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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Já fizeram isto, mais ou menos, no ensino médio, pois quase reduziram o ensino ao Português e Matemática, como se os outros saberes fossem despiciendos.
Com o início do ano académico, voltaram a fazer-se ouvir as vozes que, recorrentemente, defendem que a formação no Ensino Superior se deve centrar em áreas em que o país é deficitário.
Argumentam que é dispendiosa uma oferta de cursos alargada e que, em determinadas áreas, não se vislumbra uma utilidade para o país ou para os próprios formandos.
Trata-se de uma visão sovietizante do Ensino Superior. Faz lembrar os planos quinquenais de Estaline, em que tudo era programado com um rigor quase científico. Ora, esta planificação não deu bons resultados porque o suposto interesse da sociedade inelutavelmente se sobrepunha ao interesse pessoal, por mais legítimo que este fosse.
...
É estranho que sejam indivíduos pretensamente liberais a defender modelos socializantes para o Ensino Superior. Mas o paradoxo pode explicar-se pela serventia a interesses corporativos, que ademais só contribuem para o atraso do país.
Importa, pois, contrariar esta mentalidade que encara as pessoas como peças de uma máquina (que, ainda para mais, frequentemente trabalha mal), e não como cidadãos dotados de liberdade individual e direitos fundamentais, designadamente de acesso à educação.
António De Sousa Pereira, Reitor da Universidade do Porto
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