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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Por mais de 400 anos, mais de 15 milhões de homens, mulheres e crianças foram vítimas do trágico comércio transatlântico de escravos, um dos capítulos mais sombrios da história da humanidade.
Mais de 700 milhões de mulheres em todo o mundo são vítimas de violência física, designadamente sexual, às mãos dos seus maridos ou companheiros, segundo um relatório do Banco Mundial, hoje divulgado. Uma violência conjugal generalizada é apenas uma das formas de privação. O Banco Mundial particularizou algumas, como a dificuldade em aceder à propriedade da terra, viajar sem autorização ou a "grosseira" sub-representação em posições formais de poder, [obrigadas a engravidar antes do 18 anos].
Sem querer retirar importância à tragédia da escravatura dos africanos de consequências dramáticas, só quero pôr as coisas em perspectiva: 400 anos de escravatura de africanos produziu meia dúzia de milhões de homens escravos - obrigados a trabalhar de borla, tratados com extrema violência, pertencentes a um senhor, com privação de direitos básicos, tratados como objectos, vendidos e dados como coisas, etc.
A escravatura das mulheres (obrigadas a trabalhar de borla, tratadas com extrema violência, pertencentes a um senhor, com privação de direitos básicos, tratadas como objectos, vendidas e dadas como coisas, etc.) produz 700 milhões de vítimas, só no momento actual.
Fala-se muito da escravatura dos africanos, fazem-se filmes, promovem-se estudos, etc. mas da violência e escravatura das mulheres, em plena expansão no século XXI, quase ninguém fala, no sentido de procurar soluções. O nazismo escravizou, em 6 anos, 11 milhões de pessoas. Tendo em conta a dimensão gigantesca dos números da escravatura das mulheres, só no momento actual (sem contar com o passado), estamos diante dum problema mais grave que o da SIDA, do ambiente ou de outro qualquer.
Só queria pôr as coisas em perspectiva. Acho que isto envergonha-nos enquanto seres humanos.
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