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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
... em seguida é preciso problematizá-lo para se poder encontrar uma estratégia de solução: desenhar-lhe o contexto, as fronteiras de demarcação, as características, as causas, as consequências e as ramificações. Depois procura-se uma solução ou, pelo menos, definem-se medidas de controlo do problema e de inibição das consequências.
Falhar em reconhecer um problema é deixar uma via para que ele se desenvolva ao sabor das circunstâncias e das pessoas que dominam essas circunstâncias e até que possa agravar-se a um ponto de não retorno. E isso é o que tem acontecido um pouco por toda a Europa na questão dos refugiados/imigrantes muçulmanos. Como não há uma estratégia para lidar com o problema cada um dispara à toa com as armas que tem à mão que tanto podem ser os preconceitos como os interesses políticos, comerciais, etc.
É evidente que estes refugiados ou migrantes, como se lhes queira chamar podem ser um problema nos países europeus se crescerem a números que ponham em causa a hegemonia cultural do país em questão pois trazem consigo uma matriz de organização social teocêntrica onde a religião impõe leis ao Estado. Ora, como nós muito bem sabemos (já tivémos esse padrão cultural aqui na Europa e muito nos custou vermo-nos livre dele), as religiões em geral não valorizam a universalidade dos direitos humanos [há uma hierarquia onde uns, os machos, têm mais direitos humanos que outros], não valorizam a liberdade, valorizam a obediência [daí que não valorizem democracias], não valorizam o saber, valorizam a fé, sendo que a religião muçulmana é particularmente retrógada e arrogante na sua visão medieval, dogmático-machista do mundo e da organização social. Portanto, o perigo de crescerem dentro de sociedades relativamente pequenas e tentarem impôr a sua visão teocêntrica é real e assusta as pessoas.
Este é o problema e é preciso pensar uma maneira de lidar com ele [mandar as pessoas de volta ou tratá-las mal não resolve nada e é um mau princípio) pois enquanto não o fizerem ele vai escalando e alastra-se [veja-se o à vontade com que o Erdogan inflama os muçulmanos contra os europeus), por um lado e, por outro, porque investe-se contra ele energias, talvez mal guiadas e excessivas, que podiam ser usadas para fins positivos. Veja-se o caso Brexit e o crescimento de partidos nacionalistas um pouco por todo o lado: quando as pessoas se percebem em perigo e sem proteção começam a armar-se para se defender do que antecipam vir aí.
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