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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Agora passei de repente pelo canal da AR e dei com a ministra Alçada a dizer, na audição na Comissão de Orçamento e Finanças, que os professores querem esta ADD, que esta ADD é completamente simples e desburocratizada, que é o paraíso para os professores, que se não a tivessem se achariam desvalorizados...quem sabe até se não morreriam...
Já não se suporta tanta mentira, tanta incompetência...o país não se pode dar ao luxo de ter estes mentirosos incompetentes numa altura destas...
Hoje, estava a dar uma aula sobre argumentação e retórica e estava a explicar a dimensão do ethos do discurso argumentativo, isto é, a dimensão do orador: a sua autoridade, os seus conhecimentos, o seu prestígio e a sua credibilidade como instrumento de gerar uma predisposição positiva prévia do auditório em aceitar e aderir à tese do orador. Estava a explicar isto aos alunos com vontade de dar como exemplo o Sócrates e o Teixeira, que tendo perdido completamente a credibilidade, não conseguem convencer os mercados com a sua argumentação de terem um orçamento. Seria o exemplo perfeito, porque é isso que se passa. É por isso que, enquanto o Sócrates estiver no poder todos os dias acrescentamos um prego ao caixão do país.
O certo é que o ambiente conta para todos. Apesar de ser algo que há muito consta dos livros de bolso de um gestor, criar um ambiente amistoso no local de trabalho tem resultados concretos (e não é apenas na alegria dos empregados). No estudo da HP, a presença de plantas e flores na empresa contribuiu para um aumento da produtividade individual de 55% dos funcionários. Bem mais que a proximidade de lojas (38%) ou de restaurantes (34%), o que prova que nem sempre localizar o escritório no centro da cidade pode ser a melhor opção. jornal i
Projecto de ensino à distância pensado para filhos de profissionais itinerantes é caro
Ministério da Educação desinveste na educação. Isto se não fosse sério e grave até dava vontade de rir. O ministério responsável pela educação despromove e desincentiva a educação. E tudo com manigâncias encapotadas, nas férias, para ver se passam despercebidos. Quem tem o hábito de fazer tudo às escondidas e com manigâncias e embustes são os bandidos, não são?
Como é possível que o país se dê ao luxo de desinvestir naqueles -crianças, adolescentes e jovens- que são os construtores do futuro do país?
A educação a pagar a crise é o germe da crise endémica deste país.
A um mês do início do próximo ano lectivo, alunos, encarregados de educação e professores continuam sem saber quais são as 701 escolas que, segundo o Ministério da Educação (ME), vão encerrar já em Setembro. A lei em vigor estabelece que a oferta de escolas do ensino público deve ser divulgada até ao dia 30 de Junho.
O que vai ser preciso para porem a andar esta Ministra e todos os seus ajudantes? Agora já nem se dão ao trabalho de...trabalhar. Pura e simplesmente não fazem e não querem saber de nada! O pai Albino anda à solta a dizer barbaridades e o senhor Freeport de férias.
Não há ninguém que não tenha já percebido que esta equipa da educação nem na 4ª divisão podia estar, quanto mais na 1ª. Mas continuam, porque o senhor Freeport deve ter feito uma promessa à virgem Maria de sair do governo com o título de Sócrates o analfabetizador.
O que é que se pode dizer mais do que já se disse? Nos jornais, na TV, nos blogs. Ele é estatísticas, documentos, tudo à mostra para que se veja as mentiras que o senhor Freeport e a Alçada mais os ajudantes andam a dizer, o descalabro que andam a fazer.
Mas nada os tira de lá.
Público José Manuel Fernandes
Os alegados defensores da escola pública são os seus maiores inimigos. Porque não respeitam alunos e famíliasEstamos na última semana de Julho e há pais a receber em casa cartas a dizerem-lhes que os seus filhos vão mudar de escola. A darem-lhes – teoricamente – a oportunidade de se manifestarem contra essa mudança. E cartas que são assinadas por entidades cuja designação faz lembrar o gonçalvismo: “comissões administrativas” nomeadas para os novos mega-agrupamentos. Comissões que, formalmente, só entram em funções a 1 de Agosto – mas que já estão a assinar cartas.
