slogans" é uma iniciativa do grupo Queer Kissing Flashmob, que há duas semanas está a convocar para a manifestação gays, lésbicas e heterossexuais, via Facebook, blogues e outras redes sociais na Internet.
Os participantes do "Queer Kissing" vão beijar-se todos ao mesmo tempo, e depois abandonarão a praça da Catedral de Barcelona. Segundo os organizadores, o "beijo coletivo" é uma forma de protesto de quem está em desacordo com a forma como a Igreja Católica entende as relações entre as pessoas.
A Igreja prega o amor mas não o aceita ou só o aceita regulado por si. Para amar é preciso perguntar: 'Papá dás licença? Quantos passos dou?' Respondem: '3 à bébé'.
O calor continua infernal. Estive a tarde toda a fingir que trabalhava (na mais completa penumbra), mas basicamente o que fiz foi ingerir líquidos. No próximo fim de semana vou para outras paragens estrear fato de banho, sol e água. Estou desejando. Apanhar outros ares. Quando começa o calor verdadeiro, tem que se ir à praia. Não sei porquê mas enquanto não se vai à praia parece que o calor está colado ao corpo. Três dias de corpo ao sol. É claro que no primeiro dia vou dormir barbaramente - tal qual como os miúdos que no primeiro dia de praia caem de borco a dormir, assim sou eu.
Vendo bem, o ser humano está mal desenhado - será que o Domingo (o dia do Senhor) é mal fadado? É que, segundo sei, também o Grande Engenheiro fez o homem a um domingo.
Seja como for, a verdade é que o homem está mal desenhado. Tem 7 pecados capitais - a gula, a luxúria, o orgulho, a avareza, a ira, a preguiça, a inveja- e mais uma infinidade de outros pecados veniais do lado do mal e, para lutar contra eles todos só tem o Amor. Mas enquanto todos estamos marcados pelo(s) pecados, que são uma espécie de oferta da casa, não é garantido que tenhamos acesso ao único instrumento que garante que se passe do nível '0'. Na verdade, parecem ser muito poucos os que têm acesso a ele e ao mundo a que ele dá acesso, pela infinidade de portas que abre no homem. E mesmo uma parte desses que tem acesso à experiência do Amor (com letra enorme) está tão carregada com o peso do outro lado do mundo que não sabe usá-lo. É uma luta sempre desigual, sempre desequilibrada. A maior parte dos homens acaba por não dar uso ao coração, como diz uma canção qualquer.
Por ter sido assim tão mal feito teve depois que ser compensado com uma resistência infinita ao sofrimento. A todo o tipo de sofrimento.
Mas ninguém liga a estes factos pois os relatórios mostram que o Grande Engenheiro é um sucesso incontestável em todos as estatísticas.
Ontem ao fim da tarde desliguei o pc e resolvi ler um livro que comprei há pouco tempo, não sei já onde. Chama-se Noite Bengali. Comprei-o por curiosidade, depois de ter visto quem era o autor: Mircea Eliade. Este é um indivíduo que eu conheço de estudá-lo na faculdade. Conheço-o da Filosofia das Religiões e dos estudos sobre Mitologia e fiquei surpreendida de ver o nome dele num romance.
Fui ler a biografia dele. Algumas coisas já sabia: que ele era romeno, poliglota (falava uma data de línguas), que tinha vivido em Portugal durante a Segunda Guerra (não sabia que ele tinha escrito um livro sobre o Salazar -censurado..), que tinha ido viver para os Estados Unidos. Não sabia que ele tinha estado na Índia (a estudar a filosofia asiática e aprender parsi e sanscrito) e que tinha tido problemas com o professor indiano orientador da sua tese por ter-se apaixonado pela sua filha. Este romance é sobre esse acontecimento da vida dele. Fiquei a saber que até existe um filme sobre este livro.
