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... nomeadamente no que respeita ao conceito de espécie? A mais famosa definição de espécie vem do biólogo alemão, Ernst Mayr, que enfatizou o conceito de cruzamento. Dois organismos são da mesma espécie se podem cruzar-se um com o outro e produzir descendência fértil. É por isso que um cavalo e um burro não são da mesma espécie. Cruzam-se mas não produzem descendência fértil. (f)

Se aplicássemos esta definição da biologia à política, que partidos rotulados diferentemente como, esquerda e direita, isto é, como pertencendo a espécies diferentes, seriam afinal da mesma espécie? 

 

Todos os partidos ditos de esquerda já tiveram membros que se cruzaram com a dita direita e produziram filhos para a política: do PCP, MRPP e outros partidos mais à esquerda já muitos migraram para o PS, para o PSD e até, nestas últimas eleições, muitos passaram o seu voto da esquerda para o Chega. A questão é que não há reciprocidade simétrica.

 

Quer dizer, do PSD já migraram elementos para o PS sem nenhum problema na produção de descendência fértil: esse é o maior cruzamento com descendência fértil na nossa política. É por isso que, se não nos avisassem de que partido são, seríamos incapazes de distinguir, pelas suas práticas, o Gaspar do Centeno, o Costa do PPC, etc.

 

À esquerda há muitos cruzamentos férteis: ente PCP, BE, PS e outros mais à esquerda há grande promiscuidade. À direita também há cruzamentos: entre o CDS e o PSD.

No entanto, do CDS ou de outros partidos mais à sua direita, que eu tenha conhecimento, ninguém se cruza com a esquerda, seja o PCP, o BE ou até mesmo o PS que é um partido com uma zona tão igual ao PSD que existe muito crossover, na sua meiose.

 

Por conseguinte, se pudéssemos aplicar esta definição da biologia à política, diríamos que à esquerda do CDS é tudo da mesma espécie... mais penas, menos penas, mais bico, menos bico, é tudo inter-cruzável com possibilidade de descendência fértil, como os ursos polares e os cinzentos que se pensava serem de espécies diferentes por teram dietas diferentes, tempos de hibernação diferentes, etc., mas que agora, com o degelo, têm-se cruzado e produzido descendência fértil.

 

A grande diferença que se vê entre a biologia e a política é que os cruzamentos desta última têm produzido decadência de ambas as espécies originárias, ao ponto de já não distinguirmos uma da outra, a não ser pela pelagem de cor diferente com que se vestem, o que é um atributo menor e sem nenhum peso ao nível dos princípios.

 

A questão é: vistas as coisas deste ponto de vista, até que ponto podemos confiar nos rótulos que os partidos se atribuem como medalhas de mérito e atribuem aos outros como ofensas?

 

publicado às 05:29


5 comentários

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De Manuela a 16.10.2019 às 16:58

Ou seja, até que ponto podemos confiar naquilo que os partidos apregoam ser as suas práticas?
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De Anónimo a 17.10.2019 às 16:04

até que ponto podemos confiar naquilo que quem quer que seja apregoa ser as suas práticas?
Os partidos são organizações humanas. Temos sempre de pensar criticamente independentemente do autor de qualquer declaração.
Fazer declarações que são verdades absolutas, só o Papa e, mesmo esse, só em certas condições.
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De Jonas a 17.10.2019 às 16:32

E não seria possível recrutar o Papa para o PS?
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De Manuela a 17.10.2019 às 17:48

Com a prosápia do nosso PM tudo é possível.....
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De Jonas a 17.10.2019 às 18:03

Concordo. Ouvi dizer, não tenho confirmação, que o Papa já é assessor de A. Costa (não oficialmente mas que lhe envia pareceres frequentes)

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