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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Uma palavra inventada pelo ecologista Liam Heneghan para traduzir um estado de espírito que combina a palavra grega allo que quer dizer 'outro' e katapliktiko que significa fascínio, admiração. Isto vem a propósito de podermos, segundo Rob Walker, entrar nesse estado de espírito de Allokataplixis em sítios onde vivemos ou passamos todos os dias de tal modo que já nem os notamos. Ele sugere vários modos de nos fascinarmos por sítios conhecidos: procurar ruínas fantasma, como ele lhes chama, não usar aplicações e perder-se nas direcções, ir comer a sítios que não vêm nos guias, ler as placas, etc.
Pois li este artigo e pus-me a pensar que se pode muito bem aplicar este exemplo à própria vida. Induzir um estado de 'Allokataplixis', não dos lugares mas da própria vida. Uma pessoa não se cansar da paisagem da sua vida e manter um fascínio renovado pelo que parece comum. Aqui vão apenas duas sugestões de algumas das estratégias de 'Allokataplixis' da vida que uso com frequência:
1. Esta uso para aprender a gostar e interessar-me por todos os alunos. Pô-los dentro de quadros, de pinturas. Uma rapariga pode ter o cabelo da Vénus do Botticelli, um rapaz pode ter o olhar daquela pintura, 'escapando ao criticismo' de Pere Borrell Del Caso. Arranjo maneira de os enfiar todos em pinturas e depois é fascinante ver as pinturas ganharem vida. Às vezes faço isso às pessoas que entram na camioneta ou no comboio: hummm, deixa ver este ou esta, se fossem pintados, quem os pintava e em que pintura ficavam :) As pessoas tornam-se interessantes.
2. Esta uso para perceber melhor as situações e para me descentrar. Uma situação qualquer do quotidiano, que até pode acontecer na sala de professores, no intervalo, imagino como seria se fizesse parte de um guião e fosse filmada pelo Kubrick, depois imagino-a filmada num filme de cowboys, depois num filme do Fassbinder, do Elia Kazan, depois a preto e branco, um filme mudo... é um exercício divertido e 'vemos' a situação de perspectivas diferentes. É fascinante.
A estratégia é: aproveita áreas de interesse que nos fascinem como a pintura ou o cinema e introduzi-las nas cenas do quotidiano.
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