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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Depois de ter lido ontem, num jornal, que a maioria dos jovens portugueses não sabem quem foi quem e quem fez o quê no dia 25 de Abril resolvi começar as aulas a perguntar aos alunos quem tinham sido as pessoas importantes no decorrer e desfecho dos acontecimentos desse dia.
Numa das turmas, do 11º ano, duas alunas sabiam os nomes de Salgueiro Maia e Otelo. Uma delas sabia que Salgueiro Maia se tinha arriscado a levar um tiro. Não sabiam mais nomes nem sabiam ao certo o que é que tinha sido feito nesse dia. Uma delas sabia que eram capitães. Então estivémos a falar um bocadinho sobre esse dia e os outros intervenientes, como o Jaime Neves e o Spínola.
Na turma do 12º ano só uma aluna sabia o nome do Otelo mas também não sabia ao certo o que se tinha passado nesse dia. Sabiam todos em geral que os militares tinham tomado o poder. Mais nada.
Falámos um bocadinho sobre esse dia mas pouco porque tenho um programa para cumprir.
O desprezo a que a disciplina de História tem sido votada dá nisto...
Há uma placa no Largo do Carmo a lembrar a acção de Salgueiro Maia no dia 25 de Abril de 1974. A placa não é dourada nem está numa parede com pompa a brilhar. Não. Está no chão, sem protecções, onde pode ser, e é, pisada por toda a gente que por ali passa. E é assim que está bem. Parece-me a mim que é uma grande metáfora do espírito do 25 de Abril e dos heróis desse dia, pessoas como Salgueiro Maia cuja noção do dever e coragem foram determinantes para o seu sucesso, pessoas que fizeram a revolução a pensar nos outros.
Como todos sabemos, Salgueiro Maia saiu para a Revolução às 3.30h da manhã com um pequeno e simples discurso acerca de já não ser possivel adiar a acção para acabar com o 'estado a que isto chegou' e voltou ao quartel nesse mesmo dia às 23.30h com a revolução feita como deve ser.
Como também sabemos, a caminho do Terreiro do Paço, foram passando por forças da segurança que não se manifestaram e deixaram-nos passar sem problemas até chegarem à Rua do Arsenal onde parecia que o movimento podia ser travado mas não foi, em parte pela sua coragem de manter-se firme e em parte pela recusa dos militares de dispararem contra si, como conta o próprio.
Mais tarde ao chegar ao Largo do Carmo, já contava com o apoio da populção,
“Pelo meio dia e trinta cerquei o quartel da G.N.R. do Carmo. Foi bastante importante o apoio dado pela população no realizar destas operações pois que além de me indicarem todos os locais que dominavam o quartel e as portas de saída deste, abriram portas, varandas e acessos a telhados para que a nossa posição fosse mais dominante e eficaz. Também nesta altura começaram a surgir populares com alimentos e comida que distribuíram pelos soldados”
O 25 de Abril não é obra de uma só pessoa como nenhuma revolução o é mas, há pessoas que nos momentos decisivos em que os destinos se decidem, para o melhor ou para o pior, têm a coragem de manter-se fiéis aos seus princípios e ideais, por vezes com a coragem de pôr a vida em risco e, são esses que fazem a diferença. Salgueiro foi essa pessoa.
Como também sabemos Salgueiro Maia manteve-se fiel aos seus princípios e, mesmo em plena revolução, quando a História nos mostra ser vulgar a deriva para o excesso no exercício do poder, manteve-se sempre dentro dos limites da acção ética, no respeito pelos outros, mesmo por aqueles que se queria derrubar. A placa no Largo do Carmo, está no sítio exacto onde ele se dirigiu a Marcello Caetano e outros governantes sitiados no quartel e partir do qual escoltou Marcello Caetano, sempre com grande contenção de emoções e dignidade, em segurança, até ao avião que o levou do país.
Essas acções dele deram a tónica ao que viria a ser a revolução: um movimento popular de liberdade e não de violência.
Há falsos heróis desse dia, há outros que foram vítimas da ditadura mas que usaram a revolução para se tornarem naquilo contra o qual lutaram e há os que não souberam, e não sabem, nem exercer o poder sem abusos, nem largá-lo.
