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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Tenho uma turma do 10º ano muito fraquinha que vai dar muito trabalho. Já está a dar porque tenho-os posto a fazer pequenos trabalhos todas as semanas para os obrigar a explicar ideias, desenvolver argumentos, justificar afirmações, analisar, etc., para ver se começam a desbloquear a linguagem e o pensamento. É que são mais as palavras que não conhecem que as que conhecem e não sabem fazer coisas elementares como comparar os elementos de uma analogia... emquanto não desenvolverem a linguagem não conseguirão trabalhar o pensamento que opera, justamente, com a linguagem...
Hoje disseram-me que eu tenho uma linguagem muito complexa e invulgar e que é difícil perceber... isto por causa de palavras como perdulário, incúria, abóbada (esta deu-lhes vontade de rir por causa de ter muito bês e dês), transcendente e outras coisas do género vulgares de lineu. O problema é que as turmas estão a abarrotar de alunos e corrigir um trabalho por semana, mesmo pequeno, dá um trabalhão porque é mais o que escrevo sobre o que fizeram mal e como o deviam ter feito que o que eles o escrevem. Não sei se vou conseguir manter este ritmo. Depois de seis tempos na escola não sobra muito tempo. Tenho a segunda para fazer essas coisas mas tenho outras turmas, tenho outras tarefas para fazer, pilhas de livros atrasados para ler...
As turmas grandes são o maior impedimento à qualidade do trabalho de um professor com os seus alunos.
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