por beatriz j a, em 15.01.14
Isto, infelizmente, não me surpreende, pois há anos que ouvimos os grandes empresários (que recebem apoios chorudos do Estado) e governantes dizerem que o problema da crise e da pobreza deve-se aos pobres quererem viver à grande e à custa do Estado. No entanto, não me surpreendendo, confirma-me a gravidade da coesão social do país, neste momento, o que põe em perigo, senão a Democracia enquanto sistema, a vida efectivamente democrática.
Os portugueses com mais habilitações e mais dinheiro são também os menos solidários, revela um estudo sobre literacia social, a ser divulgado na quinta-feira e cujos dados são “preocupantes” no entender do autor.
“São resultados preocupantes, a própria comunidade científica e académica que acompanhou o estudo manifestou essa preocupação. Há uma correlação negativa entre pessoas com elevados rendimentos e a preocupação para com a solidariedade”, disse à Lusa o autor do trabalho, Lourenço Xavier de Carvalho.
O estudo, realizado com o apoio da União Europeia, da Universidade Católica e do Instituto Luso-Ilírio para o Desenvolvimento Humano, é apresentado numa conferência internacional sobre literacia social, na quinta-feira, no Palácio de Mafra.
Nele se conclui, nomeadamente, que “os que mais têm materialmente são os menos disponíveis, quer para ajudar os outros, quer para lutar por uma causa justa”, o que cria “um problema estrutural de democracia”, porque “os que mais instrução têm são os mais propensos a ocupar lugares de liderança”.