Embora romanceado - no livro ele é um engenheiro solitário e neurasténico que vai para a Índia trabalhar e procurar uma vida exótica- o livro é sobre a paixão dele por essa indiana Maitreyi (ele usa o verdadeiro nome dela) e as desventuras daí geradas: a traição ao pai dela, seu benfeitor, e a perda dela.
O livro aborda a questão do preconceito racial dos ingleses em particular e dos europeus em geral na Índia..., mas o mais impressionante é o ambiente e a atmosfera da Índia de então, a par da mentalidade e da vida diária.
O livro é perturbador porque o romance entre eles foi muito profundo e acabou muito mal, com mal-entendidos e, acima de tudo, com grande sofrimento para ambos ( o que aconteceu mesmo na vida real).
É triste, mas muito humano. O Mircea Eliade era um conhecedor do espírito humano e possuidor duma cultura universalista. Isso nota-se no que escreve.
Acho esse filme do post aí em baixo -A beautiful mind- muito bom. Passo-o nas turmas do 11º ano, a propósito da ciência e dos problemas do conhecimento. Muita gente que conheço não gosta do filme porque acha que não retrata como deve ser, nem a vida do John Nash, nem a sua esquizofrenia. Mas eu não vejo o filme como um documentário biográfico, vejo-o como uma abordagem aos problemas do conhecimento e da ciência, e nessa medida acho o filme brilhante, nas questões que levanta e nas respostas que ensaia.
No filme, Nash representa a ciência no seu 'core': a procura incessante de padrões de penetração e explicação do real, que é, no fundo, a tentativa de transformar o caos em ordem com as leis científicas.
O modo como ele constrói a tese que lhe deu o prémio - o momento exacto em que a ideia lhe surge com toda a clareza como uma peça de puzzle que encaixa na perfeição no problema é óptima para mostrar o que é o processo de incubação daquilo que vulgarmente se chama a 'descoberta científica'.
A crença que ele tem no 'método' bem como a crença que todos os outros têm nele (ao ponto de não se aperceberem dos seus desvios de comportamento) representa a fé cega na ciência, como única explicação do real e no método científico como a 'vara' que descobre o ouro enterrado. Isso mostra muito bem a crença vulgar de que a ciência é capaz de tudo, muito parecida com a crença em 'magia'.
Até meio do filme não percebemos que o seu amigo e a sobrinha, mais o dos serviços secretos são entes imaginários. Só a meio do filme, e de repente, somos confrontados com esse facto. Isso é um choque que não estamos à espera, e tem um efeito pedagógico nos alunos que podemos depois explorar para explicar como é que, estando imersos numa realidade, não nos apercebemos dos seus contornos e como é preciso ultrapassar os seus limites para termos uma visão do todo, sem a qual a fé é sempre cega.
O critério que Nash usa, no filme, para tomar consciência das suas alucinações (a miúda nunca crescer) é um critério de coerência lógica, o que exemplifica na perfeição o problema da necessidade de princípios heurísticos e dos critérios com que aceitamos outros critérios para fundamento da compreensão/explicação do real.
Duas cenas com a mulher dele mostram muito bem os limites da ciência e a seu apoio na própria crença, sendo que o único problema está em não termos consciência que a crença é crença e tomarmo-la por verdade única, dogmática.
A primeira dessas cenas é a aquela em que ele pede a mulher em casamento dizendo que precisa duma certeza de que ela o ama e que isso é real, ao que ela responde com a pergunta, porque é que ele acredita que o universo é infinito e trabalha tendo isso como princípio mesmo não sabendo ao certo se o é. Ele responde que é um acto de fé. Esta cena, onde ela o faz tomar consciência do lugar da fé na própria ciência mostra também que o dominio da ciência não é total. Há coisas que estão fora da sua explicação.