Salgueiro Maia era um homem do povo mas foi um Senhor. Um herói da revolução popular que soube exercer o poder quando foi necessário (e perigoso) e largá-lo quando chegou o momento e foi necessário.
Placa de memória a Salgueiro Maia no Largo do Carmo
Salgueiro Maia no Largo do Carmo no dia 25 de Abril de 74
Salgueiro Maia na Rua do Arsenal no dia 25 de Abril de 74 (não sei de quem é esta famosa fotografia)
... acerca dos desvios e erros de vício que se vão instalando e onde nos levarão, acerca dos poderes, que se dizem herdeiros dos ideais de Abril e os usam ao peito na lapela, talvez mais por vaidade ou auto-indulgência que por convicção mas que os atraiçoam nos seus fundamentos ao exercerem o poder.
Uma mulher de 57 anos, desempregada, tem a sorte de acertar num prémio de 10 mil euros numa raspadinha e o prémio é-lhe negado com um pretexto mesquinho. Estamos a falar de 10 mil euros... o que são 10 mil euros nos lucros de milhares de milhões que se fazem na Santa Casa? Quem sabe, a pessoa que negou à mulher a alegria dos 10 mil euros tenha sido um administrador, primo de alguém, a quem pagamos carro, cartão de crédito e ajudas de custo.
10 mil euros foi quanto o Medina deu a uma associação de 'primos de PS' para animar cemitérios em Lisboa, antes mesmo da associação estar oficializada... só para se entreterem, talvez para fazerem um jantar de arromba e irem fazer umas comprinhas...
Esta é a sociedade que estamos a construir. Uma sociedade com sintomas de doença. Uma sociedade cheia de mesquinhez e hipocrisia que atinge os mais pobres com malvadez por parte de uma classe política com hábitos e modos desprezíveis.
Mulher perde prémio de 10 mil euros em raspadinha por ter bilhete rasgado
Maria Freitas, uma desempregada de 57 anos, de Guimarães, ganhou 10 mil euros, em fevereiro, numa raspadinha de três euros, mas não tem direito ao prémio porque o bilhete está rasgado. Desolada, a apostadora garante que não voltará a jogar.
"Era uma ‘Moedas da Sorte’. Quando raspei, tive uma alegria muito grande ao ver que tinha prémio. Coloquei o bilhete na carteira e, quando fui aos serviços da Santa Casa, no Porto, disseram-me que não iam poder pagar o prémio porque o bilhete se apresentava rasgado", contou.
"O bilhete apresenta um ligeiro rasgão, na lateral do lado esquerdo, uma coisa mínima, mas tem todas as letras e todos os números intactos. Não compreendo este critério",
Os animadores do cemitério da Lisboa de Medina:
... acerca dos desvios e erros de vício que se vão instalando e onde nos levarão. Este artigo é um bom exemplo de questionamento sobre o modo como os poderes, que se dizem herdeiros dos ideais de Abril e os usam ao peito na lapela, talvez mais por vaidade ou auto-indulgência que por convicção, os atraiçoam nos seus fundamentos ao exercerem o poder.
Paulo Mota Pinto
Alguns dos protestos que Portugal tem vivido nos últimos meses deram origem a curiosas críticas feitas por parte de analistas e de políticos, maioritariamente situados à Esquerda. Diz-se que se trata de movimentos e de protestos ditos "inorgânicos". Quer com isso dizer-se que não são controlados politicamente, ou por nenhuma central sindical - isto é, são independentes e não sob obediência de nenhuma motivação política ou ideológica. Limitam-se a pretender defender os interesses dos trabalhadores em causa.
Trata-se de críticas curiosas, só verdadeiramente veiculáveis no contexto português. O panorama sindical em Portugal é há muito dominado pela ligação das centrais sindicais a partidos políticos. E com muitos casos de comunhão de dirigentes e total alinhamento de posições. Nalguns casos, perante a perda de adesão ao partido, há mesmo quem se interrogue se não é já a central sindical que é "correia de transmissão" do partido, mas antes o inverso que se verifica.
