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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Um dos problemas do mundo actual é a transformação de tudo o que existe em mercadoria e, por conseguinte, os governos e as pessoas particulares em comerciantes à procura de lucro, recusando a ideia de que determnados bens, sejam físicos ou culturais, como a água, o ar que respiramos, a educação ou a saúde não possam ser sujeitos a uma lógica de mero comércio com vista ao lucro e que, pese embora tenham um valor que pode traduzir-se economicamente em termos de custos, não podem ser geridos como outro qualquer bem transitório, supérfluo.
Repare-se como este indivíduo, que defende ser a ideia de todas as pessoas terem direito a água uma coisa de extremistas, vai ao ponto de atribuir um objectivo pedagógico à comercialização/privatização da água: diz que se lhe atribuirmos um valor económico e a comercializarmos toda a gente passa a perceber que a água tem custos, logo, tratar a água como outro bem alimentício qualquer, na lógica distorcida dele, até é bom para as pessoas que têm menos recursos. Como se não pagássemos impostos para suportar os custos relacionados com o tratamento e cuidado com as águas.
A África do Sul está numa terrível crise depois de anos de seca e de má gestão dos recursos hídricos. A água é racionada a 50 litros, por dia, por pessoa. Ainda há quem negue as alterações climáticas. Nós aqui com tanto mar e ainda não investimos numa tecnologia barata de dessalinizar a água do mar.
tropecei nisto
Cabe-nos a nós defendermo-nos deste passo para aumentar o lucro das grandes empresas com PPP à nossa custa - à custa do nosso dinheiro, da qualidade da água que bebemos, da nossa saúde e da nossa liberdade em aceder ao que é de todos nós.
Temos que nos livrar destas pessoas que estão à frente desta Europa nada comunitária, vendida a interesses particulares, contra os seus próprios cidadãos.
(activar as legendas em português no canto inferior direito - vê e partilha)
Era bom que este assunto se clarificasse, porque o que nós pagamos, não é a água, que é de nós todos. As nascentes nas serras não têm proprietários privados, são de todos. O que pagamos é o serviço de distribuição das águas com tudo o que isso implica de estruturas de captação, purificação, etc.
O negócio das águas é hoje em dia um negócio de muitos milhões e está nas mãos de grandes coorporações multinacionais porque a água deixou de ser um bem comum, abundante e de fácil acesso. Já lhe chamam o 'ouro azul' e há quem diga que no futuro se travarão guerras pelo acesso e controlo da água, como agora acontece com o petróleo. Vivendi, Suez (ambas francesas) e Thames Water of England, propriedade da alemã RWE são as três maiores companhias controlam o abastecimento e serviços de água de dezenas de países e continuam em expansão. O Banco Mundial tem quase imposto aos países que ajuda a privatização das suas águas deixando milhões de pessoas sem acesso à água. O que é muito estranho.
Era bom saber-se, pelo menos cá em Portugal, quem é que controla o negócio da água, porque a privatização das águas é uma coisa muito perigosa, e de nenhum interesse para o bem público. Veja-se a história da F. Bechtel, uma das top ten companhias que lucram milhões com a privatização das águas. Na Bolívia tiveram uma intervenção criminosa, no Iraque a mesma coisa. Os membros da sua direcção eram conselheiros do Bush, tiveram o Rumsfeld como seu maior aliado.
Não percebo como é que a Querqus, que concerteza sabe disto tudo cem vezes melhor do que eu, defende assim, sem mais, a subida do preço da água, sem nenhum controlo.
Para quem quiser ler mais sobre a privatização da água a nível mundial vá a - www.globalpolicy.org/home.html
Um documentário premiado - For Love Of Water.
Um grupo de pessoas iniciou uma acção judicial contra a Nestlé por esgotar os recursos de água no Michigan, para vender às pessoas a água que já lhes pertence, comportando-se como dona de um bem natural que é de todos e não tem dono - por uma questão de lucro, claro. O documentário aborda essa questão a nível mundial - os casos da Índia e da África do Sul são emblemáticos mas só retratam o que se passa em todo o planeta. Meia dúzia de empresas apoderam-se da água, como se as montanhas e as nascentes lhes pertencessem e vendem-na a preços caríssimos, despojando populações inteiras de água potável ou até da própria água.
Sabia que a água do luso, ou melhor, a empresa que explora a nossa água da nascente do Luso pertence, a 100%, à Heinneken?
Se estiver de acordo assine a petição mundial para acrescentar um novo artigo à Declaração Universal dos Direitos Humanos - o direito à água → article31.org/
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