Isto que se está a passar um pouco por todo o país – desde as aldeias remotas do interior a concelhos das duas grandes áreas metropolitanas – não é incompetência e, muito menos, voluntarismo para “fazer andar as coisas mais depressa”. Isto que se está a passar e está a desorganizar a vida de centenas, talvez milhares de escolas e de um número incalculável de famílias é apenas a mais recente manifestação de autoritarismo e centralismo do monstro da 5 de Outubro. Tudo porque no nosso sistema educativo os cidadãos valem pouco e os funcionários – sobretudo os funcionários mais papistas do que o papa – valem muito.
Tudo começou com duas ideias aparentemente boas: uma, a de que seria importante encerrar todas as escolas com menos de 21 alunos, pois, nestas, o grau de aprendizagem é pior e as crianças não socializam; outra, a de que se poderia gerir de forma integrada a rede de ensino, associando sob a mesma direcção os vários níveis de escolaridade.
É certo que qualquer destas ideias tem problemas. O principal óbice ao puro e simples encerramento de muitas microescolas é que estas são dos últimos sinais de vida em regiões do país totalmente desertificadas e envelhecidas. Perdendo a escola, não perdem apenas a companhia dos miúdos durante o dia, por vezes também perdem os seus pais. Por lá vive-se um definhamento que pagamos caro – que pagamos, por exemplo, nas vagas de incêndios florestais que enfrentamos todos os anos.
Já a teoria de que os mega-agrupamentos podem ser mais eficientes desafia experiências recentes em países como a Finlândia ou os Estados Unidos, que recomendam o regresso a escolas de “dimensão humana”. Ora, de acordo com os dados oficiais, a média do número de alunos por mega-agrupamento é de 1700. Pior: muitos desses alunos estão espalhados por escolas diferentes, que perderam as suas chefias próprias e que agora foram reunidas porque, tal como fizeram com África as potências coloniais, os personagens de Kafka que habitam as Direcções Regionais de Educação pegaram na regra e no esquadro e trataram de cumprir as metas de “racionalização” definidas pelo poder central. Resultado: nos distritos de Viana do Castelo e de Aveiro ficaram no mesmo agrupamento escolas que distam 40 km entre si; no de Braga há um caso em que essa distância sobre para 60 quilómetros. Em muitos concelhos os mega-agrupamentos agrupam 20, 30, 40, 50 escolas diferentes e, pelo menos num caso, a demência foi ao ponto de juntar 63 escolas sob a mesma “comissão administrativa”.
Vamos admitir, mesmo assim, que é bom eliminar todas as escolas com menos de 21 alunos e agrupar as escolas demasiado pequenas. Se existisse apenas esse objectivo, o processo teria de decorrer exactamente ao contrário. Nunca poderia ser uma direcção regional a convocar os directores das escolas e a ordenar-lhes o que deviam fazer. Nunca poderia comunicar-lhes que agora iam “fundir-se” e que, ou se entendiam sobre a nova “comissão administrativa”, ou ela decidiria por eles. Nunca poderia ignorar por completo os pais. Nunca poderia tratar as autarquias locais como parceiros menores. Nunca poderia deixar de prestar contas sobre, por exemplo, quanto dinheiro se poupa com a reestruturação e quanto se gasta, depois, em transportes escolares.
Não é só grave o atabalhoamento legal, que poderá levar pais e autarquias a desencadearem providências cautelares que tornarão ainda mais caótico o regresso às aulas. Não é só grave terem-se dissolvido arbitrariamente órgãos de gestão eleitos há poucos meses, e após um processo de envolvimento das comunidades que nem sempre foi fácil. Não é só grave reinar a opacidade, recusando-se o ministério a entregar a lista das escolas que vão fechar apesar de proclamar que serão (reparem na exactidão) 701. O que se passou e vai passar assusta porque revela, mais uma vez, um ministério que funciona de forma tão “iluminada” como autista. Um ministério para quem a realidade não passa de um empecilho à célere concretização das suas medidas esclarecidas.