A segunda cena é essa representada na fotografia do post abaixo onde ela lhe diz que para além das hipóteses da sua loucura na busca de padrões (os indivíduos imaginários) há outras coisas reais (como o amor dela, que sendo da ordem do sentimento e não da razão, foi a única coisa com a qual ele afinal sempre pôde contar) e que precisa de acreditar que algo de extraordinário é possível, quando lhe pergunta se ele é capaz de lidar com os seus 'demónios' de modo a poderem ficar juntos. No fim do filme ele diz que agora escolhe ver os 'amigos imaginários' como uma hipótese paralela à qual tem de resistir, como uma espécie de dieta mental. Eu escolho interpretar essa cena como uma metáfora para a necessidade que a ciência, ou os cientistas melhor dizendo, têm de resistir às tentações de poder absoluto na apropriação do real pois o risco é a desvirtuação da ciência no seu propósito de transformar o caos em ordem, e a sua substituição pelo caos da loucura cujos exemplos são às carradas, desde a bomba atómica à questão da origem da SIDA, da venda de doenças e guerra por todo o planeta.
Essa cena também me serve a mim para desconstruir junto dos alunos a imagem (errada) que eles têm do cientista, não como um homem com todos os seus defeitos e complexidades, mas como uma espécie de ser infalível que está acima dos outros nas certezas e conhecimentos do real. Mesmo a esquizofrenia dele, apesar de poder estar representada de modo um pouco leve, mostra como a explicação da Psicologia/Psiquiatria/Psicanálise não esgota, nem é suficiente para tomar conta do problema.
Finalmente, o filme mostra a fragilidade do conhecimento humano face à imensidão e complexidade de tudo o que há para saber e isso permite pôr as coisas no seu lugar em termos da ciência como um dos caminhos (mas não o único) de acesso ao real.
O amor não pede licença para ser
não anuncia a chegada
não bate à porta antes de aparecer.
Não se apresenta aprumado
não anda à moda
nem veste fato apertado.
Não sabe de leis nem de regras
não chega a horas à mesa
nem respeita as etiquetas.
O seu abismo é sem fundo
não cabe dentro do planeta
não vive dentro do mundo.
Não tem Norte nem tem Sul
não tem pólos de sustentação
tudo nele é revolução
e a bússola que o orienta
é o bater do coração.
bja
Até o cacto seco e agreste
inteiro coberto de espinhos
de vez em quando se veste
de rosas de tons delicados
suaves perfumadas flores.
Ficamos nós deslumbrados
com tão contrastante esplendor
de espinhos gerarem flor...
Mas não é isso o amor?
Um coração espinhado
mesmo em profunda dor
abrir-se e desabrochar
como se fora uma flor?
bja
Público
21.07.2009, Jorge Heitor Uma princesa saudita que teve um filho ilegítimo de um cidadão britânico recebeu em segredo asilo no Reino Unido, depois de ter dito que estava sujeita à pena de morte se fosse obrigada a regressar ao seu país, que é uma monarquia absoluta, contou ontem o jornal The Independent.
Os falsos moralistas, sobretudo os que falam em nome das religiões, parecem ter grande ódio ao amor, o que só por si mostra uma contradição interessante.
As religiões, todas as religiões, põem o 'amor' no topo do 'top ten' das virtudes - Deus é amor, o amor é que salva o Homem, e por aí fora; mas, na altura de julgar, condenam à morte as demonstrações de amor, e querem fazer-nos acreditar que Deus, se existe, não está preocupado com a guerra, com o crime, com o ódio, com a exploração do homem pelo homem, com o sofrimento, sobretudo das crianças, com a fome, com a miséria...mas que o que O preocupa mesmo é a necessidade de impedir que as pessoas se amem!?
Não conheço nenhuma religião que tenha o amor na lista dos pecados.
Os homens das religiões e todos os hipócritas e falsos moralistas que os seguem transformaram o Deus do Amor em Deus do Ódio, da Crueldade, da Tortura, da Inhumanidade e da Morte.
O primeiro mandamento desta gente parece ser: 'odiarás todos os que amam com ódio de morte'.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.