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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Entre os arguidos estão Armando Vara, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e antigo ministro socialista, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, João Perna, antigo motorista de Sócrates, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ex-administradores da PT, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.
Se vivêssemos no melhor dos mundos possíveis o inquérito tinha sido feito em três meses; por outro lado, se vivêssemos no melhor dos mundos possíveis nenhum político ia para os cargos para enriquecer fraudulentamente, não havia políticos corruptos nem corruptores. Todos queríamos o melhor dos mundos possíveis mas não é lá que vivemos.
Quem olha para os nomes dos arguidos supra-citados percebe que a escala dos crimes é um pequeno Himalaia. Um verdeiro, who's who da elite política e financeira do rectângulo [e só estão aqui os arguidos, não estão aqui referidos todos os que se aproveitaram destes para governarem - os amigos, os camaradas políticos que estão no governo actual ou hão-de estar no próximo e os outros por aí espalhados por empresas, administração pública, etc...]. O homem aproveitou os anos no poder para tecer uma rede de cúmplices em postos-chave da República. Deixou tantas metásteses espalhadas numa rede camuflada que agora é difícil desfazer. Esse é um dos grandes problemas de se ter no poder este tipo de gente: é que não é só o que eles fazem, é o lastro que lá deixam que são as pessoas que eles levam para lá e que ficam lá muito depois de eles saírem [como acontecerá tragicamente com o Trump nos EUA], todas de boca calada a ver se passam despercebidas, elas e as riquezas que acumularam.
Este é o grande perigo de deixar estas pessoas ficarem nos cargos e aumentarem o seu poder. É o lastro de decomposição que deixam para os outros gerir. E é claro que quanto mais alto sobem [porque este fenómenos também o vemos nos pequenos cargos só que não fazem tanto mal a tanta gente ao mesmo tempo de modo que são desprezados] e mais tempo lá ficam mais se refinam na arte de esconder, simular, perverter, corromper, etc.
Se queríamos que o inquérito fosse mais expedito? Pois queríamos. No entanto, preferimos que se descubra tudo o que há a descobrir, o que leva tempo, porque é preciso desfazer muitos nós apertados, descobrir muita carga deixada no fundo do mar para recolher mais tarde, ultrapassar muitas chaves-inglesas atiradas para a engrenagem.
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