A situação de controlo dos trabalhadores por apenas alguns sindicatos, e destes por partidos políticos - mesmo não tendo chegado a vingar a tentativa de imposição de "unicidade" sindical" - tem certamente várias explicações, históricas, políticas e sociais. E, provavelmente, não tem só efeitos negativos.
Mas os instrumentos de luta dos trabalhadores, e as suas formas de organização coletiva existem para a defesa de interesses laborais, e não para ser instrumentalizados para posições de partidos políticos. Por isso, não é aceitável o medo de que os trabalhadores possam expressar e defender livremente os seus interesses - como passaram a poder fazer em consequência do 25 de Abril 1974. O medo de que atuem sem controlo por partidos que pretendem ser seus donos. Em vez do medo da greve livre, o que deve repudiar-se é antes o controlo do protesto laboral por partidos políticos que querem ser donos (e monopolistas) dos trabalhadores e seus interesses.
O medo da greve e do movimento sindical livre não é, na realidade, mais do que o medo de perda do controlo e do poder sobre os interesses dos trabalhadores, e da possibilidade de os instrumentalizar para os seus próprios fins políticos e partidários. Mas quando a atuação desses partidos políticos se traduz no aval ao prolongamento e aprofundamento da austeridade (encapotada), e à constante degradação dos serviços e bens públicos ao dispor dos mais desfavorecidos, esse é o resultado inevitável.
O Manneken-Pis, o famoso menino a fazer chichi que é um dos símbolos da Bélgica, está vestido de minhoto este domingo. Situada junto a uma das principais praças de Bruxelas, a estátua de bronze de 61 centímetros tem mais de 900 fatos diferentes e hoje foi a vez de vestir o fato em honra de Portugal, para comemorar antecipadamente o 25 de abril.
É o décimo ano consecutivo que a atração turística e ícone da capital belga se veste com o fato da confraria dos vinhos do Porto, que inclui uma camisa branca com o tradicional bordado minhoto e uma bandeira nacional. Todos os anos por esta altura a estátua é vestida com esta roupa para coincidir com o 25 de abril e como forma de comemoração.
As reportagens das TVs sobre o 25 de Abril estão cheias de políticos em pleno exercício de demagogia na rua. Todos falam nos coitados dos pensionistas e vomitam a palavra 'povo'. No parlamento e no sossego dos gabinetes a história é outra e faz-se de Audis, Lagosta, privilégios que se dão a si mesmos e tráfico de influências.
Hoje no Parlamento Paula Teixeira da Cruz falava da arrogância deste governo e em como se escusam ao escrutínio do povo. É verdade. Verdade é também o partido dela ter feito exactamente o mesmo há muito pouco tempo de modo que é um bocado, 'diz o roto ao nu...'
O que queríamos era políticos diferentes.
A vantagem de ter um Presidente que é professor na área das Humanidades, sendo um bom professor, é que sabe dar uma aula: tem a linguagem, a coerência, a pedagogia, a eloquência e o timing correctos.
Está a fazer um elogio muito bem feito às virtudes do 25 de Abril.
Comprei este livro, chegou-me a casa há coisa de hora e meia e acabei agora mesmo de o ler. É um livro que tem que se ter, um documento histórico mas também de reminiscência indivivual. Um testemunho fotográfico, com relatos dos envolvidos, do dia 25 de Abril.
Começa com uma fotografia do Cais do Sodré, quase deserto, às 6.45 da manhã. Depois, vamos acompanhando, hora a hora, a progressão dos tanques (carros de combate...) e da coluna de Santarém, comandada pelo Salgueiro Maia, desde o Cais das Colunas, Ribeira das Naus, Praça do Município, Rua do Ouro até ao Carmo, de onde sairá o Marcelo Caetano. O livro está muito bonito.
imagens tiradas da net
D. Sisson
Fez um discurso apropriado. De esperança, motivação e união.
...está a ser uma espécie de camartelo. E não escapa ninguém! Defende a Filosofia...valha-nos isso.
De cama com uma hepatite....boring...
Jornal Público
Apelo à manifestação do 25 de Abril
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