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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Todos reconhecemos a educação e a saúde como os nossos maiores pilares sociais. Portanto, se existem milhões para feiras de vaidades tecnológicas, também tem que existir dinheiro para a progressão da carreira daqueles que educam os filhos do país e são os nossos futuros decisores económicos e sociais.
Cresci a ouvir algumas pessoas dizer, sobretudo através dos políticos, da televisão e do bitaite de café, que a vida de professor era boa. Hoje, com menos colagénio na pele, consigo claramente afirmar que a vida de todos os professores que conheço não é seguramente uma vida que eu invejasse ter.
Vejo esta vida de professor começar na incerteza da colocação nas escolas, passando pela possibilidade de andar décadas a fio com a vida às costas, bem como com a família. E o melhor é ponderar duas ou três vezes como ou se a vai mesmo querer construir...
A vida “boa” continua com os testes que têm que ser redigidos em horário pós-laboral, trabalho esse que é esticado também pela montanha de testes que terá de ser corrigida. E as aulas? Essas seguramente têm que ser preparadas semanalmente. De referir as inúmeras situações em que têm que gerir situações extremas de violência e educar quando a educação que vem de casa é parca, sendo que na realidade são contratados como “formadores”.
Bem sei que também acontece com outras tantas profissões, mas a pele de professor está sempre lá depois de “picar o ponto”. Estão sempre lá quando as luzes se apagam, disponíveis para pais e famílias, transformando-se muitas vezes em psicólogos de agregados familiares complexos. Será que toda esta vida pós-laboral se converte em horas extras?
Todos reconhecemos a educação e a saúde como os nossos maiores pilares sociais. Portanto, se existem milhões para feiras de vaidades tecnológicas, também tem que existir dinheiro para a progressão da carreira daqueles que educam os filhos do país e são os nossos futuros decisores económicos e sociais. Doutra forma, não pode existir dinheiro para tantos outros gastos não prioritários.
Os professores, bem como muitos outros profissionais, têm sido prejudicados em todas as frentes nos últimos anos, e não apenas pelas horas que agora têm que fazer a mais nas escolas em avaliações de tudo e mais alguma coisa. Devo dizer que é com alguma estranheza que vejo a casa cair em várias frentes para o actual Governo em época pré-legislativas. Será coincidência?
Saliento com agrado, e sem “partidarites” de opinião, a posição dos que se souberam manter fiéis ao que sempre defenderam em matéria de educação e voltaram a favor da reposição do tempo de serviço dos professores. E digo isto porque, de uma vez por todas, a política em Portugal tem que ser feita com coerência e não por puro oportunismo político. Não faz muito sentido que todos aqueles que estiveram no Governo nos últimos anos agora votem naquilo que nunca fizeram nem fariam se fossem Governo...
Os professores são super-heróis e merecem ser reconhecidos como super-heróis que são, devendo-se sacrificar sempre o acessório em prol do prioritário. E quem fala dos professores, fala também de todas as classes que têm saído à rua para reclamar os seus direitos.
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