Mas tudo isto podia ser bem diferente. Imaginem, por exemplo, que o ministério não tinha poder sobre as escolas, que apenas as podia fiscalizar e assegurar padrões mínimos de aquisição de conhecimentos realizando exames nacionais. Imaginem que as escolas eram responsáveis perante os seus utilizadores: os alunos, os pais, as comunidades locais, os educadores. Imaginem que tinham real autonomia e, face a um orçamento, procuravam fazer o melhor e, naturalmente, ter o maior número de alunos. Imaginem que as autarquias eram verdadeiras parceiras, mais próximas e mais responsabilizáveis do que os burocratas do ministério. Imaginem que as escolas públicas tinham liberdade para encontrarem, nas comunidades mais pequenas, a melhor forma de atender as necessidades locais e, nas comunidades grandes, para concorrerem entre si pela excelência. Imaginem que o sistema não discriminava as escolas privadas e que, se uma criança de uma família pobre quisesse ir para uma escola privada, poderia levar consigo o dinheiro que custaria ao Estado a sua educação se continuasse numa escola pública.
Estranho Portugal seria esse onde os cidadãos seriam mais senhores dos seus destinos do que os burocratas iluminados. Estranho Portugal esse onde o império da cunha e da pequena aldrabice daria lugar a relações transparentes e fiscalizáveis. Estranho Portugal esse que se pareceria com a Suécia, com a Dinamarca, com a Holanda. Estranho Portugal esse onde não oscilaríamos entre o dirigismo salazarista, o dirigismo leninista e o dirigismo socratista. E que belo Portugal…
O que se está a passar este ano com o fecho das pequenas escolas e com os mega-agrupamentos é Portugal deste regime no seu pior. Desta vez, ao contrário do que sucedeu com a avaliação de professores, nem sequer existe uma boa causa, há só burocracia, centralismo e autoritarismo em nome de uns centavos. Desta vez, por causa da época do ano, quase não há reacções. Mas desta vez está-se, ao mesmo tempo, a dar uma terrível machadada na única reforma recente do sistema educativo que ia na boa direcção: a que dava mais autonomia e mais responsabilidade às escolas. Só que essa reforma era uma contradição nos seus próprios termos: Portugal é o país em que o “chefe” quer, pode e manda.
Felizmente nem todos amocham.
"A confusão do Ministério da Educação [ME] é grande", acusa Rui Martins, da Federação Regional das Associações de Pais de Viseu. "No dia 30 de Março, a proposta do ministério era encerrar cinco escolas e um jardim-de-infância. A 29 de Abril, eram 11 escolas e dois jardins-de-infância. A 19 de Maio já eram oito escolas." Se o rácio proposto pelo ME fosse cumprido, encerrariam, no concelho de Viseu, 23 estabelecimentos. "E a câmara tem modernizado todo o parque escolar, com custos a rondar os 3 milhões de euros", garante Rui Martins. "Este é o panorama da autarquia de Viseu. Basta multiplicar estes valores pelas restantes câmaras para ter uma ideia do esbanjar de dinheiro."
As queixas são consensuais: houve desperdício, sobretudo porque no entender dos autarcas a última decisão do ME passa por cima daquilo que foi homologado, nos últimos anos, nas cartas educativas. "No Baixo Alentejo, e perante a desertificação, o limiar de 11 alunos sempre foi considerado consensual", diz Francisco Caldeira Duarte.
por exemplo:
(escola)Várzea de Abrunhais, Lamego
Tem 24 alunos e no próximo ano lectivo já não abre as portas. Ganhou, em 2009, o prémio de uma das escolas mais inovadoras do mundo, atribuído pela Microsoft, pela maneira como as novas tecnologias são aplicadas ao ensino. Em Setembro, os alunos serão transferidos para o novo centro escolar da Ferreirinha, a seis quilómetros.
A outra acabou com os professores, esta acaba com as escolas.
Quando acabar o mandato e lhe perguntarem, 'então o que fizeste pela educação durante o teu mandato', a resposta dela será, 'fechei escolas, demiti pessoas, despedi professores, prometi que mexia no estauto do aluno para repôr a autoridade dos porfessores, prometi que ia melhorar o número de alunos por turma e os horários dos professores, mas menti...bem, na realidade, pela 'educação', não fiz nada. Mas tratei da minha vidinha.'
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